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Você é sua senha

Novos recursos de identificação eletrônica vão substituir o cartão magnético e aquelas longas seqüências de números que você decora. Em pouco tempo, isso será feito por técnicas como reconhecimento da voz e da íris.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h49 - Publicado em 31 jul 1999, 22h00

Ricardo Balbachevsky Setti

Haja memória para tanto número. Não bastasse ter de decorar o da carteira de identidade, do CIC e da conta corrente, ainda há senhas do computador no trabalho, de banco, cartão de crédito, Internet e caixa postal de celular. Parece que cada vez surgem mais. Mas o incômodo de ter que saber de cor esse monte de números está com os dias contados. Nos próximos meses deve chegar ao Brasil equipamentos que vão transformar você numa senha ambulante.

Logo, logo, você entrará num caixa eletrônico e, em vez de colocar um cartão e digitar números, vai só olhar para um visor. Em apenas 2 segundos, um scanner vai esquadrinhar o seu olho e confirmar a identidade. Para que não restem dúvidas, um computador vai lhe pedir para repetir uma sentença tirada aleatoriamente de um banco de dados. Basta repetir e pronto. A identificação está feita.

O que os olhos não vêem

Essas são as aplicações mais modernas de um conceito muito antigo – a biometria, isto é, as formas de medição de um ser vivo. Usada há pelo menos 1 500 anos na China, a impressão digital é a mais conhecida, justamente porque não existem dois seres humanos com a mesma. Mas altura, peso e até mesmo QI também são medidas biométricas.

A tecnologia, porém, está permitindo outras formas de identificação. A mais sofisticada e segura delas é a análise da íris. Os primeiros sistemas que faziam isso apenas tiravam uma foto do olho e comparavam com outra previamente armazenada. O problema era o tempo que se levava para comparar as imagens e o enorme espaço que cada foto ocupava no computador. O novo sistema transforma a íris em uma espécie de código de barras, que é comparado com outro armazenado.

Essa modalidade de biometria, no entanto, tem um inconveniente: a invasão de privacidade. Os olhos podem revelar muitas informações pessoais, algumas das quais às vezes nem o dono dos olhos tem a mínima idéia. O que os olhos não vêem a biometria pressente.

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Invasão de privacidade

O inconveniente da análise do olho é mostrar mais do que o dono gostaria de revelar.

Diz o ditado que os olhos são o espelho da alma. Ao pé da letra é um exagero, mas o fato é que eles revelam muito sobre o organismo de cada um. Doenças genéticas e uso de drogas podem ser facilmente detectadas numa análise da íris (veja o infográfico ao lado).

É por isso que esse tipo de identificação tem gerado polêmica. Se uma empresa quiser substituir o crachá por ela, seu computador pode ser programado para procurar indícios de infecções graves entre funcionários e demiti-los.

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“Quanto mais aprimoramos a tecnologia de identificação, mais facilitamos a de espionagem”, admitiu à SUPER John Daugman, especialista em reconhecimento de íris da Universidade de Cambridge, na Inglaterra. “As soluções para isso são leis que regulem o equipamento. Ele deve sair de fábrica com dispositivos que bloqueiem seu uso para invasão da privacidade alheia.”

Biometria usada em sua própria casa

Não pense que a biometria vai ser um privilégio de grandes empresas. Ela deverá se tornar tão comum em bancos quanto nas casas – onde pode substituir senhas de e-mail, sites da Internet e home banking. A análise de voz é a mais viável nesse caso, já que a maioria dos computadores domésticos dispõe do equipamento básico: um microfone e alto-falantes.

A análise da impressão digital é uma técnica ainda mais promissora. Um sensor faz uma imagem tridimensional do dedo, mapeando todos os sulcos e todas as saliências da pele. Essa é a forma mais bem-vista pelos bancos, como o Itaú e o Banco do Estado de São Paulo (Banespa), que já estão começando os testes desse tipo de leitura em caixas eletrônicos.

É possível que o uso doméstico cresça primeiro. A empresa americana Keyware Technologies já está vendendo teclados com um sensor para o polegar. A Nec também está oferecendo como opcional para os seus notebooks um sistema de reconhecimento de impressão digital.

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“Até agora, as tecnologias de reconhecimento biométrico eram muito fáceis de ser fraudadas ou muito caras e lentas”, disse à SUPER Clint Fuller, diretor de desenvolvimento da SAFLink, que fabrica equipamentos para análise de íris. “Só agora, por causa do alto desempenho dos computadores e dos preços de câmeras de vídeo e microfones, podemos dar eficiência a preços razoáveis.”

Mas nem tudo é perfeito. Nenhuma dessas técnicas é infalível, ainda. A mais segura, a análise de íris, tem uma probabilidade de cometer erro – não reconhecer o dono ou deixar alguém passar por outro – de 1 em 1 milhão. O reconhecimento de voz é o mais arriscado, podendo falhar uma vez em cada 3 000 identificações. No caso da impressão digital, a proporção é de 1 em 10 000. Tudo bem, parece insuficiente. Mas certamente essas técnicas estão menos sujeitas a erro do que a nossa memória na hora de lembrar de uma senha.

Um rosto na multidão

Um método para fazer até 100 retratos falados por segundo.

A tecnologia usada para fazer a identificação pela forma do rosto ainda é pouco confiável.

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De cada 1 000 análises, uma dá errado. Em compensação, ela é espantosamente rápida: reconhece até 100 rostos por segundo. Por isso, não está sendo desenvolvida para uso em caixas eletrônicos ou em crachás de entrada nas empresas. Em vez disso, ela vai ajudar a encontrar suspeitos no meio de uma multidão. Dessa forma, é possível pôr as características de um criminoso num banco de dados (veja o infográfico ao lado) e deixar que o computador o procure com uma câmera instalada na saída de um estádio de futebol.

Será um trabalho muito mais eficiente do que se fosse feito por um batalhão de policiais. Como o rosto de alguém pode variar muito com a idade e o peso, o computador analisa os traços que não se alteram, como sobrancelhas, contorno do nariz e forma da boca.

No fundo do olho

O computador divide a íris em quadrantes e a converte num código.

O tamanho da pupila é medido para saber se ela está dilatada, pois isso pode distorcer a análise da íris.

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O computador identifica as linhas gerais do olho para saber a posição certa e começar a análise.

A íris é dividida em trilhas e setores, formando quadrantes.

A foto da íris é colocada em alto-contraste para que a textura se transforme em manchas brancas e pretas.

As manchas são medidas uma a uma e colocadas em linha, formando uma barra de código, que é comparada com a que está armazenada.

Sinais visíveis

Veja o que a íris revela, além da identidade.

Um grupo de veias inchadas pode significar uso abusivo de drogas ou de álcool. Mesmo sem precisão, isso indica algum problema.

Algumas doenças genéticas, como hemofilia, podem ser identificadas por falhas na íris.

Pontos pretos próximos à pupila podem ser sinais de infecção pelo vírus da Aids.

Identidade em três dimensões

Novas tecnologias oferecem três formas de reconhecer a mão ou o dedo.

1. Um sensor envia uma corrente elétrica para o dedo. Nos sulcos, a corrente é devolvida com menor intensidade e, nas elevações, com a mesma força com que foi enviada. Com isso, o aparelho monta uma impressão digital tridimensional, que é comparada com a que está no banco de dados.

2. O dedo é colocado dentro de uma caixa e cercado por sensores de raios infravermelhos. Eles varrem o dedo e gravam as características principais, como sulcos e dobras. Essas informações são aplicadas em um modelo de dedo tridimensional e armazenadas para serem usadas na comparação.

3. A mão é colocada em cima de um aparelho que emite ondas de ultra-som. Sensores captam quando as ondas atravessam a mão e mudam de freqüência. Baseado nas mudanças dessas ondas o aparelho constrói uma mapa único e inimitável.

O dono da voz

A técnica identifica características que não mudam com uma gripe nem podem ser imitadas.

Primeira análise

Para analisar a voz, o computador usa dados como freqüência e tamanho das ondas sonoras (em verde no diagrama). A combinação desses elementos garante 80% de acerto no reconhecimento.

Teste final

Cruzando com a entonação, o timbre e o volume da voz, (representados pela curva vermelha), a análise completa 100% de eficiência.

Cadê o suspeito?

Usando traços simples e câmeras precisas, é possível reconhecer alguém numa multidão.

Os traços do rosto são transformados em desenhos e comparados com os dados previamente gravados.

Como o desenho é simples, ele pode ser rapidamente detectado pela câmera entre milhares de outros rostos filmados.

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