Você é bairrista, diz a ciência – e topa ser desonesto por causa disso
Escolhemos favorecer quem é mais parecido conosco, mesmo que seja preciso driblar regras.
Seres humanos são tendenciosos – mostramos uma forte preferência por aquilo que vemos como “nosso”, do time de futebol até o lugar onde nascemos (certo, gaúchos?). A ciência confirma que expressamos nosso favoritismo mesmo com desconhecidos – e estamos dispostos a trapacear para que eles se deem bem.
Uma pesquisa recrutou 900 estudantes chineses de duas das melhores universidades do país, a Universidade Zhejiand e a Universidade de Shangai de Finanças e Economia. Eles participaram de dois experimentos.
No primeiro, os participantes foram divididos em grupos de três. Um deles recebia 50 yuans. Ele precisava dividir o dinheiro entre os outros dois. Um dos recipientes era da mesma universidade que o doador, o outro frequentava uma escola distinta.
O doador podia dividir o dinheiro de 6 formas diferentes. Eram sempre em dezenas: 10 para um, 40 para o outro, por exemplo. Assim, não era possível repassar o dinheiro igualmente.
Os participantes até tentaram ser justos – 80% deram 30 yuans para uma pessoa e 20 para outra, o mais próximo da metade que eles podiam chegar. Mas em praticamente todo o experimento quem ficou com a quantia maior foi o colega de universidade do voluntário.
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Não ficou convencido? Então vamos ao segundo experimento. Nessa fase, os doadores não podiam mais escolher a forma como iriam dividir a grana. Eles jogavam dados: 1 significava 10 yuans para o participante da mesma universidade, 2 queria dizer 20 e assim por diante. Se o resultado fosse 6, o dinheiro todo ia para a universidade oposta.
Só tinha um detalhe: apenas o doador via o dado e anotava o resultado antes de distribuir o dinheiro. Segundo os cientistas, 60% dos participantes tirou vantagem da situação, anotou o número errado e roubou a favor do completo desconhecido, só por fazer parte da mesma universidade. No balanço final, o resultado mais comum foi o repasse de 40 yuans para o coleguinha, deixando o outro participante só com dez.
A conclusão da pesquisa é que escolhemos favorecer nossos semelhantes mais próximos, mesmo quando temos pouca informação sobre eles. No fim das contas, fica mais fácil ser bairrista quando você pode dizer que foi tudo uma questão de sorte.