Sérgio Gwercman
Esqueça Michael Moore. O recente lançamento de três livros prova que é possível, sim, investigar os anos Bush sem manipular informações e subestimar a inteligência do leitor.
Em Plano de Ataque, por exemplo, o jornalista Bob Woodward (que levou o presidente Nixon à renúncia com o caso Watergate) produz um relato incomparável em detalhes dos bastidores da Guerra do Iraque. Único repórter americano com prestígio comparável a Woodward, Seymour Hersh também traz sua versão do governo Bush. Cadeia de Comando expõe equívocos e mentiras do governo – não é à toa que Hersh é odiado na Casa Branca. Para completar, em À Sombra das Torres Ausentes, Art Spiegelman usa a história em quadrinhos para um retrato ácido do patriotismo paranóico que varreu o país após o 11 de setembro.
Até o fechamento desta edição, a eleição americana não estava decidida. Vitorioso ou não, Bush e seus tempos merecem análise – Hersh, Spiegelman e Woodward são um bom começo. Eles mostram que informações precisas são a matéria-prima da boa crítica. E, ao contrário de Moore, deixam para o leitor a melhor parte do jogo: pensar.
Notícias da guerra
Três livros para entender a América
“Destacar o Iraque como a corporificação do ‘eixo do mal’ pareceria uma declaração de guerra. Sugeriram, então, acrescentar outros países. Coréia do Norte e Irã eram candidatos óbvios. Ambos apoiavam o terrorismo e buscavam armas de destruição em massa. Bush gostou da idéia.”
Plano de Ataque
Bob Woodward
Globo, 455 páginas, R$ 48
“Rumsfeld sabia o que muitos envolvidos nas discussões não tinham idéia: Bush assinara decisão supersecreta autorizando a montagem de uma equipe clandestina que desafiaria gentilezas diplomáticas e leis internacionais e arrebentaria – ou assassinaria – agentes da Al Qaeda em qualquer lugar do mundo.”
Cadeia de Comando
Seymour Hersh
Ediouro, 398 páginas, R$ 39
À Sombra das Torres Ausentes
Art Spiegelman
Companhia das Letras, 44 páginas, R$ 78