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15 segundos de fama no YouTube

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h03 - Publicado em 2 dez 2010, 22h00

Alexandre Duarte

– Os 20 virais mais amados do YouTube

Um gordinho de óculos sentado na frente do computador olha fixamente para a câmera. De repente, começa a cantar. Cheio de caretas e trejeitos, dubla a música romena Dragostea din tei, cuja versão em português, Festa no Apê, conquistou o coração de todos de gosto duvidoso no Brasil em 2005. O vídeo tem pouco mais de um minuto, o som é abafado e a imagem é desfocada. Ainda assim, foi visto por mais de 700 milhões de pessoas desde que chegou à internet em 2004. Gary Brolsma, o gordinho simpático, virou uma das primeiras sensações virais do planeta: foi homenageado em um episódio de South Park e imitado pelo ator Elijah Wood – o Frodo, de Senhor dos Anéis. Ganhou fama e reconhecimento graças a um vídeo bobo, que tinha apenas um grande mérito: apelo suficiente para ser repassado rapidamente por milhões de pessoas. É um viral. Desde que foi lançado, há 5 anos, o YouTube já trouxe diversos desses vídeos-chiclete ao mundo. Às vezes, o vídeo fica tão famoso que seus protagonistas viram estrelas imediatas. E, às vezes, essas estrelas virais não querem saber de voltar pro anonimato.

Nascido em Nova Jersey, Gary não esperava fazer o sucesso que fez. “O vídeo era o tipo de coisa que eu fazia sempre”, diz Gary, conhecido no mundo internético como “Numa Numa”. Apesar de não ambicionar a fama, ele logo encarnou o personagem e postou diversas variantes do vídeo na internet. Ele também tentou produzir outros virais de sucesso, mais bem produzidos do que o primeiro, mas nenhum deles estourou. Depois, montou uma banda e apareceu em clipes. Até hoje, Gary leva a coisa toda como profissão – e uma maneira de ganhar uns trocados. Seu site comercializa músicas, ringtones e outros produtos, e ele até criou um concurso de imitação de seus hits, com prêmios que chegam a US$ 45 mil. Enquanto a onda durar, Numa Numa vai surfá-la.

Quem também não perdeu tempo (para não perder dinheiro) foram os pais de um menino que protagonizou um viral com mais de 50 milhões de views. David After Dentist mostra um garoto americano de 7 anos depois de uma visita ao dentista. A criança precisou passar por uma cirurgia e levou uma anestesia. Voltando para casa, Dave, o pai de David, decidiu filmar seu filho em plena viagem pós-sedativa. “Isso é a vida real?”, pergunta o menino dopado. Um hit imediato. Assim como Numa Numa, David ganhou um site, onde comercializa camisetas e adesivos com as frases que disse sedado, e onde é possível ler: “Transformamos nossos 15 minutos de fama em um negócio de família”. David e Dave viraram minicelebridades instantâ-neas: apareceram em programas de TV e entraram nas listas de vídeos históricos do YouTube. Dave, o pai, não diz quanto já lucrou com a brincadeira, mas US$ 7 mil já foram doados a instituições de caridade para a saúde bucal de crianças carentes.

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Aqui no Brasil também já tem gente faturando com a aparição espontânea no YouTube. Davis Reimberg é o rapaz que gravou o vídeo Mexeu com a Xuxa, Mexeu Comigo. Sua ideia nasceu de maneira natural: queria defender a Xuxa depois de um incidente envolvendo sua filha no twitter (aquele do “fui vcs não merecem falar comigo nem com meu anjo”). Davis gravou um depoimento em que defende sua rainha calorosamente. Foi o que bastou. “Fiquei bem espantado, em questão de minutos o vídeo triplicava de acessos”, diz. Hoje em dia, além de fazer participações no programa Pânico na TV, ele também segue uma carreira de stand-up comedy e já é reconhecido nas ruas. “Eu tinha uma vida comum, tinha meu emprego. Depois do vídeo tudo mudou, precisei faltar ao serviço para dar entrevistas na TV, no rádio, em site”, diz, feliz.

Virais no microscópio
“O grande ponto em comum nesses virais é que eles não esperavam se tornar uma celebridade da internet”, diz Tim Hwang, um dos criadores do ROFLcon, um congresso do MIT que discute os fenômenos virais da internet (sim, eles já viraram objeto de estudo). ROFLcon vem de Rolling on the floor laughing, uma expressão americana que indica algo engraçado o suficiente pra fazer alguém rolar pelo chão de tanto rir. O congresso reuniu algumas das grandes estrelas do YouTube em maio deste ano, como o próprio David depois do dentista e o dono do gato sorridente que em 2007 virou hit por aparecer tocando teclado num vídeo. Juntos, eles posaram para fotos, ouviram palestras e trocaram figurinhas sobre a vida pós-viral. Mas será que chegaram a alguma resposta para descobrir quais vídeos têm potencial para se tornar um sucesso mundial?

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“Os virais têm uma certa estética particular: má edição, mau som, câmera tremida. Mas ainda não há como dizer que isso faz um vídeo viral. Um bom viral é aquele que passa de pessoa para pessoa com maior intensidade”, explica meio obviamente Tim. Justamente por passarem de computador em computador tão rapidamente, emplacar um viral se tornou o sonho não só de candidatos a celebridade mas de agências de publicidade, interessadas em divulgação barata. Por isso mesmo, houve quem achasse que o viral No Meu Crossfox, no qual a cantora piauiense Stefhany aparece cantando e dirigindo um carro da Volkswagen, fosse uma ação de publicidade. Nada disso, garante a cantora. “Foi um fã que colocou meus vídeos na internet, que eu nem sabia que existia. E não fiz o clipe por causa da Volks, fiz por minha causa”, diz. Quem mais lucrou com o vídeo foi a própria Stefhany, que apareceu na TV, ganhou roupa e carro, e agora faz shows pelo Brasil. É difícil um vídeo publicitário, pensado para fazer sucesso, conseguir esse tipo de reconhecimento. “99% do que está na internet tem todos os elementos de um viral bem-sucedido, mas no fim não passa da vista de meia dúzia de pessoas”, diz Tim. E é aí que surge a única regra realmente boa para fazer sucesso na internet: não tentar fazer sucesso.

Foi o que aconteceu com Ghyslain Raza. O protagonista do campeão absoluto na história dos virais, com 900 milhões de views, realmente não queria que seu vídeo se transformasse num viral. Fosse só pela aparência, Ghyslain Raza não se distinguiria muito do cantor Numa Numa. Raza também é gordinho, usa óculos e aparece no vídeo fazendo papel de ridículo. Imita uma cena de Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma. Luta com um taco de golfe na mão, que finge ser um sabre de luz, faz cara de mau, quase escorrega e leva um tombo. Mas, ao contrário do cantor de Festa no Apê, este aqui sofreu quando se tornou celebridade.

Raza tinha 15 anos em 2002, quando foi filmado. O vídeo não passava de um trabalho de escola que ficou esquecido no equipamento de filmagem até abril de 2003. Foi quando um colega de classe achou a preciosidade e resolveu compartilhar as imagens. O vídeo viajou de e-mail em e-mail até cair nas garras de outro estudante, que decidiu lançá-lo num ambiente inexplorado: um website (ainda não havia YouTube). Raza tornou-se a mais famosa vítima de cyberbullying da história. Por causa das piadas, precisou sair da escola, teve depressão e terminou o ano frequentando um psiquiatra. Sua família processou as de outros 3 estudantes e, em 2006, cybervítima e cyberalgozes entraram em um acordo. Mas já era tarde, o nome de Star Wars Kid havia entrado para a história da internet. Hoje, Raza é formado em direito, tem 23 anos e um trauma virtual de que jamais vai se esquecer.

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Os_virais
São vídeos amadores e toscos, que fazem sucesso por acaso.

Rapidez&agilidade
Ainda assim, se espalham pela internet e acumulam dezenas de milhões de views.

À_glória
Agora criaram um novo tipo de estrelato: as celebridades virais, que tentam esticar sua fama para fora da internet.

Para saber mais
David Depois do Dentista
davidafterdentist.com

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Vídeos mais populares do YouTube
youtube.com/videos?s=mp

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