Barbara Axt
Talvez você não saiba, mas a Rolex não faz apenas relógios: desde 1976, a cada dois anos, a empresa seleciona dez projetos que se destacam por sua originalidade e impacto nas comunidades envolvidas. Idéias aparentemente simples, como sistemas de refrigeração para regiões áridas da África, estudos sobre copas de árvores da Costa Rica ou a criação de um centro de educação ambiental na Indonésia estão entre os premiados em edições passadas.
A seleção é feita por um júri internacional nas áreas de ciência e medicina, tecnologia e inovação, exploração e descoberta, meio ambiente e patrimônio cultural. São cinco prêmios principais e cinco associados. Na categoria principal, cada vencedor ganha 100 mil dólares (300 mil reais) e um cronômetro de ouro. Os associados recebem 35 mil dólares (105 mil reais), além de um cronômetro de ouro e aço. Neste ano, o brasileiro Laury Cullen Jr. foi premiado entre os associados por seu trabalho de recuperação da mata Atlântica no projeto Ipê. Os esforços do Ipê já haviam sido reconhecidos pelo Prêmio Super Ecologia, promovido pela Superinteressante em julho deste ano.
Do Ártico à Mongólia
Conheça os projetos vencedores na categoria principal
Autor – Lonnie Dupre (EUA)
Projeto – Cruzar o Ártico usando esquis e caiaques no verão para chamar a atenção sobre os efeitos do aquecimento global
Autor – Claudia Feh (Suíça)
Projeto – Garantir a sobrevivência dos cavalos przewalski, a última espécie verdadeiramente selvagem do mundo em seu hábitat, as estepes da Mongólia
Autor – David Lordkipanidze (Geórgia)
Projeto – Continuar na Geórgia as escavações no sítio arqueológico de Dmanisi, o mais antigo fora da África
Autor – Teresa Manera (Argentina)
Projeto – Preservar uma área de 3 quilômetros com pegadas de pássaros e mamíferos fossilizadas há 12 mil anos na costa da Patagônia
Autor – Kikuo Morimoto (Japão)
Projeto – Revitalizar áreas rurais do Camboja que tiveram a economia destruída pela guerra com o resgate de técnicas tradicionais de produção de seda
Brasileiro no pódio
O engenheiro florestal Laury Cullen Jr., de 38 anos, coordenador de pesquisas do Ipê (Instituto de Pesquisas Ecológicas), ganhou um dos prêmios associados deste ano com o projeto “Café com Floresta”.
Seu projeto visa preservar áreas remanescentes da mata Atlântica no Pontal do Paranapanema, em São Paulo, criando corredores ecológicos entre os fragmentos de mata e as plantações de café, principal atividade econômica das famílias assentadas na região. Ainda que não pareça, os objetivos se completam.
A proposta é ensinar os agricultores a plantar café intercalando cafeeiros e árvores nativas. Segundo Laury, elas protegem a plantação das geadas e adubam a terra, aumentando a produção. “Dessa forma, todos ganham, o que garante a continuidade do projeto independentemente da presença da ONG na região”, diz.
O pesquisador comemora o reconhecimento internacional. “Estamos mostrando que conservação com desenvolvimento é possível, criando um modelo que pode ser utilizado em outras regiões do Brasil e do mundo. Nosso projeto precisa de apoio constante, e esse prêmio veio lapidar o modelo, ajudando a coroar nossa conquista”, afirma.
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