Você: uma história de 13,8 bilhões de anos
Editorial da segunda edição de novembro da SUPER
Alexandre Versignassi, redator-chefe
A história do Universo é a sua história. A sua mesmo. No começo de tudo, você estava espremido num espaço tão infinitesimal que faria as antenas de uma formiga parecerem grandes como uma galáxia. Você estava lá. Eu estava. Tudo o que existe, e que um dia vai existir, estava lá, enfiado num forrobodó claustrofóbico. Em coisa de um trilionésimo de segundo, a muvuca clareou. Tudo expandiu. Inclusive você. Foi há 13,8 bilhões de anos. Naquele tempo, você ainda era feito de energia pura. Depois as coisas ficaram mais sólidas. Seu corpo se condensou na forma de prótons. E você foi morar numa estrela. Provavelmente em mais de uma estrela, já que cada pedacinho de matéria que forma o seu corpo saiu de vários lugares do cosmos.
As estrelas não foram só a sua casa. Elas serviram como usinas, fundindo os seus prótons na forma de átomos complexos – carbono, cálcio, oxigênio… Agora cada pedaço de você era maior e mais forte. Cada átomo, uma metrópole frenética, lotada de quarks, glúons, fótons e elétrons. Bom, uma hora essas estrelas explodiram. E jogaram você aqui, nesta periferia profunda, 28 milhões de anos-luz distante do centro da Via Láctea.
Foi ótimo, aliás, porque isso te deu a chance de participar do evento mais pirotécnico que este cantinho do cosmos viu nos últimos 4,5 bilhões de anos: o dia da ignição do Sol, essa bomba nuclear a céu aberto que dali em diante iluminaria nossa vizinhança. Então seus átomos deram uma sossegada. Fincaram residência numa pedra espacial que estava se formando nas cercanias solares. Uma pedra que logo se tornaria abençoada pela vida, e bonita por natureza. Pronto. Agora você e todos os seus quarks, glúons, fótons e elétrons estão aqui, com esta revista na mão. E ela vai te contar essa história toda bem melhor do que eu.