Onde vão parar os tiros para o alto?
Tudo que sobe tem que descer, já diria o ditado. Com projéteis não é diferente.
Cercado pela plebe rude, o herói (ou vilão, a depender do filme) saca a arma, dá um, dois tiros pra cima, todos se afastam. A cena é comum em Hollywood, onde só o que sai das armas é barulho. Mas e na vida real, em que uma bala de verdade é disparada?
“Um tiro que cai do céu pode matar”, diz a perita criminal Eliane Baruch, que já viu alguns casos em seus 14 anos de profissão. “Calculando o trajeto que o projétil percorreu no corpo de uma vítima, analisando sua posição na hora do impacto, a gente descobre que a morte veio de cima”, explica.
Muitos fatores podem influenciar (tipo de cano, de bala, condições atmosféricas), mas, para efeitos didáticos, um hipotético tiro de um revólver 38 a 90º seria disparado a 820 km/h, e alcançaria 742 metros de altura. Neste ponto, começaria a despencar em queda livre, atingindo a velocidade máxima de 278 km/h. É muita coisa: a 180 km/h, a bala já é capaz de perfurar o corpo humano. Uma bala do calibre 38 pesa 10 gramas — e tudo isso, entre ela subir e descer, demora apenas 25 segundos.
Fontes: Eliane Baruch, perita criminal da Polícia Científica de São Paulo; Romero Tavares, professor de física da Universidade Federal da Paraíba; Sérgio Morelhão, professor de física da Universidade de São Paulo.