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Mentiram para você: psicopatas lidam pior com dinheiro

Ao contrário do que diz o cinema, um estudo com os lobos de Wall Street da vida real mostra que eles ganham menos dinheiro que seus colegas não-psicopatas.

Por Ana Carolina Leonardi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 5 jun 2019, 19h47 - Publicado em 7 nov 2017, 19h30

Você já viu esse enredo antes: um rapaz focado, ambicioso e sem medo de pisar em calos alheios (e até nos amigos) para conseguir o que quer explode no mercado financeiro. O estereótipo do psicopata como grande empresário já recebeu até certo apoio da ciência, com estudos afirmando que CEO é a posição com o maior número de psicopatas entre as profissões.

Mas aqui vai uma dica: se for investir, não dê seu dinheiro a um psicopata. Um novo estudo da Universidade de Denver analisou os traços de personalidade de mais de 100 gerentes seniores e CEOs de grandes fundos de investimento (que trabalhavam com capital médio de US$ 4,5 bilhões — ou seja, grana para caramba).

O objetivo do estudo era, em primeiro lugar, avaliar as tendências narcisistas e psicopatas de cada um desses grandes chefes do mercado financeiro. Depois, verificar o histórico de performance financeira deles por dez anos, de 2005 a 2015. O intervalo grande foi proposital: assim, não daria para atribuir estatisticamente as flutuações às crises econômicas, por exemplo.

Outro fator avaliado foi a tendência dos participantes a abraçar riscos em seus investimentos — afinal, uma das grandes vantagens dos psicopatas seria o sangue-frio para aguentar riscos e conseguir um lucro maior lá na frente, como nas operações que vemos Bobby Axelrod, de Billions, orquestrando.

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Tríade do mal

Antes de mergulhar nos resultados do estudo, é interessante ver como os pesquisadores avaliaram a personalidade dos gerentes de investimento. Eles olharam para três traços diferentes, a chamada Tríade do Mal. São eles: maquiavelismo (manipulação alheia para conseguir objetivos), psicopatia (ausência de empatia e emoções rasas) e, por último, narcisismo (sentimento de superioridade).

Só que, em vez de entrevistar os caras, os autores classificaram centenas de vídeos e avaliaram comportamentos não-verbais previamente associados a cada um desses elementos. Impulsividade, agressividade, emoções erráticas, charme superficial e schadenfreude (prazer com as falhas alheias) contavam para o score da psicopatia. Falta de vergonha, comportamento calculista, apatia e postura expansiva elevavam a pontuação dos maquiavélicos. Por fim, superioridade, flerte e falar sobre si mesmo em momentos inapropriados era sinal de narcisismo.

Aí chegou a hora de cruzar as informações. Surpreendentemente, gerentes de fundo de investimento com tendências psicopatas não corriam mais riscos que o normal. Mas ganhavam menos dinheiro para seus clientes. Segundo o artigo, uma pessoa que investiu US$ 1 milhão em 2005 com um cara desses ganhou, depois de uma década, entre 15% e 30% a menos do que quem investiu com um gerente normal.

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Já quem tinha notas altas em narcisismo não perdia dinheiro, mas arriscava em excesso. Se você tivesse investido com esse tipo de gerente, não teria sentido impacto na carteira, e sim nos remédios da pressão: eles decidiam por estratégias muito mais arriscadas que, no fim das contas, rendiam a mesma grana que as abordagens mais conservadoras dos colegas.

Agora vem a parte difícil de responder: se os psicopatas são frios e calculistas, aguentam os riscos e conseguem o que querem, por que os gerentes mais psicopatas tiveram performances financeiras piores?

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Não há uma resposta definitiva, mas a melhor hipótese é de que Hollywood realmente te enganou. Ao contrário do que mostra O Lobo de Wall Street, os ambientes mais inovadores (de qualquer tipo de empresa, não só do mercado financeiro) tendem a ser os que promovem mais colaboração entre as pessoas e estimulam o pensamento divergente. Isso é uma coisa que um gerente levemente psicopata vai ter dificuldade de promover, com pouca empatia e um estilo excessivamente agressivo.

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