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A história do Hip Hop: Laranja, café e… beats

Zé Gonzales exporta o hip hop nacional

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h53 - Publicado em 30 set 2003, 22h00

Alexandre Matias

Desde o começo deste ano, nosso DJ tipo exportação mora em Los Angeles. Nos planos estão duas trilhas sonoras, disco mixado, turnê pelo Japão e residência em três clubes da cidade. Ah, claro: para emplacar lá fora ele até mudou de nome. Agora, para os americanos, o nome é simplesmente zegon…

“Procurei o lugar que mais tem DJ no mundo (Los Angeles) e disse: ‘É de lá que eu vou começar·.” Assim o DJ Zé Gonzalez, ex-Planet Hemp, começou a pensar numa nova fase da carreira. Morando no coração da costa oeste dos Estados Unidos desde o começo deste ano, ele dá aquele que pode ser um passo definitivo não só para a própria carreira, mas também para o futuro do hip hop nacional.

“Tenho contato com DJs americanos há pelo menos quatro anos. Esse intercâmbio começou quando fomos mixar os discos do Planet Hemp e do (Marcelo) D2 em Los Angeles”, explica o disc-jóquei, que durante seis anos tocou com o grupo.

“Chegou uma hora em que senti que minha carreira com a banda havia estagnado. Tinha shows aos fins de semana, no meio da semana não fazia nada. Tinha que produzir numa determinada época, e depois parava. Virou uma rotina muito burocrática. Na última turnê já era como se eu tivesse um emprego. Precisava sair, fazer mais coisas”, conta.

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Foi aí que Zé Gonzalez começou a trabalhar o próprio nome. “Em dois anos fazendo minhas coisas consegui mais que em seis anos com o Planet”, diz, fazendo questão de não desmerecer a etapa com a banda. Na fase pós-Planet Hemp, Zé Gonzalez alcançou novos horizontes ao produzir os principais nomes do rap nacional, de Sabotage a MV Bill, passando por Xis, SNJ, Nega Gizza e 509-E. E ainda trabalhou com o maior grupo de rap do país, os Racionais MCs, no disco “Nada Como Um Dia Após o Outro Dia”, lançado em 2002. “Comecei a trabalhar com eles antes de o disco ser composto. Ensinei o Mano Brown e o Edy Rock a mexer no sampler”, afirma. Mas ainda era pouco. “DJ de hip hop ganha metade da metade do cachê de um DJ de música eletrônica. Queria mudar essa situação. Um dia, conversando com o (DJ) Marky, cheguei à conclusão de que só o reconhecimento lá fora faria meu cachê subir”. Assim, Gonzalez fez as malas e partiu rumo a Los Angeles.

Os pouco mais de seis meses nos EUA já renderam frutos para o DJ, que agora assina como Zegon. “Estou fazendo trilha sonora para dois filmes, um sobre strip-tease nos anos 60 e um documentário sobre ‘roller disco’ (patinação) nos anos 70. Este segundo tem o dedo do Spike Lee”, conta. “Também estou para lançar um disco que produzi com o Sam Spiegel, irmão do (jornalista e cineasta) Spike Jonze . É o álbum de estréia da Edy Crahp, nova banda do Fatlip e do Tre (ambos ex-integrantes do grupo de hip hop The Pharcydes).”

Além disso, ele lançou em agosto seu primeiro disco em território gringo. Sobre o novo álbum, ele diz: “‘Brz Xport Brks’ é um disco com bases e levadas de grooves brasileiros que tenho usado nos meus sets”. O disco, usado por DJs que querem fazer scratches com grooves brasileiros, vai sair pela Xtensive Research.

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De bem com a vida lá fora, ele já é residente de três clubes na grande Los Angeles, tocou na Semana de Moda da cidade e embarca em breve em turnê para o Japão com o grupo Beat Junkies, conhecido no mundo todo como um dos melhores coletivos de DJs performáticos. Um álbum completo, com participações especiais (“Quero gravar com o Gerson King Combo, o Miguel de Deus, o Toni Tornado…”) deve ficar só para o ano que vem. Mas o desafio principal vem sendo encarado dia após dia. “Nenhum brasileiro DJ de hip hop aconteceu no exterior”, diz. Até agora…

 

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Ouça

OS CÃES LADRAM E A CARAVANA NÃO PÁRA – PLANET HEMP (NY)

Zé Gonzales surgiu no cenário do hip hop nacional como o DJ do grupo de Marcelo D2. Além de produzir algumas faixas, Gonzales maneja os toca-discos.

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