Mulheres Vilãs – Agora é que são elas
É verdade que há muito menos vilãs que vilões. Mas as mocinhas más que ficaram famosas também aprontaram com força. Como as de nossa galeria de personagens do sexo nada frágil
MARY TUDOR (1516-1558) Rainha da Inglaterra entre 1553 e 1558 (foto maior), era filha de Henrique 8º e Catarina de Aragão. Seu pai foi aquele que criou a Igreja Anglicana para poder se casar com Ana Bolena, já que a Igreja Católica não concedeu a anulação de seu casamento com Catarina. Mary não gostou nada disso. Manteve-se fiel ao catolicismo e à mãe e, quando foi coroada, perseguiu e matou ao menos 300 protestantes anglicanos – o que lhe valeu o apelido de “Bloody Mary” (“Maria Sangrenta”).
CATARINA DE MÉDICI (1519-1589)
Durante 40 anos, católicos e protestantes franceses (os huguenotes) viveram em pé de guerra. Até a noite de 23 de agosto de 1572, quando Catarina de Médici (foto menor) ordenou que matassem o líder dos huguenotes, traindo um acordo de paz – o episódio ficou conhecido como massacre da noite de São Bartolomeu. O ato da rainha da França desencadeou a fúria popular e resultou em 15 dias de conflito civil com 30 mil mortos.
ERZSÉBET BATHORY (1560-1614)
A condessa húngara que viveu no século 17 pode ter sido a maior serial killer mulher da história. Não lidava bem com a própria imagem, o que a fez torturar suas criadas, a maioria jovens e bonitas, e matar pelo menos 600 delas. Erzsébet curtia espetar alfinetes sob as unhas das meninas e fazêlas andar sem roupa no inverno. O ápice de loucura foi se banhar no sangue das moças, acreditando que ficaria mais jovem.
HUDA BEN AMER (1953-)
Ninguém diria que essa mulher de meia-idade, gordinha e com um sorriso simpático é chamada na Líbia de carrasca. Com o apoio de Kadafi, Huda se tornou uma das mulheres mais ricas e poderosas do país, e já foi duas vezes prefeita de Benghazi, hoje o epicentro da revolta pela democracia. Ele mandava enforcar os opositores e já declarou que em sua cidade ninguém era mais homem do que ela. Anda sempre com uma pistola, pra garantir.
O MITO DA BONDADE FEMININA
Mulheres são menos cruéis que homens? Ou só agem com menos violência física?
TÁTICA COR-DE-ROSA
Em uma pesquisa de 1995, a psicóloga Nicki Crick, da Universidade de Minnesota, mostrou que mulheres são tão propensas à maldade quanto homens. A diferença estaria na estratégia. Como a cultura condena posturas hostis nas mulheres, elas desenvolveram jeitos mais dissimulados de ser más, tipo fazer fofoca ou matar por envenenamento.
COISAS DE CASAL
Segundo estudo da Universidade de New Hampshire, em dois terços das brigas de casal em que há agressão física, a mulher é que sai machucada. Mas isso não significa que elas foram menos agressivas. É que, no auge da ira, elas costumam recorrer a unhadas e tapas, contra socos e estrangulamento dos machos.
QUE TENSÃO É ESSA?
No século 13, os médicos acreditavam que a mulher menstruada tinha poderes ocultos: não podia nem se aproximar de bebês, sob o risco de provocarlhes um surto mortal. Hoje a medicina sabe que manifestações mais severas de TPM podem levar a sintomas psicóticos. O argumento já foi parar até nos tribunais: na Inglaterra, nos anos 1980, Anne Reynolds, uma garota de 18 anos, teve redução de pena pois estava “naqueles dias” quando matou a mãe.
VAI ENCARAR?
Apelar menos para a violência também faz sentido do ponto de vista evolutivo: como as mulheres são fisicamente mais fracas, na média, não parece inteligente sair na porrada.
MORTÍFERA
Especialistas apontam alguns fatores que influenciam na conduta violenta feminina
TESTOSTERONA
A propensão ao uso de violência é mais acentuada nos machos de todas as espécies de mamíferos já estudadas, exceto as hienas (foto) – cientistas descobriram que as fêmeas da espécie têm mais testosterona que os machos. Mulheres com desequilíbrio dessa substância podem ser mais esquentadas.
DISTÚRBIOS DE PERNALIDADE
Entre a população considerada saudável, homens matam até 40 vezes mais que mulheres. Mas quando avaliados apenas grupos com transtornos mentais graves, a taxa é praticamente igual.
ABU INFANTIL
Meninas que testemunham ou são vítimas de violência correm mais risco de se tornar agressoras: 26,7% daquelas que viram brigas dos pais agrediam fisicamente o marido. O índice cai para 8,9% entre famílias não-violentas.
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
Mulheres agredidas pelos maridos podem sofrer da “síndrome da mulher agredida”, que leva a surtos de violência. Um caso famoso é o de Lorena Bobbit, dos EUA, que castrou o marido enquanto ele dormia e jogou o pênis em um terreno baldio. O tribunal reconheceu seu histórico como agredida e ela foi absolvida.
Fontes: Elizabeth Kandel Englander; Steven Pinker; Mulheres Invisíveis: Violência Conjugal e as Novas Políticas de Segurança, de Barbara Musumeci Soares.