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As 12 melhores HQs de 2016

Faz tempo que quadrinhos não são coisa de criança - e em 2016, esse mundo mergulhou fundo em ficção científica, feminismo, aventura e política

Por Helô D'Angelo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 22 dez 2016, 19h30 - Publicado em 22 dez 2016, 18h13

1. Desconstruindo Una

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(Una | Divulgação)

Una, Reino Unido
Em Desconstruindo Una, a autora conta a história de sua vida, passando por dois abusos sexuais – um deles, na infância – e o impacto psicológico que eles lhe impuseram. Ao mesmo tempo, ela narra a história do Estripador de Yorkshire, um assassino em série que matou 13 mulheres entre 1969 e 1980, enquanto a polícia passava tempo tentando justificar os assassinatos com a conduta das vítimas em vez de ir atrás do agressor. Como os assassinatos ocorreram durante a infância e a adolescência de Una, no fim das contas eles acabaram moldando a sua própria vida. Desconstruindo Una é uma investigação sobre o que é ser mulher, sobre consentimento, sobre violência de gênero e sobre feminicídio.

 

2. Moon Girl And Devil Dinosaur

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Brandon Montclare e Amy Reeder, EUA
Moon Girl And Devil Dinosaur é um reboot de Devil Dinosaur – uma série da Marvel de 1978 sobre um tiranossauro vermelho que vivia com seu escudeiro, Moon Boy, em um universo paralelo no qual dinossauros e seres humanos conviviam. Na ponta do lápis dos talentosos roteiristas Brandon Montclare e Amy Reeder (que já escreveram histórias da Supergirl e da Batwoman), o universo paralelo virou Nova York, e o Moon Boy virou Moon Girl: especificamente, Lunella Lafayaette, uma garotinha com uma inteligência sobre humana. No reboot, os papéis se invertem: agora, o dinossauro vermelho é o ajudante da garota e, juntos, os dois precisam aprender a se relacionar com os outros e a lidar com a própria força, por serem diferentes – algo que diversos heróis da Marvel exploram muito bem. A publicação tem pontos também pela representatividade: Lunella é uma garotinha negra que, diferente de outras HQs, não é nada sexualizada.

 

3. Black Silence

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(Mary Cagnin | Divulgação)

Mary Cagnin, Brasil
A Terra já não é mais habitável: alguma coisa muito ruim aconteceu por aqui. Agora, cabe a um grupo de exploradores irem atrás de um novo lar para a humanidade – sem saber se vão voltar vivos. Com uma protagonista negra incrível, a brasileira Mary Cagnin constrói uma HQ de ficção científica muito boa, sem as amarras de baixa autoestima que nós, brasileiros, costumamos nos impor. Ah, e o desenho é 10/10: um dos mais ousados e bonitos do ano. Pontinhos a mais por ser um projeto independente e corajoso.

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4. Rolling Blackouts: Dispatches from Turkey, Syria, and Iraq

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(Sarah Glidden | Divulgação)

Sarah Glidden, EUA
Glidden não se diz jornalista, mas Rolling Blackouts é uma grande reportagem em quadrinhos sobre a Turquia, a Síria e o Iraque – escrita e desenhada por ela. Em 2010, ela acompanhou um time de jornalistas que buscavam pautas nesses lugares, e registrou tudo o que pode em aquarela. Dessa viagem, vieram duas HQs: How to Understand Israel in 60 Days or Less (lançada em 2010) e Rolling Blackouts, deste ano, e mais ampla que a anterior. Nas duas, Gliden explora o modo de vida de quem mora nas zonas de guerra e a forma como essas pessoas interagem com a mídia por lá – sem falar, claro, no dia a dia de um jornalista do ramo. No fim, ela descobre que todo mundo tem uma história para contar: do taxista ao refugiado; do oficial americano ao blogueiro iraniano.

 

5. Ghosts

ghosts
(Raina Telgemeier | Divulgação)

Raina Telgemeier, EUA
Catrina e sua família se mudaram para Bahía de Luna, uma vila na Califórnia, e ela precisou abandonar todos os amigos na cidade anterior. Mas é por um bom motivo: sua irmãzinha, Maya, sofre de fibrose cística, e precisa do ar úmido da praia para respirar melhor. Enquanto uma enfezada Cat e uma otimista Maya exploram a cidade, as duas descobrem que existem fantasmas reais em Bahía de Luna – e, enquanto Maya tenta ser amiga deles, Cat luta para aceitar que, mais cedo ou mais tarde, a pequena se juntará aos mortos.

 

6. Blitzkrieg

blitzkrieg
(Bruno Seelig | Divulgação)
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Bruno Seelig, Brasil
Blitzkrieg é uma história curtinha, de poucas páginas, como um gibi das antigas. Mas é o suficiente para o brasileiro Bruno Seelig explorar temas como amizade, empatia e compaixão em um clima nostálgico que lembra muito aqueles filmes dos anos 80, como ET ou Goonies. Na trama, um grupo de amigos nerds planejam o que fazer para derrotar o valentão da história e vencer a maior guerra de todas: o bullying constante.

 

7. O enterro das minhas ex

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(Gauthier | Divulgação)

Gauthier, França
Lésbica. Só de ler a palavra, talvez você tenha se encolhido um pouco, porque ela soa como um insulto – apesar de significar, apenas, uma mulher que ama mulheres. Em O enterro das minhas ex, a francesa Anne-Charlotte Gauthier conta episódios de sua infância e adolescência e seu encontro, um tanto desastroso, com a própria homossexualidade. É um quadrinho divertido e descontraído, com capítulos pequenos como tirinhas, mas que trata da autoaceitação e de como lidar com a opinião dos outros e com o preconceito.

 

8. Patience

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(Daniel Clowes | Divulgação)

Daniel Clowes, EUA
Jack Barlow é um homem obcecado em encontrar o assassino de sua esposa, Patience, que estava grávida do primeiro filho do casal. A história poderia ser boa só com esse plot, mas Daniel Clowes coloca mais uma pitada de twist: Jack descobre um jeito de viajar no tempo. Patience é exatamente o que promete o autor: “Uma viagem temporal, mortífera e cósmica para o primórdio infinito do amor que dura para sempre” – mas é bem menos romântica e bem mais ficção científica do que faz crer pela capa.

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9. Paper Girls

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(Brian K. Vaughan | Divulgação)

Brian K. Vaughan, EUA
Se você gostou de Stranger Things e tende a curtir personagens femininas fortes como Eleven, Paper Girls é para você. Aqui, um dos autores de Saga conta a história de quatro meninas de 12 anos que, na véspera do Halloween de 1988, descobrem a maior história jornalística de todos os tempos (e olha que elas são meras jornaleiras, daquelas que jogam jornais de bicicleta pela manhã nos filmes americanos dos anos 80, sabe?). Sem spoilers, mas Vaughan descreveu a série como “Conte Comigo encontra Guerra dos Mundos“.

 

10. Big Kids

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(Michael DeForge | Divulgação)

Michael DeForge, Canadá
Tá, esse é difícil de descrever: DeForge é designer de personagens em A Hora da Aventura, então já dá para entender que a coisa é, no mínimo, psicodélica. Em Big Kids, o autor foca em como a nossa perspectiva do mundo muda enquanto vamos ficando mais velhos. Para mostrar isso, DeForge cria Adam, um personagem que é um galho e, de repente, se transforma em uma árvore, uma mudança que muda completamente sua visão de mundo. Daí, no quadrinho, todas essas mudanças são traduzidas em novas cores e formas para os objetos que antes eram normais na visão de Adam. Tem que ler para entender.

 

11. Topografias

topografias
(Barbára Malagoli, Julia Balthazar, Lovelove6, Mazô, Puiupo e Taís Koshino | Divulgação)
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Barbára Malagoli, Julia Balthazar, Lovelove6, Mazô, Puiupo e Taís Koshino, Brasil
Seis histórias escritas, desenhadas, coloridas e organizadas por mulheres brasileiras. Seis histórias que esbarram no ser mulher e na relação entre mulheres. Seis histórias muito diferentes entre si, que mostram o talento de seis grandes quadrinistas do Brasil – mulheres que, infelizmente, acabam se perdendo no meio de um meio machista. Lançada pelo selo independente Piqui, Topografias é tudo isso e mais um pouco. Vale a leitura.

 

12. Nighthawk

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(David F. Walker e Ramon Villalobos | Divulgação)

David F. Walker e Ramon Villalobos, EUA
Em 2016, o racismo ganhou as ruas, com a saída de Obama da presidência dos EUA e a entrada de Trump. Nesse contexto, o quadrinista negro David F. Walker decidiu que não ia ficar quieto: baseado na sua vivência, ele criou um super-herói negro chamado Nighthawk, que se vinga dos racistas que assolam uma Chicago completamente violenta (o que também é real: a cidade chegou à maior taxa de homicídios dos últimos 20 anos).

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