Armação Ilimitada – Os heróis da praia
Juba, Lula, Zelda e Bacana eram os heróis da garotada nos anos 80: faziam esportes radicais, resolviam mistériose formavam a família menos careta da TV.
Viviane Palladino
Juba amava Zelda, que amava Lula, que amava Juba – ainda que como um irmão. O triângulo amoroso nos papéis principais era só uma das ousadias da série Armação Ilimitada, exibida nas noites da Globo entre 1985 e 1988. Armação inaugurou o gênero ação na TV brasileira e antecipou a onda de esportes radicais que só viria na década seguinte: Kadu Moliterno (Juba) e André de Biase (Lula) eram surfistas de verdade e às vezes dispensavam dublês em cenas perigosas. O seriado inovou também na linguagem, próxima da dos quadrinhos, e no estilo de produção: com orçamento baixo na época dourada da Globo, os atores até carregavam o equipamento. Esse esquema mambembe rendeu prêmio internacional. Além, claro, da adoração da garotada.
COMO TUDO COMEÇOU
Kadu e André, que se conheceram pegando onda, bolaram o programa e levaram a idéia para o diretor Daniel Filho, que envolveu no projeto gente do naipe de Guel Arraes e Nelson Motta. Armação mostra a falta de rotina da empresa de Juba e Lula, especializada em qualquer tipo de serviço. O sucesso veio logo no primeiro episódio, intitulado “Um Triângulo de Bermudas” – e a principal razão do fim foi a entrada de Jonas Torres, o Bacana, na adolescência.
ARMAÇÃO NA TELONA
Um projeto prontinho para um filme de longa-metragem de Armação Ilimitada está há 3 anos sendo negociado por Kadu e André com a Globo. Dane-se a calvície: eles mesmo serão os protagonistas. “Vai ser como em Os Incríveis: os heróis mais velhos, mais gordinhos, mas que continuam casca-grossa”, diz Kadu. O projeto ainda não saiu do papel porque os atores querem mais ação e a Globo, mais cenas de estúdio.
SEM MEDO DE PORRADA
Nos primeiros episódios, Kadu e André não tinham dublês nem pra pular de helicópteros no mar. “Não dava pra amarelar”, diz Kadu. Nessa brincadeira, ele fraturou 3 costelas e perdeu dois dentes ao filmar um atropelamento. Depois disso, a Globo contratou dublês e aprimorou o treinamento dos atores.
JUBA E LULA
O paulistano Kadu Moliterno e o capixaba André de Biase interpretavam os carioquíssimos Juba e Lula, dois garotões que dividem uma casa na praia. Eles têm uma empresa, a tal Armação Ilimitada, que aceita qualquer tipo de serviço – o que sempre significa muita aventura e uma boa dose de roubada. Após o fim de Armação, a dupla estrelou a série Juba e Lula, que durou apenas algumas semanas.
ZELDA SCOTT
A PERNAGEM: Filha de um exilado (Armação foi exibida ainda na ressaca da ditadura), Zelda era estagiária do jornal Correio do Crepúsculo.
A ATRIZ: Andréa Beltrão atualmente interpreta a Marilda no seriado A Grande Família.
BACANA
O PERNAGEM: O órfão Bacana era filho adotivo de Juba, Lula e Zelda. Trabalhava como auxiliar de escritório na Armação.
O ATOR: Jonas Torres foi morar nos EUA logo após o fim de Armação. Lá serviu o Exército e se tornou instrutor de vôo.
RONALDA CRISTINA
A PERNAGEM: A melhor amiga de Zelda Scott tinha uma filha alienígena chamada Zeldinha Cristina. Sempre sobrava para Bacana a tarefa de cuidar do bebê.
A ATRIZ: Catarina Abdala segue na Rede Globo. Recentemente, fez o papel de Dedeja em A Lua Me Disse.
BLACK BOY
A PERNAGEM: A dj Black Boy narrava a trama com um monte de frases feitas e trocadilhos e introduzia as músicas da trilha sonora – quase sempre rock.
A ATRIZ: Nara Gil, filha do ministro Gilberto Gil, seguiu carreira de vocalista. Canta, por exemplo, em discos do pai e da irmã Preta.
CHEFE
A PERNAGEM: Editor neurótico do Correio do Crepúsculo, só inventava reportagens malucas para Zelda fazer. Na imaginação da subordinada, sempre aparecia em situações surreais.
O ATOR: Francisco Milani morreu de câncer em agosto do ano passado.