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“Batman será contemporâneo até o dia em que vivermos uma utopia maluca”, afirma Frank Miller em São Paulo

O quadrinhista veio ao Brasil para falar sobre sua relação com Batman, a polêmica Holy Terror, e se pensa em voltar a trabalhar com Demolidor

Por Felipe Germano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 4 nov 2016, 19h05 - Publicado em 9 dez 2015, 17h45

Frank Miller é um dos nomes mais importantes da história dos quadrinhos mundiais. No final dos anos 1970, assumiu as histórias de Demolidor, e transformou o herói – até então subestimado – em um dos nomes mais relevantes da Marvel. O artista também é responsável por criações independentes que foram adaptadas ao cinema e ganharam fama global, é o caso de 300 de Esparta e Sin City. Seu trabalho mais prestigiado, no entanto, é atrelado a um personagem que sempre foi muito popular: em 1986, escreveu Batman: O Cavaleiro dos Trevas, história que mostra o homem morcego envelhecido, voltando a ativa para confrontar antigos inimigos e amigos. Em 2001, a história ganhou uma continuação não tão bem avaliada pela crítica e público, mas que não encerrou a ligação do autor com Batman. 14 anos depois, a terceira parte da história Dark Knight III: Master Race (ainda sem tradução oficial), já começou a ser publicada nos Estados Unidos e chega ao Brasil ano que vem, pela Panini.

Na última semana, Miller veio ao Brasil para participar da Comic Con Experience, onde foi homenageado, reuniu centenas de fãs atrás de um autógrafo e conversou com a imprensa sobre o que esperar de seu reencontro com Batman.

A história se passa após os eventos de Cavaleiro das Trevas II.  Agora, a Terra está tomada por aliens de Krypton, planeta de origem do Super-Homem. “O mundo está lotado de super-heróis. Estamos engasgando com eles. Agora 10 milhões de super-humanos estão na terra, e nem todos são pessoas legais. Então o que você se torna? E qual herói seria louco o bastante para criar um levante? Ele vive em uma caverna, isso é quão louco ele é”. A trama trará um dos elementos que tornou o título tão relevante: a disputa entre Superman e o homem morcego. “Existem alguns tópicos que eu queria continuar, um deles é a relação entre Batman e Super Homem. Eles não gostam um do outro”.

Outra coisa que vai retornar à terceira parte da história é o a importância feminina dentro desse universo. Miller definiu, no primeiro Cavaleiro das Trevas, que Robin não seria mais o menino prodígio, nem menino ele seria. Na trama, quem assume o posto de ajudante do herói é a adolescente Carrie Kelley, a primeira Robin. Outra personagem de destaque é Lara, filha do Super-Homem com a Mulher Maravilha. “Eu sempre soube que Carrie e Lara voltariam como personagens de destaque, pois elas são as novas gerações – e eu amo o fato da nova geração ser feminina”, afirmou. “A única forma de se ter personagens femininas fortes, diversidade étnica e social nos quadrinhos é escrevendo a porcaria da história. E é exatamente isso que estamos nos comprometendo a fazer”, completou.

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Questionado se os atuais conflitos de civis com a polícia, especialmente nos Estados Unidos, influenciaram o novo capítulo da história, Miller afirma que o processo é natural. “O Batman sempre lutou contra a polícia, faz parte do trabalho dele. Em um mundo que precisa do Batman, tem que haver corrupção política, crimes fora do controle, uma polícia que falha e alguma ressalva quanto à lei”, explica. Mas concorda que o momento é conveniente, “Existe uma coincidência muito feliz agora, pois todos os problemas que fazem do Batman necessário estão em alta. Ele é um personagem muito contemporâneo e será até o dia em que vivermos em uma utopia maluca”.

Miller também comentou seu trabalho mais polêmico: Holy Terror. A história foi mostra Batman caçando e matando muçulmanos. A trama acabou negada pela DC Comics, que não queria relacionar seu super-herói com xenofobia. Miller, então, alterou nomes e poucos detalhes no uniforme do homem morcego, e lançou a HQ pela editora rival Legendary Comics, em 2010. Não faltaram críticas ao tom e ao tema da publicação. “Eu despejei toda a raiva que eu tinha naquelas páginas, e eu me orgulhei muito do resultado, mas tenho que dizer que hoje eu olho para aquilo e percebo que sou um outro homem.”, afirma “O nível de raiva que eu tinha não poderia ser sustentado. O mundo se tornou outro lugar, eu me tornei outro homem. Mas eu quis colocar minha relação ao 11 de setembro em um livro, e foi o que eu fiz”, completa.

Mesmo Superman sendo visto como vilão nas três partes de Cavaleiro das Trevas, Miller afirma que tem vontade de trabalhar com o personagem. “O Super-Homem foi criado por Joe Shuster e Jerry Siegel, dois adolescentes que cresceram num período em que os Estados Unidos eram extremamente antissemitas. Quero trazer de volta às suas origens judaicas e fazer ele se aproximar daquele homem que brigava com nazistas”, conta a escritor e desenhista.

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Por outro lado, outro personagem que não deve ver Miller tão cedo é Demolidor. “Se eu tivesse que falar agora, diria que talvez não volte a trabalhar com ele”, afirma. “Eu sinto que o tempo que usei com esse personagem foi ótimo, e eu já voltei com ele algumas vezes, mas é um velho amigo para quem eu não me importo em ligar mais”, conclui.

Mas por que voltar agora “Você tem que parar de pensar qual a hora certa de retornar. Em um personagem como Batman, a ideia simplesmente aparece, o processo fica dolorido se você o faz de outra forma”, diz Miller. Mais difícil que simplesmente ter a ideia, é convencer Frank Miller à compartilhá-la com o resto do mundo, pelo menos é o que dizem seus colegas de trabalho. “Faz dois anos que ele disse ter pensada na trama. Desde essa data ficamos tentando convencer o Frank a publicá-la.”, conta, Dan DiDio, Co-diretor-chefe da DC Comics. “Acho que em algum momento ele percebeu que simplesmente não íamos deixar ele em paz, e topou”, brinca.

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