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24 segredos que descobrimos no set de Annabelle 2

Visitamos a filmagem de "Annabelle 2: A Criação do Mal" - e sobrevivemos para contar detalhes importantes que podem ter passado batido na telona.

Por Ana Carolina Leonardi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 23 out 2020, 17h51 - Publicado em 1 set 2017, 19h55

Você pode gostar ou não de filmes de terror e até não se assustar com facilidade – mas dificilmente não sente um incômodo esquisito ao olhar para o rosto de Annabelle, a boneca mais amaldiçoada do cinema. E essa sensação é resultado de esforços milimétricos para te apavorar. A SUPER visitou o set de filmagem elaboradíssimo de Annabelle 2: A Criação do Mal e batemos um papo com o diretor, as atrizes e a desenhista de produção do filme. Saímos de lá com alguns segredos sobre como foi criar a história de origem de Annabelle, detalhes importantes que podem ter passado batido na telona e curiosidades de dar arrepios.

24 segredos que descobrimos no set de Annabelle 2

1) A Annabelle real estava lá

Ou melhor, a sósia dela. A boneca do mal existiu de verdade, mas ela era bem menos especial que a dos filmes. Era apenas uma boneca de pano simples, tipo uma Emília gringa, que é chamada de Raggedy Ann nos EUA. O que não a torna menos assustadora: a Annabelle real fica trancafiada em um armário no museu dos demonólogos Ed e Lorraine Warren e é exorcizada periodicamente por um padre até hoje. No set de filmagem, uma cópia da boneca original ficava guardada no armazém de adereços (atrás da porta, aliás. Agradecemos o susto). O que disseram para a gente é que era só uma fonte de inspiração. Qual não foi a surpresa ao ver que ela faz uma pontinha extremamente importante no final do filme…

2) A casa dos Mullin precisou ser criada de verdade – duas vezes

Em Annabelle 2, um casal de meia idade, Esther e Anthony Mullins, aceita receber seis meninas órfãs para morar na sua casa. O orfanato católico em que elas viviam fechou e, sem serem adotadas por ninguém, elas vão morar de favor com os Mullins, acompanhadas por uma freira, a Irmã Charlotte.

A filmagem tinha dois desafios principais: a maior parte do script se passava dentro da casa, e o filme tem personagens para caramba. Então não podia ser qualquer casa. Filmar em um edifício de verdade estava fora de cogitação. A solução foi, então, recriar o interior de uma casa gótica inteirinho em um galpão, até as dimensões estarem certinhas. Depois, a casa precisou ser desmontada, “dobrada” e reconstruída dentro dos estúdios da Warner. Essa dimensão toda acabou reproduzida em uma casa de dois andares – em que os “andares” eram de mentira.

3) Uma casa muito engraçada

Essa foi a parte mais legal da visita, descobrir que tanto o primeiro andar quanto o segundo eram térreos. Ou seja: o segundo andar ficou construído ao lado do primeiro. Mas mesmo lá, a ilusão era perfeita: o andar de baixo contava com uma escadaria inteira que terminava… em um hall vazio. Já o andar de cima tinha a mesma escada, reproduzida milimetricamente, só que terminando em um buraco. Era tão perfeito que dava tranquilamente para pegar a escada e esquecer que não existia nada lá embaixo.

24 segredos que descobrimos no set de Annabelle 2

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4) A protagonista

Por que estamos falando tanto da casa? Por que ela é um dos personagens principais. De acordo com o diretor David Sandberg, “A locação informa a ação”. Cenas importantíssimas do roteiro só apareceram porque a construção da casa tinha espaços especiais para os sustos. E o ambiente da casa guarda vários segredinhos sobre a história. A responsável por criar essa “protagonista” foi Jennifer Spence, a desenhista de produção do filme.

O ambiente de fazenda gótica que Spence criou foi resultado de uma baita pesquisa histórica. “É um filme de época dos anos 50, mas a casa precisa parecer muito mais antiga. Ela está na família há anos, e está mal cuidada, como um reflexo da vida do casal que mora lá”. Para dar uma acabada na casa, valeu de tudo: envelhecer artificialmente as cortinas, simular pintura descascando e criar teias de aranha com fio de nylon embaixo da escada.

5) Easter eggs nos degraus

Falando em escada, ela também a parte da casa favorita de Jennifer. Cheia de detalhes, ela esconde pistas sobre os Mullins: há símbolos de abelhas escondidos por toda a madeira do corrimão, como uma referência silenciosa ao passado dos Mullins, que as órfãs, a princípio, não ficam sabendo: o casal tinha uma filha, que morreu num acidente horrível, cujo apelido era Bee (abelha, em inglês).

E Jennifer também acrescentou referências silenciosas a si mesma. Na mesa de chá que um dia pertenceu a Bee Mullins, ela colocou o cachorrinho de pelúcia que ganhou da mãe com 7 anos. O animal não passa tão despercebido: em certo momento do filme, o pobre cachorrinho ganha uma companhia bem medonha para o chá…

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(Warner Bros./Reprodução)
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6) Annabelle 2 tem sua própria Samara

A menina que interpreta Bee tem apenas 8 anos e se chama Samara… Igualzinho à menina d’O Chamado (2002). O diretor David Sandberg perguntou se ela sabia disso. “Claro, eu amo O Chamado!”. Mas ela não fica assustada com filmes assim? “Medo? Me dá licença, eu já tenho 8 anos!” foi a resposta que ele ouviu.

7) A escolhida do demônio

O filme faz parte do mesmo universo de Invocação do Mal (2013), Annabelle (2014) e Invocação do Mal 2 (2016). Eles estão todos interligados, mas Annabelle 2 acontece, cronologicamente, antes de todos os outros. E ele segue uma das principais regras de narrativa dos seus filmes-irmãos: a atividade demoníaca tende a se prender a um indivíduo em particular.

Uma das órfãs, Janice, tem um problema na perna, resquício da epidemia de poliomielite da época, e por isso acaba se isolando das outras meninas. O alvo perfeito para um filme de terror, não?

8) Igual, só que diferente

Annabelle aparece em dois outros dos filmes do universo – mas não é a mesma dos filmes anteriores. A boneca demoníaca só apareceu rapidinho no primeiro Invocação do Mal, mas a partir daí todo mundo teve que seguir mais ou menos o mesmo look. Já o primeiro Annabelle precisou de 3 bonecas diferentes. No filme mais recente, foram 2 bonecas principais: a Annabelle “bonitinha” (bem entre aspas) e a sua versão demoníaca – e mais uma série de reservas, e as bonecas de teste.

Bônus: uma das bonecas teste estragou e foi parar no ateliê da figurinista. O problema que ela tinha? Um dos olhos ficou torto e Annabelle ficava constantemente vesga (e engraçadíssima em vez de assustadora).

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9) Calcinha especial

Além de criar roupas de época para todos os personagens, a figurinista Leah Butler criou roupas de baixo antigas, as típicas ceroulas de vovó, para cada uma das mulheres do filme. Elas não aparecem em nenhuma cena – a artista resolveu criá-las só para garantir que, qualquer pontinha que aparecesse sem querer, não estragasse a vibe de filme de época com calcinhas modernas.

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(Warner Bros./Reprodução)

10) Lembrete na parede

Na história, o Sr. Mullins, antes de “largar tudo”, fazia bonecas (por isso, a continuação do nome de Annabelle 2, que é uma “prequência”, ao invés de sequência, é A Criação do Mal). Quando ele criou a boneca demoníaca, ela era mais ajeitadinha (continuava meio bizarra) e foi um presente para sua filha Bee. A Sra. Mullins era costureira e fazia as roupas das bonecas – além de criar as roupas da filha Bee. Isso não fica claro no filme, mas o quarto em que Janice e sua amiga Linda dormem costumava ser o quarto de costura da Sra. Mullins. Preso na parede, há um papel com um lembrete “Vestido de Natal da Bee”. Na história, o bilhete está lá há 12 anos – para reforçar a ideia de que a casa “congelou” quando Bee morreu.

11) As cores das cenas contam a história

A maior parte da casa tem um tom esverdeado, marca registrada de James Wan, produtor do filme . Enquanto está tudo meio verde, é sinal de que há uma “infecção demoníaca” na casa, mas em um estado incubado. Depois, a luz se inverte: nas cenas em que a atividade maligna explode, as cenas ficam visivelmente mais avermelhadas.

Essa evolução maligna também foi pensado por Spence: o estado deteriorado da casa reflete a atividade demoníaca. A maior parte da casa é levemente mal cuidada, apenas esquecida. Já o quarto em que Esther Mullins se trancou desde a morte da filha é bem mais destruído. E basta ver o filme para entender o porquê.

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crucifixo
(Warner Bros/Reprodução)

12) O diretor era Youtuber

Quer dizer, mais ou menos. David Sandberg ficou famoso fazendo curtas de terror por hobby (e postando seus making of’s) no Youtube. Um deles viralizou e acabou se tornando o longa Quando as Luzes se Apagam (2016).

David falou para a SUPER que, para ele, um filme de terror é só uma perspectiva diferente de contar uma história real. “O Iluminado, por exemplo, poderia ser só a vida de um menino que convive com um pai alcoólatra. Aos olhos do filho pequeno, quando o pai bebe, ele é ‘possuído por algo maligno’. O terror mostra esse olhar mais subjetivo… E isso traz possibilidades mais divertidas que outros gêneros”.

13) Fantoches assassinos

Em uma das primeiras cenas demoníacas, um teatro de fantoches começa, de repente, a se mexer sozinho. Mas ela tem um significado além de simplesmente mostrar que tem algo paranormal rolando.

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Os fantoches são os personagens clássicos Punch and Judy. Esse teatrinho nasceu no século 16, na Itália e hoje faz parte do folclore da Inglaterra. Mas a história é considerada extremamente violenta e inapropriada. Punch deixa seu filho bebê cair no chão ou, em certas interpretações, em um processador de salsicha (!). Um a um, todos os personagens acabam sendo mortos por Punch, incluindo sua esposa Judy, com pauladas na cabeça.

14) Chão falante

O taco de madeira que cobre o chão da casa foi mal instalado de propósito. Em vez de colado, ele foi só encaixado, para as tábuas rangerem no meio das cenas. Só que o barulho esganiçado acontecia em lugares aleatórios: nem os atores conseguiam prever quando iam pisar em uma tábua barulhenta.

15) Você já viu esse demônio antes

A mulher que interpreta a versão demoníaca dos personagens é a mesma dublê do demônio de Quando as Luzes se Apagam. A atriz Alicia Vela-Bailey é uma dublê prolífica: participou de Defensores, como dublê Sigourney Weaver, de Mulher Maravilha, como dublê de Gal Gadot, de Shailene Woodley em Divergente, de Jennifer Lawrence em X-Men: Primeira Classe e de Mila Jovovich em Ultravioleta.

16) Indiretas do Mal

O filme traz uma conexão discreta com Invocação do Mal 2. No filme anterior, em uma das cenas mais marcantes, vemos uma parede cheia de crucifixos, que começam a girar sozinhos. Já em Annabelle 2, no quarto dos Mullins, janelas estão todas cobertas, mas as persianas tem recortes em forma de cruz, por onde a luz entra – ou seja, é parede de cruzes de novo, só que invertida.

arminha
(Warner Bros./Reprodução)

17) Sustos do mundo dos sonhos

Uma arminha de brinquedo que lança bolinhas de ping-pong, usada pelas crianças em uma cena para “sondar” monstros no escuro, não estava no roteiro original. A ideia surgiu em um sonho de David Sandberg e foi acrescentada depois.

18) Assento histórico

A cadeira de rodas que Janice tem mecanismos idênticos a de cadeiras que eram usadas nos anos 50. Além disso, o assento dela em si é uma réplica da cadeira de  Edgar Rice Burroughs, o escritor que inventou o Tarzan.

cadeira
(Warner Bros./Reprodução)

19) Sustos do passado

A maior parte das atrizes do filme citaram O Iluminado e Sexto Sentido como seus filmes de terror favoritos.

20) Latidos na noite

A atriz Lulu Wilson, que interpreta Linda no filme, mora em uma casa assombrada da vida real. Ela contou que, no lugar onde mora com a família, de madrugada, seus pais começaram a escutar latidos estranhos – e depois descobriram que o cão dos antigos donos teria afogado na piscina da propriedade.

21) Pavor seletivo

A protagonista Talitha Bateman, que interpreta Janice, não dormiu por uma semana depois de assistir O Exorcista. Mas não tem medo da boneca.

cadeirabalanco
(Warner Bros./Reprodução)

22) Fantasmas no set

Segundo os funcionários dos estúdios da Warner, os galpões 4 e 26 são mal assombrados. O fantasma do 4º estúdio, porém, é benevolente: só gosta de pregar peças, piscar luzes e deixar as pessoas trancadas para fora. O único registro de um fantasma malevolente aconteceu em um galpão no extremo leste da Warner: era o espírito de uma mulher que gostava de empurrar pessoas da escada, de acordo com os rumores entre os seguranças do lote.

23) Filmagem abençoada

A atriz mexicana Stephanie Sigman – que você pode conhecer como a amante de Pablo Escobar em Narcos – interpreta a freira que toma conta das orfãs na casa dos Mullins, a figura materna da história toda.

Curiosamente, ela não é católica – então nem sabia exatamente como era a vida de uma freira antes de receber o papel. Mesmo assim, sua família é muito religiosa. Sua avó detestou saber que ela tinha aceitado um papel em um filme de terror. Segundo a velhinha, o filme é “del diablo!”. Ela também acredita em coisas sobrenaturais e se assusta muito fácil. Garante que muitos dos sustos que ela tomou no filme foram reais – e ela chegou a chamar um padre para benzer o set.

24) O próximo capítulo

O Annabelle 3 já está nos planos, e as raízes do roteiro já foram definidas. Ainda vai ser um filme de época, mas vai ser o mais moderno deles, dentro da linha do tempo que os quatro filmes criaram. Para organizar todos os detalhes de cada narrativa, aliás, os produtores e o diretor tem uma lousa gigante com cada um dos filmes que compõem o Universo Invocação do Mal, para ficar mais fácil evitar os erros de continuidade.

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