Quando o lixo é solução
No aterro Bandeirantes, em São Paulo, os detritos são usados para produzir energia elétrica
Texto Vitor Leal Pinheiro
Para onde vão as toneladas de lixo geradas todos os dias nas grandes metrópoles? Despejadas em lixões, elas geram mau cheiro, atraem animais e insetos transmissores de doenças e emitem metano, gás agravante do efeito estufa, cerca de 20 vezes mais potente que o CO2. Mas não precisa ser assim. Hoje, muitas cidades já usam esses resíduos para produzir eletricidade a partir do biogás, mistura de gases gerados pela decomposição de matérias orgânicas. Estocolmo, na Suécia, pretende que 35% do lixo da cidade seja reciclado ou transformado em biogás até 2010.
São Paulo também está investindo na ideia. O aterro Bandeirantes, no bairro de Perus, foi convertido em usina de eletricidade. O local foi higienizado e deixou de ser foco de proliferação de doenças – além de perder o mau cheiro. Além disso, a energia produzida no local regularizou o fornecimento para 2 mil famílias que vivem na região.
Além de ser capaz de abastecer 200 mil habitantes com energia elétrica, o aterro gera créditos de carbono por não emitir gases do efeito estufa na atmosfera, que são vendidos no mercado internacional de acordo com as regras do Protocolo de Quioto. Os leilões já realizados pela prefeitura (em conjunto com o aterro São João, outra iniciativa similar, localizado em São Mateus, zona leste de São Paulo) trouxeram mais de R$ 71 milhões, metade dos quais está sendo investida em melhorias na região, como reforma e construção de 13 praças e saneamento do ribeirão Perus. Isso, sim, é resolver dois problemas com uma tacada só.
EM NOVA YORK, A ELETRICIDADE CUSTA 60% MAIS QUE A MÉDIA AMERICANA, A TAXA MAIS ALTA DOS EUA.