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Atualizado em 31 out 2016, 18h46 - Publicado em 1 dez 2000, 00h00

Adriano Silva

Por que você lê a Super? Boa parte do meu trabalho consiste em responder corretamente a essa questão. Bons jornalistas conseguem presumir o interesse de seus leitores. (Não me pergunte como, mas eles conseguem.)

Sou um aprendiz nessa arte rarefeita de adivinhar o que você quer ler. Aprendo com êxitos como a capa de outubro, “A libido feminina”, que vendeu 99 000 exemplares em banca, recorde histórico da Super. E aprendo muito também com as manifestações dos leitores. Tenho recebido, por exemplo, dezenas de mensagens repudiando as idéias de Peter Duesberg, um dos maiores e mais polêmicos virologistas do mundo, e expressando indignação com a tese anti vacina do biogenista Fernando Travi.

Quais os interesses presumidos daquela entrevista de “Superpapo” e daquele artigo em “Superpolêmica”? Óbvio: trata-se de duas visões heterodoxas, provocativas, que contestam frontalmente dogmas que amparam nossa visão sobre dois assuntos da maior importância – Aids e vacinação. Muitos leitores abriram fogo contra a Super imaginando que nós endossamos Duesberg e suas idéias pelo simples fato de entrevistá-lo. Ou que corroboramos a tese de Travi apenas por termos publicado seu artigo. Ambas as deduções são equívocos tremendos.

Se as teorias defendidas por Duesberg e Travi estão certas ou erradas, sinceramente, não sei. Ninguém aqui na Super, a começar por mim, está equipado para aprovar ou reprovar teses científicas: somos jornalistas, não somos pesquisadores. A função da Super, portanto, não é endossar uma corrente de pensamento e censurar outra. Nem tirar conclusões nem fazer pré-julgamentos sobre as várias linhas de estudo que se digladiam na Academia. O papel da Super é oferecer a você, leitor, da forma mais isenta possível, as várias visões e teses que há no mundo da ciência sobre os diversos assuntos que o compõem. Nossa missão é, ainda, tornar visíveis para você debates importantíssimos que muitas vezes, por uma série de razões, acabam sendo travados subterraneamente.

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É com esse espírito democrático, antidogmático e desassombrado que a Super estampa na capa desta edição, e apresenta em mais profundidade, essa candente discussão acerca da possibilidade de a Aids não ser causada pelo vírus HIV.

De um lado do ringue, o grupo de cientistas conhecido como “Os Rebeldes da Aids”. Do outro, boa parte da comunidade científica internacional. Bom programa.

adriano.silva@abril.com.br

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