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Menino ou menina? Meus filhos dirão

Um casal de Portland, EUA, escolheu criar seus filhos sem nenhuma distinção de gênero. Assim, espera que estereótipos não limitem seu desenvolvimento.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h49 - Publicado em 9 set 2012, 22h00

Arwyn Daemyir*

“Azul para meninos, rosa para meninas. Carrinhos pra eles, bonecas pra elas.” É assim que a maioria educa seus filhos. Lá em casa é diferente. A ideia da criação sem diferenciação de gênero é oferecer às crianças um arco-íris de opções e permitir que usem, vistam e brinquem com o que quiserem – não com o que “deveriam” querer.

O problema de educar dando ênfase nas divisões de gêneros é que não sabemos realmente qual o gênero de nossos filhos até que eles mesmos nos digam. Cerca de 1% das crianças são transgêneros ou não se encaixam nas classificações tradicionais de menino ou menina. Ser criado “como menina” é prejudicial e doloroso para meninas que se veem como meninos, e vice-versa.

A educação tradicional também limita o que as crianças podem fazer e se tornar. Isso vem das expectativas da sociedade sobre o que significa ser “menino” ou “menina”. Nos EUA, por exemplo, espera-se que meninas sejam atraentes, mas também estudiosas (embora ruins em ciências). Elas devem gostar de bonecas, de se vestir e de decorar a casa. Já garotos escutam desde cedo que são barulhentos e violentos, e que têm de ser poderosos e bem-sucedidos no futuro.

Nenhum desses estereótipos é completamente ruim nem falso: muitas garotas de fato gostam se arrumar, assim como muitos garotos adoram praticar esportes – e não há nada de errado com eles. No entanto, também existem meninas que gostam de esportes e meninos que gostam de se vestir – e não há nada de errado com eles.

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Como esse tipo de criação funciona na prática? Oferecendo escolhas. Tenho dois filhos, que no meu blog são chamados de Boychick [“Garotogarota”], de 5 anos, e Vulva Baby [“Bebê-Vagina”], que tem quase 1 ano. Boychick cresceu com uma variedade de roupas e brinquedos. Nunca cortamos seu cabelo, embora lhe déssemos essa opção. Por volta dos 3 anos e meio, começou a dizer que era um garoto. Suas cores favoritas são o rosa e o vermelho brilhante. Com seu cabelo longo e seus sapatos roxos, ele é muitas vezes chamado de menina na rua. Mas ele não está nada confuso sobre seu gênero: sabe que é um garoto, não importa a cor que vista nem seus brinquedos preferidos.

Já Vulva Baby ainda não tem senso de gênero. Pelo menos nenhum que ela ainda possa dizer. Como aconteceu com Boychick, achamos que é menina, mas não saberemos até que ela nos diga.

Eu e meu parceiro temos a sorte de viver em Portland, onde esse estilo de educação não é totalmente estranho. Mas é claro que me preocupo: à medida que meus filhos crescem, há mais oportunidades para que pessoas sejam rudes com eles. Se quiser, Boychick é livre para cortar o cabelo e usar roupas diferentes. Eu espero, contudo, que ele seja verdadeiro consigo mesmo diante da adversidade.

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Criar assim não é fazer lavagem cerebral nos filhos nem tentar eliminar os gêneros. É dar às crianças a chance de pensar sobre o que o gênero significa para elas. E apoiá-las a se tornar o que querem ser.

*Arwyn Daemyir é autora do blog Raising My Boychick.

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