Emiliano Urbim
Você já deve ter ouvido falar que a pobreza no Brasil diminuiu, que nunca na história deste país se vendeu tanto carro, se usou tanta internet e se tomou tanto iogurte. Mas, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), ainda existem 43 milhões de brasileiros abaixo da linha da pobreza quem tem renda suficiente apenas para comprar comida e os que têm menos ainda.
O Nordeste, que tem um terço dos brasileiros, tem metade dos pobres e dois terços dos indigentes. O que não significa que o problema não seja sério em outras regiões (ver gráfico Festa Modesta, ao lado). Afinal de contas, como diz a música, miséria é miséria em qualquer canto.
Claro, dá para ver o copo meio cheio. Os dados também contam uma história feliz: se em 1983 praticamente 1 em cada 2 brasileiros se encaixava no critério de pobre, hoje é apenas 1 em cada 4, e a tendência é de queda, apesar da crise financeira mundial. Restam alguns desafios: na Amazônia, o progresso trouxe mais pobreza que riqueza, e o aumento de renda na cidade não é acompanhado pelo campo. É a velha história: o bolo está crescendo, falta dividir.
Festa modesta
Saiba como a pobreza se distribui nas regiões do Brasil
Miséria e progresso
Entre 1981 e 2007, Roraima aumentou seus pobres de 7% para 35% da população.
Região norte
Pará – 48%
Rondônia – 8%
Roraima – 3%
Tocantins – 8%
Acre – 5%
Amapá – 3%
Amazonas – 25%
Pobres – 5,5 milhões
Total – 15,1 milhões
Região centro-oeste
Mato Grosso do Sul – 15%
Mato Grosso – 20%
Distrito Federal – 23%
Goiás – 42%
Pobres – 1,8 milhão
Total – 13,8 milhões
Plano copiloto
Brasília tem ótimos índices sociais, mas as cidades-satélites que se formaram em volta da capital federal contribuem para baixar essa média.
Região centro-oeste
Mato Grosso do Sul – 15%
Mato Grosso – 20%
Distrito Federal – 23%
Goiás – 42%
Pobres – 1,8 milhão
Total – 13,8 milhões
Onde o sapato aperta
Em relativos e absolutos, o Nordeste concentra o maior número de pobres do Brasil.
Distribuição de renda no brasil
Classe B e A – 13%
Classe C – 51%
Classe D – 13%
Pobreza – 15%
Pobreza extrema – 8%
Pobreza pelas regiões
Norte – 13%
Nordeste – 53%
Sudeste – 22%
Sul – 8%
Centro-Oeste – 4%
Lar, amargo lar
No Maranhão, 40% dos domicílios estão abaixo da linha da pobreza em Santa Catarina, são só 5%. Pernambuco, com um quinto dos habitantes de São Paulo, tem o mesmo número de domicílios de pobreza extrema, cerca de 325 mil.
Região nordeste
Paraíba – 7%
Maranhão – 13%
Ceará – 17%
Bahia – 26%
Alagoas – 7%
Sergipe – 3%
Rio Grande do Norte – 5%
Piauí – 6%
Pernambuco – 16%
Pobres – 23 milhões
Total – 52,9 milhões
Caipira pirapora
30% da população rural do Sudeste está abaixo da linha da pobreza, contra apenas 12% da população urbana.
Região sudeste
São Paulo – 47%
Espírito Santo – 5%
Rio de Janeiro – 21%
Minas Gerais – 27%
Pobres – 9,6 milhões
Total – 80,2 milhões
Apesar da chuva
Santa Catarina perdeu 74% da fatia de seus pobres entre 1981 e 2007.
Região Sul
Santa Catarina – 13%
Paraná – 43%
Rio Grande do Sul – 44%
Pobres – 3,4 milhões
Total – 27,5 milhões