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8 ataques terroristas à imprensa e à liberdade de expressão

Lembramos alguns casos em que o extremismo tentou impor o silêncio. Sem sucesso - afinal, uma obra de arte jamais é silenciada

Por Camila Almeida
Atualizado em 27 out 2020, 13h53 - Publicado em 4 dez 2015, 11h15

O carma do profeta

Kurt Westergaard foi o primeiro cartunista a sofrer repressão por retratar Maomé. O dinamarquês, em 2005, foi convidado pelo jornal Jyllands-Posten a desenhar o profeta como ele o imaginava. Colocou uma bomba sob o turbante. Embaixadas dinamarquesas foram incendiadas. Ele precisou se exilar com a esposa e se mudaram nove vezes. Quando voltaram, a casa foi invadida por um muçulmano com um machado. O artista se escondeu no banheiro e escapou, mas vive alerta e cercado por seguranças.

De aliado a perseguido

Song Byeok é um pseudônimo. O artista norte-coreano, que hoje precisa viver na Coreia do Sul, convive com a perseguição por suas imagens críticas ao regime comunista. Quase impossível acreditar que, antes de satirizar Kim Jong-il, o artista o pintava como o ”Estimado Líder” nas propagandas do governo. Quando a fome se alastrou pelo país nos anos 1990, Byeok tentou fugir em busca de comida, mas acabou capturado. Como punição, agravada pela traição, terminou num campo de trabalho forçado. Teve dentes e ossos quebrados e perdeu um dedo. Em 2001, conseguiu fugir e, desde então, ataca o regime em suas obras. No mesmo dia em que finalizou esta imagem de Kim Jong-il vestido de Marilyn, em 20”, o déspota morreu.

Notas perigosas

Anna Politkovskaya era repórter de um jornal russo conhecido por coberturas investigativas. As reportagens dela sobre a Segunda Guerra na Chechênia alertavam para os abusos cometidos pelas autoridades russas. Em 2001, foi detida pelo exército acusada de ter acesso a informações secretas. Se refugiou em Viena depois de ser ameaçada várias vezes por e-mail. Em 2004, publicou A Rússia de Putin, um relato pessoal, que revela a face tirana do presidente. No mesmo ano, foi envenenada com chá num avião, mas sobreviveu. Dois anos depois, foi assassinada no prédio onde morava, em 7 de outubro, dia do aniversário de Putin.

Contra a submissão

O cineasta holandês Theo Van Gogh produziu, em 2004, um curta-metragem que questionava a violência sofrida pelas mulheres muçulmanas, já enraizada na cultura e na lei. Submission, como o filme foi intitulado, é também uma das traduções para a palavra ”Islã”, em árabe. No mesmo ano, o cineasta foi assassinado por um muçulmano enquanto ia, de bicicleta, para o trabalho. Theo Van Gogh foi baleado oito vezes e quase foi degolado. Duas facas foram deixadas, enfiadas no corpo dele. Nas investigações, a polícia descobriu que o assassino tinha ligações terroristas.

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Veja o curta:

Ciência Vs Igreja

Giordano Bruno tinha vínculos profundos com a Igreja. Além de filósofo, era também teólogo e frade da ordem dominicana. Mas passou seis anos preso e, em 1600, foi queimado vivo pela Inquisição. Sua maior heresia foi a publicação do livro Acerca do Infinito, do Universo e dos Mundos, de 1584, que tem como base os estudos do astrônomo e matemático Nicolau Copérnico. Bruno afirmava que a Terra, afinal, não era o centro de tudo e acreditava num Universo infinito, com mundos cheios de seres inteligentes. Para a Igreja, era uma ameaça: haveria mais de um Deus? O autor é considerado precursor da filosofia moderna.

Orgia da contestação

Não à toa, o aristocrata francês e escritor Marquês de Sade deu origem à palavra sadismo. Sua libertinagem lhe rendeu inúmeras prisões, perseguições e a internação num hospício, onde morreu. Retratou banquete de fezes, tortura, incesto e orgias sem fim em 120 Dias em Sodoma, escrito enquanto ele estava preso na Bastilha, em 1785. Foi produzido em letras mínimas, num rolo de pergaminho, por medo de que o confiscassem.

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Um soldado abalado no Reich

Otto Dix era um jovem alemão quando foi convocado para a Primeira Guerra. Mas foi ferido em batalha e precisou se afastar das trincheiras. Começou a pintar, com traços expressionistas, as tragédias que presenciou. Chegou a se tornar professor de arte, mas foi obrigado a se demitir quando o nazismo assumiu a Alemanha. Suas pinturas foram queimadas e ele foi forçado a trabalhar como artista do Reich. Abaixo, o quadro Stormtroops Advancing Under Gas, de 1924.

Repressão comunista

O renomado artista Ai Weiwei, conhecido por criticar o autoritarismo na China, foi confinado em casa em 2010, quando o regime engrossou. Passou três meses sob vigilância ininterrupta de guardas. Em 20”, desapareceu por mais três meses, seu estúdio foi invadido e várias obras foram confiscadas. Após libertado, recebeu uma multa de US$ 2,4 milhões por evasão tributária. Mais de 30 mil pessoas fizeram doações para ajudá-lo (dinheiro que o artista devolveu). Até hoje, vive supervisionado pelo estado. Abaixo, uma das obras da série Study of Perspective (1995-2003).

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