Sim. No geral, o melhor é deixar o corpo cuidar sozinho do fechamento do talho. “Basta limpar bem o local com água ou soro fisiológico”, receita a cirurgiã plástica Lydia Massako Ferreira, da Universidade Federal de São Paulo. A idéia, muito difundida, de que substâncias que fazem a pele arder são boas para a cicatrização é errada. “Elas agridem quimicamente a ferida e só devem ser usadas se há risco de infecção”, aconselha Lydia.
Assim, um corte com lâmina ou um joelho ralado no cimento não precisam mais do que uma boa lavada. “A água oxigenada atrapalha a formação das fibras de colágeno que vão preencher o corte”, avisa a dermatologista Núbia Rossetti. Ferimentos feitos com objetos enferrujados pedem cuidado maior. Nesses casos, a água oxigenada e outros anti-sépticos ajudam, mas deve ser avaliada a necessidade também de uma vacina antitetânica. Todas essas substâncias devem ser usadas, com certeza, quando já existe infecção, pois matam os microrganismos.
Ladra atômica
A água oxigenada rouba elétrons da proteína que recupera a pele.
1. Quando cortamos a pele, as células chamadas fibroblastos começam a fabricar moléculas de colágeno, proteína resistente que vai preencher o buraco.
2. Em contato com o ar e com o ferimento, a água oxigenada produz radicais livres, ou seja, átomos que roubam elétrons alheios para se manter em equilíbrio.
3. Num ferimento, os radicais acabam roubando elétrons justamente dos átomos das moléculas do colágeno e, assim, atrapalham a cicatrização.