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“Não atacar é o melhor ataque”

Sem disciplina, ondas de protestos morrem na praia, diz a expert em manifestações Erica Chenoweth. A chave da derrota: violência. "Você perde apoio; sem apoio, nada muda"

Por Da Redação
Atualizado em 31 out 2016, 18h49 - Publicado em 7 dez 2014, 22h00

Emiliano Urbim

Seu livro em defesa de protestos não-violentos é anterior à Primavera Árabe. Ele resistiu ao conflito?

Na Tunísia, onde há mais chance de democracia e estabilidade, a campanha foi não-violenta. Isso permitiu mobilização em massa. No Egito também havia apoio maciço, mas uma pequena corrente violenta, não determinante nos protestos, ajudou a criar a instabilidade política de hoje. E o livro já mostrava esse padrão: analisando tudo que pode ser chamado de protestos entre 1900 e 2006, descobri que movimentos não-violentos tiveram o dobro de sucesso dos violentos.

Movimentos como o Ocuppy nos EUA e as jornadas de junho no Brasil eram pacíficos. Não queriam revoluções, mas reformas. Por que não triunfaram?

Um problema dos movimentos em países democráticos é articular sua proposta de maneira clara: como fica o país se a campanha “vence”. Outro é diversificar a participação. Em vez de “temos um problema, nossa solução é a seguinte” a conversa ruma para “nós contra eles”, e essa polarização afasta grupos importantes, especialmente na elite. No Brasil, quando os Black Blocs usam violência – mesmo se provocados -, todos os envolvidos perdem apoio. E, sem apoio, nada muda.

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Esperava-se mais protestos no Brasil durante a Copa no Mundo. Ir para a rua é muito 2013?

Ir para a rua é só uma das centenas, senão milhares de maneiras de demonstrar revolta. E uma das mais perigosas. Mas há um número enorme de táticas: greve, deixar de cumprir ordens do governo, construir instituições paralelas de mídia, política ou educação. Isso é criar, ao invés de só focar em destruir. Na Ucrânia aconteceu o “vá devagar”: taxistas andavam em velocidade baixa, trancando as ruas. O governo não sabia o que fazer, já que atacar os motoristas pioraria o trânsito. E não fez nada. Mesmo em ambientes muito hostis, onde símbolos antigoverno são banidos, dá para fazer algo. Você pode cobrir uma praça com uma cor proibida. Ver a polícia correndo atrás de um vira-lata com uma bandana vermelha, por exemplo, expõe o ridículo da situação. Em cada local há uma tática.

E o tal ativismo de sofá, ficar xingando muito na internet, funciona?

Em alguns países, é até transgressor: protestar online pode ser contra a lei. O perigo é você achar que está participando da mudança quando na verdade está apenas conversando.

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Muitos dizem que as manifestações estão muito efêmeras, não duram o suficiente.

Concordo. Criticar é mais fácil do que construir alternativas. Para construir alternativas, você precisa de liderança e organização, capacidades que você só desenvolve com o tempo. Quanto menos tempo, menos chance de mudar as coisas.

As pessoas parecem ter ficado muito boas em marcar manifestações. Mas como engajá-las para discutir problemas e sugerir soluções?

Universidades e outras instituições são muito importantes nesse processo. É preciso haver lugares para discutir em que tipo de país querem viver, estabelecer princípios e valores, debater opiniões divergentes. É preciso pensar bastante antes de ir para a rua. Treinar os participantes para ter disciplina. Foi assim na independência da Índia e no movimento pelos direitos civis nos EUA: quando a polícia começava a bater, eles não reagiam. E funcionou!

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Erica Chenoweth, cientista política americana, publicou em 2011 o livro Why Civil Resistance Work – “Por que a resistência civil funciona”, sem edição brasileira.

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