Salvador Nogueira
1. Por que os heróis usam a cueca por cima da calça?
Essa talvez seja a maior dúvida de todas. Está claro que a maioria dos heróis nasceu inspirada pelo Superman. Mas por que diabos Joe Shuster desenhou o personagem com uma cueca vermelha por cima da calça azul? Bem, hoje parece incompreensível, mas na época a inspiração veio das únicas coisas minimamente parecidas com super-heróis lá nos anos 1930 – artistas de circo e lutadores. Nas competições de luta livre, o traje colante com a cueca por cima – para disfarçar o volume que só a roupa colada deixaria transparecer nas regiões baixas – era bem comum. E Superman surgiu de início, na mente de seus criadores, muito mais como um personagem capaz de feitos fora do comum do que como um alienígena.
2. Batman e Robin – um caso de amor?
É engraçado como o Robin trouxe má fama ao Homem-Morcego. Talvez a razão para toda a desconfiança seja a incompatibilidade de um vigilante sombrio com um rapazinho em trajes quase sumários. Mas, quando Bill Finger e Bob Kane pensaram num parceiro de luta contra o crime para Batman, a razão era de outra ordem. Ao escrever os roteiros, Finger começou a achar que um formato em que lemos sempre os pensamentos do personagem ia se desgastar rapidamente e sugeriu um parceiro para que Batman tivesse com quem conversar e desenvolver seus raciocínios. E aí ele e Kane decidiram fazer de Robin um jovem para que a molecada pudesse se identificar com o novo personagem. É um velho engano da indústria do entretenimento: achar que é preciso ter um menino na história para que os jovens leitores embarquem nela. Mas a moda pegou. Depois do Batman, todos os heróis começaram a ganhar parceiros jovens. Até mesmo o Superman começou a andar mais com Jimmy Olsen, o repórter novato do Planeta Diário. Mesmo assim, as desconfianças ficaram todas voltadas para o Homem-Morcego e seu Menino-Prodígio. Deve ser inveja da fortuna de Bruce…
3. Quem tem os heróis mais poderosos, Marvel ou DC?
Nos quadrinhos, já houve um enfrentamento, na série DC vs. Marvel. Foram 11 confrontos de personagens e o resultado das lutas foi decidido por votação entre os fãs.
DC – Aquaman
MARVEL – Namor
VENCEDOR – Aquaman
DC – Mulher-Gato
MARVEL – Elektra
VENCEDOR – Elektra
DC – Flash
MARVEL – Mercúrio
VENCEDOR – Flash
DC – Robin
MARVEL – Jubileu
VENCEDOR – Robin
DC – Lanterna Verde
MARVEL – Surfista Prateado
VENCEDOR – Surfista Prateado
DC – Capitão Marvel
MARVEL – Thor
VENCEDOR – Thor
DC – Batman
MARVEL – Capitão América
VENCEDOR – Batman
DC – Homem-Aranha
MARVEL – Superboy
VENCEDOR – Homem-Aranha
DC – Lobo
MARVEL – Wolverine
VENCEDOR – Wolverine
DC – Mulher-Maravilha
MARVEL – Tempestade
VENCEDOR – Tempestade
DC – Superman
MARVEL – Hulk
VENCEDOR – Superman
4. Por que diabos o Hulk fica verde?
Quando Stan Lee pensou no personagem, na verdade ele era cinza. Contudo, a impressão das primeiras histórias teve dificuldades para manter o mesmo tom em todos os quadros. Em alguns deles, ficou mais claro, noutros mais escuro, e em alguns saiu até esverdeado. Lee viu o resultado impresso e acabou gostando mais da versão verde, fazendo desta a cor oficial do Hulk. Entretanto, o recurso de mudar o tom da pele do personagem foi usado depois nas histórias. Bruce Banner chegou a se transformar por um tempo num Hulk cinza, e um dos grandes inimigos do verdão foi o Hulk Vermelho.
5. Super-heróis morrem mesmo?
Olha, morrer, até que morrem. Mas não ficam mortos muito tempo. Praticamente todos os grandes heróis já tiveram sua ¿aposentadoria forçada¿ retratada em algum momento de sua história. A mais famosa delas, sem dúvida, foi a morte do Superman, publicada em 1992. Para desespero dos fãs, durante três meses as revistas foram canceladas. Depois, voltaram, mas o Homem de Aço continuou mortinho por algumas edições, enquanto outros personagens eram introduzidos para supostamente substituí-lo. No fim das contas, Clark Kent volta dos mortos e tudo continua como antes. O fato de que nenhum herói morre de verdade gerou até a expressão ¿morte de história em quadrinhos¿, que equivale a ¿de mentirinha¿. No meio, dizem que só mesmo o tio Ben fica morto para sempre – dada a importância de sua morte para o Homem-Aranha.
6. Afinal, tem algum herói assumidamente gay?
Heróis gays já não são exatamente um tema novo. Em 1979, a Marvel introduziu um personagem chamado Northstar – um mutante que mais tarde se uniria aos X-Men e que tinha interesse zero em mulheres. Segundo seus criadores, ele foi pensado como gay desde o início, mas os editores só permitiram que ele saísse do armário em 1992. O personagem protagonizaria o primeiro casamento gay de heróis em junho de 2012. Na mesma época, a DC anunciou que mudaria a orientação sexual de um de seus principais personagens. Todo mundo pensou que o Batman finalmente fosse se assumir gay, mas a responsa acabou recaindo sobre o Lanterna Verde original, Alan Scott. Esse personagem não é o que aparece nos cinemas, mas sua versão da Era de Ouro dos Quadrinhos, lá da década de 1940.
7. Por que os heróis sempre têm identidade secreta?
Aqui temos a resposta fácil e a difícil. A mais simples é a que todo mundo conhece: super-heróis precisam proteger seus familiares e amigos. Se todos soubessem quem eles eram na ¿vida civil¿, os vilões poderiam atingi-los mirando as pessoas próximas. Pois bem, até que cola. Mas na verdade o conceito da identidade secreta ficou tão atrelado aos heróis porque ajuda a alimentar no leitor o sonho de ser um deles. Todo herói tem uma vida ¿normal¿, como a de seus leitores, o que ajuda a criar identificação com o personagem. Muitos fãs de quadrinhos gostariam de ser heróis, mas todos estão presos à sua ¿identidade secreta¿.
8. De onde vem o sucesso vertiginoso desses personagens?
Isso é mais ou menos como perguntar aos gregos antigos o que eles viam de tão legal naquele monte de histórias sobre Zeus, Apolo, Atena, Héracles, Prometeu, Jasão e Perseu. Certamente naquela época já existiam filósofos velhos e ranzinzas que achavam as histórias da mitologia todas meio bobas e excessivamente inverossímeis. O mesmo acontece hoje em dia com os super-heróis. Mas tanto os velhos mitos como os novos têm em si mesmos algumas verdades profundas sobre a psiquê humana e o desejo de acreditar em algo maior e mais poderoso – daí sua capacidade de fascinar geração após geração, sem envelhecer ou sair de moda. Provavelmente os super-heróis do século 20 – ao menos alguns deles – terão a mesma longevidade na cultura que suas contrapartes da antiguidade. Quanto tempo será preciso para que Superman seja esquecido?