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Verificar o celular é tão contagiante quanto bocejar, sugere estudo

De acordo com os pesquisadores, após alguém olhar o smartphone em um lugar público, metade das pessoas ao redor repetirá o ato dentro de 30 segundos.

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 10 Maio 2021, 18h19 - Publicado em 8 Maio 2021, 08h02

É só ler a palavra “bocejo” que você já começa a abrir a boca. Esse fenômeno é chamado de “efeito camaleão” – o ato inconsciente de imitar o comportamento de outras pessoas, adaptando-se a uma situação como o réptil que muda de cor. 

Um estudo publicado na revista científica Journal of Ethology mostrou que o fenômeno pode ir além do bocejo ou outros gestos corporais, como balançar os pés. Checar as notificações de seu celular já é suficiente para que metade das pessoas ao seu redor copie a ação.

Quem deu o pontapé inicial para investigar o contágio eletrônico foi Elisabetta Palagi, uma especialista em comportamento social da Universidade de Pisa, na Itália. Ela já investigava o efeito camaleão em humanos, focando em padrões de fala, expressões faciais, movimento das mãos e outros aspectos. Até que uma de suas alunas, Veronica Maglieri, que também está envolvida na pesquisa, atentou para o fato de que as pessoas, incluindo ela, tendiam a mexer no telefone quando viam outras fazendo o mesmo.

De maio a setembro de 2020, o grupo de cientistas assistiu a 820 situações diferentes. Eles analisaram no total, o comportamento de 88 mulheres e 96 homens, pessoas que podiam ser do convívio pessoal do pesquisador ou não. Nenhuma delas sabia que estava sendo observada. Os cenários também eram os mais diversos, iam do transporte público até parques e restaurantes. 

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Uma pessoa, geralmente algum dos pesquisadores, servia como “gatilho” para o público ao redor. O responsável teria duas funções: olhar para celular e mexer na tela, como quem checa as mensagens, ou apenas encostar no aparelho sem visualizar a tela, pressionando alguns botões para passar o tempo. Ambas as ações duravam cerca de cinco segundos. Depois, eles tinham 30 segundos para olhar ao redor e ver quantas pessoas haviam “seguido o mestre”. 

Quando a pessoa gatilho mexia e olhava para o celular, 50% do público ao redor reproduzia o comportamento no meio minuto seguinte. O número foi bem mais baixo quando o pesquisador não olhava para a tela: só 0,5% dos indivíduos repetiam a ação. O efeito era rápido e, ao que parece, automático e subconsciente. A equipe considerou fatores como sexo, idade e relação entre o observado e o observador, mas nenhum destes elementos apresentou influência significativa no estudo. 

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Houve apenas uma situação em que as pessoas resistiam à tentação de checar o celular: quando estavam comendo. Os pesquisadores acreditam que, durante a alimentação em espaços comunitários, as pessoas tendem a se envolver em outros mimetismos, reproduzindo, por exemplo, expressões faciais e posturas, e não o uso de objetos.

Para explicar o quanto o ato é involuntário, a bióloga Veronica Maglieri descreveu um dos episódio vividos à New Scientist: “Uma mulher que estava sentada à minha frente em uma sala de espera me viu checar meu telefone. Em segundos, ela pegou o celular, ligou para alguém e disse: ‘Ei, estou com vontade de ligar para você; Não sei por quê.'”

Muitos estudiosos acreditam que o efeito camaleão evoluiu como uma forma das pessoas se relacionarem por meio de suas ações. O exercício de pegar o celular vai contra essa ideia, já que o usuário tende a se isolar, interrompendo atividades da vida real. Mas a evolução não tinha como prever isso. No futuro, novos estudos devem investigar como o efeito afeta os usuários de smartphones, explorando se a falta do celular pode causar sensação de isolamento em nós. 

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