Fantasiar sobre sexo é um recurso natural para alcançar o prazer, diz Kátia Horpaczky, psicóloga clínica e psicoterapeuta sexual, de família e casal. Segundo ela, fantasiar é imaginar, devanear, sonhar. “Sem a fantasia, não há desejo sexual”, afirma. Além de induzir à excitação ou ao orgasmo e aumentar o prazer da atividade sexual, a fantasia pode funcionar como substituto da experiência real – que, muitas vezes, é inacessível. As fantasias ajudam a quebrar a rotina e o desgaste do dia-a-dia. “Em muitos casos, o baixo desejo sexual pode ser decorrente de pouca ou de nenhuma fantasia sexual em nossas vidas”, diz Kátia. A fantasia sexual não deve ser confundida, no entanto, com perversão – ou “parafilia”, termo que os especialistas preferem usar para se referir aos transtornos sexuais antes descritos como “perversões”, como o exibicionismo e a pedofilia. A parafilia se caracteriza por impulsos sexuais intensos e recorrentes, por fantasias e/ou comportamentos não convencionais, capazes de causar sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo na vida familiar, ocupacional e social da pessoa, por seu caráter compulsivo. “Está configurada a parafilia quando há necessidade de se substituir a atividade sexual convencional por qualquer outro tipo de expressão sexual, sendo este substitutivo a preferida ou única maneira de a pessoa conseguir excitar-se”, diz Kátia. “Na parafilia, os meios se transformam em fins e de maneira repetitiva, configurando um padrão de conduta rígido que, na maioria das vezes, acaba por se transformar numa compulsão opressiva que impede outras alternativas sexuais.”