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Movendo montanhas

Projeto pioneiro leva o GPS ao topo dos montes mais altos do Brasil. O resultado é uma reviravolta no ranking dos picos - e uma coleção de imagens extraordinárias

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h53 - Publicado em 30 set 2005, 22h00

Texto Marcos Nogueira

RUMO AO TETO DO BRASIL

A expedição ao pico da Neblina foi a 3a do projeto Pontos Culminantes do Brasil, que verificou a altura dos 10 lugares mais elevados do país entre maio de 2004 e julho deste ano (até agora, só foram divulgadas as dimensões de 7 desses montes). O grupo de 45 pessoas, entre cartógrafos, pesquisadores e militares, partiu da base do Exército de Maturacá, na fronteira da Venezuela. A viagem durou 6 dias, entre o trecho fluvial (1), a trilha na floresta e a escalada propriamente dita. Os acampamentos eram feitos em clareiras abertas por garimpos já desativados – lá a caravana encontrou surpresas como o crânio de um macaco-prego (2). Os pés dos aventureiros, muito exigidos na caminhada na selva, recebiam uma camada de pomada (3) contra bolhas e rachaduras resultantes da umidade extrema. Apesar de reunir pessoas que não estavam habituadas ao montanhismo, o projeto não registrou nenhum acidente. “Ninguém sequer torceu o tornozelo”, diz o fotógrafo e jornalista João Correia Filho, que acompanhou as expedições e registrou estas imagens.

O PICO QUE ENCOLHEU

O aparelho de GPS (sigla em inglês para sistema de posicionamento global) mede a altura do cume do pico da Neblina, no Amazonas, o mais alto do país, enquanto a equipe contempla o nascer do sol. A montanha – que até a nova medição era a única do Brasil com mais de 3 mil metros – teve a altura rebaixada para 2 993,78 metros (veja o ranking na pág. 83).

COMEÇO RADICAL

As expedições à pedra da Mina e ao pico das Agulhas Negras serviram como uma espécie de treinamento para a subida ao pico da Neblina, que viria a seguir. O exercício, entretanto, acabou se revelando a parte mais penosa de todo o projeto. A escalada do Agulhas Negras exigiu a instalação de equipamentos de montanhismo (1), feita pelo pessoal do Instituto Militar de Engenharia um dia antes da passagem dos menos experientes, como os técnicos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A bagagem de cada um variava de 15 a 25 quilos. Outros obstáculos, como a chuva intensa, a neblina espessa (2) e o frio extremo – a temperatura mínima chegou a 6 graus negativos – fizeram das experiências na Mantiqueira e no maciço do Itatiaia as mais radicais de todas. No final, a tomada das medidas dapedra da Mina (3) aumentou sua altitude oficial em mais de 28 metros.

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MUDANÇA DE POSIÇÕES

A nova medição alçou a pedra da Mina (de onde a foto foi tirada) ao posto de 4a montanha mais alta do Brasil, invertendo posições com o pico das Agulhas Negras (ao fundo). As discrepâncias ocorriam porque as medições anteriores eram feitas com barômetro (que mede a pressão atmosférica) ou teodolito (que calcula a posição das estrelas) – aparelhos rudimentares em comparação ao GPS.

DE CAIR O QUEIXO

A paisagem estonteante do monte Roraima, na fronteira com a Guiana e a Venezuela, vista do helicóptero que levou o fotógrafo ao topo da 7a maior montanha brasileira. Trata-se de um platô rochoso com aproximadamente 40 km2 – dos quais somente 5% são em território nacional.

FALSA MOLEZA

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O deslocamento para o alto do monte Roraima não exigiu nenhuma escalada ou trilha longa: foi feito em caminhões do Exército (1) e helicópteros. Mas o trabalho dos cartógrafos não foi nenhuma moleza. Em primeiro lugar, era preciso determinar exatamente o que era território brasileiro – as fronteiras previamente estabelecidas se mostraram imprecisas pela medição do GPS. Depois, foi preciso percorrer uma extensão enorme do platô para achar o ponto mais alto de um terreno aparentemente plano. A topografia do cume do monte Roraima é mais acidentada do que parece para quem o vê de longe: são vários rios, lagos, rochas isoladas e fendas profundas. “De vez em quando, uma dessas rachaduras na pedra interrompia nosso caminho e tínhamos de dar um jeito de atravessá-las ou contorná-las”, diz João. Para piorar, o alto do monte fica constantemente sob neblina cerrada (2), dificultando a orientação visual dos membros da equipe.

Os mais altos (em metros)

Picos – 1º. Neblina Serra Imeri (AM)

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Antes – 3 014,1

Agora – 2 993,78

Picos – 2º. 31 de Março Serra Imeri (AM)

Antes – 2 992,4

Agora – 2 972,66

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Picos – 3º. Bandeira Serra do Caparaó (ES)

Antes – 2 889,8

Agora – 2 891,98

Picos – 4º. Pedra da Mina Serra da Mantiqueira (MG/SP)

Antes – 2 770,0

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Agora – 2 798,39

Picos – 5º. Agulhas Negras Serra do Itatiaia (RJ)

Antes – 2 787,0

Agora – 2 791,55

Picos – 6º. Cristal Serra do Caparaó (MG)

Antes – 2 780,0

Agora – 2 769,762

Picos – 7º. Monte Roraima Serra do Pacaraima (RR)

Antes – 2 739,3

Agora – 734,06

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