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Sons de mastigação são menos irritantes quando vêm de animais, mostra estudo

Só o fato de acreditar que o som vem de um animal comendo, e não de um humano, já diminui o incômodo – o que mostra que há fatores sociais por trás da chamada misofonia.

Por Bruno Carbinatto
5 out 2020, 20h08

Para a maioria das pessoas, ouvir o som alto de alguém mastigando pode causar certo incômodo. Mas alguns têm uma aversão especialmente radical a esse e outros barulhos, ficando irritados, enojados ou mesmo em pânico ao ouvi-los. Essa condição é conhecida como misofonia, e só recentemente está sendo explorada a fundo por cientistas.

Um novo estudo revelou um detalhe interessante sobre o fenômeno: misofônicos (o neologismo para pessoas que tem misofonia) tendem a ficar menos afetados por esses sons (como o de mastigação) se eles vierem de animais ou outras fontes que não sejam humanas.

A equipe de pesquisadores da Universidade da Califórnia queria investigar as origens da misofonia: seria ela uma condição natural, uma resposta automática do nosso cérebro a sons irritantes, ou algo moldado por padrões sociais? Para responder essa pergunta, eles reuniram 20 pessoas autodeclaradas misofônicas, e mais um número similar de pessoas sem a condição, que serviram como grupo de controle.

Para os voluntários, a equipe tocou três tipos de sons: o primeiro era sons feitos por pessoas mastigando comida; o segundo, de cenas de animais comendo; e o terceiro ainda era de barulhos similares ao da mastigação, mas causado por outras fontes, como o de uma pessoa caminhando sobre cascalho.

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Todas as faixas foram ouvidas em três etapas pelos participantes. Na primeira fase, eles tinham acesso apenas ao áudio. Na segunda etapa, os voluntários ouviam novamente as mesmas fitas, mas dessa vez os pesquisadores contavam para eles o que estava por trás do som – um humano mastigando, um animal ou outra coisa. Algumas vezes, a equipe mentia para os voluntários (falavam que era um animal mastigando, mas o som era de um humano, por exemplo). Por fim, na última etapa, os participantes ouviam o som acompanhado do vídeo correto, sem mentiras ou enganações.

Em todas as etapas, cada ouvinte tinha que dar uma nota de 1 a 10 para o incômodo que sentiu para cada som. Aqueles do grupo com misofonia sentiram até três vezes mais incômodo ao ouvir o som de mastigação do que os do grupo de controle. Até aí, tudo normal e esperado. O que surpreendeu é que os sons de mastigação de animais pareciam incomodar menos – e quando a equipe tocava um som de mastigação humana, mas falava para os voluntários que o som era feito por um animal, eles tendiam a achá-lo até 36% menos irritante.

Isso indica que a misofonia não tem sua origem apenas no som em si, mas também em valores sociais, já que o mesmo som foi julgado de forma diferente ao ser atribuído a um humano ou a um animal. Segundo a equipe, o fenômeno pode derivar do fato de que a maioria das culturas humanas repreende o som alto da mastigação  – comer de “boca aberta” é considerado rude, como você deve saber.

Inconscientemente, então, nosso cérebro aceita mais que animais produzam o barulho, mas repreende que um humano quebre essa norma social, causando incômodo.

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