Francisco Quinteiro Pires
Confira a versão interativa do trailer no site oficial do filme.
Qual é a doença descrita no filme? Ela existe na vida real?
O MEV-1, vírus retratado pelo filme, causa febre e tosse, mas o sintoma mais grave é uma infecção no cérebro. Esse micróbio se baseia no vírus nipah, que existe e é compartilhado por morcegos, porcos e seres humanos – assim como no filme. Ele causa encefalite, pode ser transmitido do animal para o ser humano e entre os próprios humanos. A principal diferença é que o verdadeiro nipah não tem a facilidade de transmissão entre as pessoas igual à do MEV-1.
É possível que um vírus como esse sofra mutações e aumente sua transmissão?
Os vírus estão em constante mudança e ninguém pode prever com exatidão como eles sofrem mutações. Às vezes, os vírus mudam para se adaptar a um novo hospedeiro. Às vezes, os vírus adquirem genes de outros vírus ou do hospedeiro. Não podemos mesmo saber se o vírus nipah vai ficar mais contagioso, mas também não há razão forte o suficiente para dizer que ele não vai se tornar mais perigoso.
Por que as grandes epidemias – tanto da vida real quanto dos filmes – costumam ter origem no sudeste da Ásia?
Hong Kong se torna provável para a propagação de vírus por causa da abundância de animais nos mercados de rua, da densidade populacional e do fato de ser uma cidade cosmopolita. O mesmo acontece em outras partes do sul da Ásia. A Sars, por exemplo, se desenvolveu na China e se disseminou mundialmente a partir de Hong Kong. Os vírus da gripe se espalham dessa parte do mundo a cada ano, embora o H1N1 tenha aparecido no continente americano, em 2009.
No filme, a vacina é descoberta em cerca de 6 meses. É um tempo razoável?
O desenvolvimento de uma nova vacina é muito difícil. Os testes exigem anos e anos para ser aprovados. A produção de quantidades suficientes para abastecer a população mundial também leva bastante tempo. O filme teve de reduzir o período necessário para cada uma dessas etapas.
Qual é o papel da internet no combate de uma epidemia?
Como toda ferramenta poderosa, a internet é uma faca de dois gumes. Ela é eficiente para o bem e para o mal. No meu trabalho, tentamos filtrar o livre fluxo de dados da internet para transmitir informações científicas precisas e transparentes sobre as epidemias. Ele se baseia em informações coletadas por colaboradores, médicos, epidemiologistas e fontes oficiais. A desinformação irresponsável pode circular rapidamente e ser muito danosa.
Quando há uma epidemia, o certo é avisar a população de todos os avanços da doença ou resguardar informações para evitar o pânico?
As pessoas devem ser informadas sobre a verdade de uma maneira objetiva e tranquila. Esconder informações do público só causará a descrença geral. Na maioria das vezes, a verdade vem à tona.