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Navegando sobre o mar de lama

Vivemos mesmo num país de ladrões?

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h45 - Publicado em 30 abr 2001, 22h00

Adriano Silva

O Brasil atravessa um momento desolador. Em raros outros episódios da nossa história tivemos um espelho tão cruelmente colocado diante da nossa face. De um lado, uma economia que tinha tudo para engrenar de vez um ciclo de desenvolvimento como há muito não experimentamos. De outro, chagas irritantes, renitentes, incrustadas como cânceres em nosso tecido social: deputados que fraudam, senadores que adulteram, ministros que se locupletam, funcionários que entram para a administração pública como quem entra para uma quadrilha, empresários que subornam, juízes que desviam. Para não falar no presidente do meu time de futebol, que rouba, no taxista que tenta passar o freguês para trás, nos óculos que somem de dentro do seu carro quando você o deixa para lavar.

Vivemos mesmo num país de ladrões? Será que somos, de fato, uma nação de assaltantes, de cleptomaníacos, de delinqüentes? Resta algum espaço no Brasil para quem queira viver de modo honesto, achando sentido em coisas como ter a ficha limpa ou deitar a cabeça no travesseiro à noite e dormir o sono dos justos? Um dos motes da minha geração era olhar para trás e reclamar do Brasil jeca e autoritário que recebera de seus pais. Pois bem, o país está agora em nossas mãos. E confesso que sou tomado por um constrangimento absoluto quando olho para o Brasil que estamos preparando para deixar de herança aos nossos filhos.

Tristezas coletivas à parte, há muita satisfação brotando aqui no nosso quintal, o mundo Super. Primeiro, uma ótima notícia: a matéria “Derrame Negro”, que publicamos em março de 2000, acaba de ganhar medalha de bronze no Premio Malofiej, em Navarra, na Espanha. Trata-se do prêmio mais importante do mundo em infografia. Outra alegria é a reportagem de capa desta edição. Nela, o editor especial Jomar Morais descortina a crise vivida pela medicina convencional. A prescrição indiscriminada de medicamentos, a miopia reducionista dos médicos ao tratar as doenças, o número elevado de profissionais da área médica que se suicidam. Esses e outros fatores têm colocado em xeque o chamado modelo biomédico, um conjunto de premissas que tem definido a medicina no Ocidente. Como resultado dessa crise, explodem as terapias alternativas. Um sintoma claro de que as pessoas estão buscando novos caminhos para tratar a própria saúde. Dá para não ler? Então, boa leitura!

adriano.silva@abril.com.br

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