Luís Souza
Ela é tão comum quanto água de torneira, mas não deixa de ser uma jóia tecnológica. O primeiro modelo satisfatório de esferográfica foi desenvolvido em 1935 pelo húngaro Laszlo Biro. Pouco depois, ele fugiu da Segunda Guerra e foi morar em Buenos Aires, onde, em 1943, abriu sua fábrica de canetas. Mas a história delas só decolaria em 1950 quando o barão francês Marcel Bich fez um acordo com Biro para produzir as esferográficas na Europa. De lá pra cá o nome do barão (sem o “h”, claro) virou sinônimo de caneta. Só de Bic Cristal, são vendidas 14 milhões por dia. Mas o nome não pegou tanto assim. Em vários países elas ainda são chamadas de “Biro” mesmo. Justa homenagem.
Ponta
A bolinha tem 0,5 milímetros e é feita de tungstênio, um metal forte, difícil de deformar. Ela fica encaixada nessa ponteira de latão com uma folga pequena, para que possa girar. O sistema é igualzinho ao dos desodorantes roll-on: quando a esfera rola, puxa um filme de tinta para o papel
Tinta
É feita de três substâncias: resinas plásticas, para dar consistência, solventes e, claro, corantes. Os solventes deixam a tinta diluída dentro do tubo. Sua consistência fica pastosa: fina o suficiente para ser capturada pela bolinha. Mas muito grossa para escorrer pela parte de trás do tubo. No papel, ela seca rápido porque o solvente se desfaz em contato com a umidade do ar
Reservatório
Tem tinta suficiente para desenhar uma linha de 3 km. Na fábrica, o tubo passa por uma centrífuga que arranca o ar lá de dentro, liberando terreno para a carga
Furinho
Serve como entrada de ar, claro. Pra quê? Bom, se ela não existisse, o consumo da tinta formaria um vácuo na parte de trás do tubo. Isso puxaria a tinta como se fosse um ímã, e ela vazaria por trás
Tampinha
É desenhada para ficar presa em bolso de camisa, lógico. Mas resta um mistério: pra que serve aquele furinho na ponta? É que ele abre uma passagem de ar. Se alguém engolir a tampa, tem menos chance de asfixiar