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Cinco filmes de ficção científica que reprovariam em Ciências

Eles capricham no visual e na ação - mas às vezes se esquecem de checar as informações. Veja aqui alguns dos maiores erros científicos e históricos que os filmes exibiram nos últimos anos

Por Nathan Fernandes
Atualizado em 31 out 2016, 18h53 - Publicado em 29 abr 2013, 22h00

MELANCOLIA (2011) – Astronomia da depressão

 

 

Para explicar os erros desse filme, vamos ter de caprichar nos spoilers. O filme original traz um erro que a versão de 2011 tenta consertar. Na versão de 1968, uma expedição espacial passa 18 meses longe da Terra até finalmente cair em um planeta dominado por macacos superdesenvolvidos. No final, descobre-se que o tal planeta era a Terra, 2 mil anos no futuro. Assim, o enredo ficava sem pé nem cabeça: 2 mil anos não é tempo evolutivo suficiente para macacos se tornarem inteligentes. É só comparar com a nossa espécie: o Homo sapiens surgiu há 200 mil anos, mas os primeiros registros de arte ou religião datam de 50 mil anos atrás. E outros milhares se passaram antes de inventarmos a escrita, as cidades e a tecnologia avançada. Por isso, Planeta dos Macacos: A Origem, de 2011, explica que o salto de inteligência não aconteceu sozinho – os macacos teriam sido expostos a um gás que os tornou mutantes. Muuuito melhor.

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1. Apenas 2 mil anos se passaram para que os macacos ficassem inteligentes.
2. Em termos evolutivos, é preciso milhares de anos para que haja um salto de inteligência.

JURASSIC PARK (1993) – Dna com data de validade

 

 

Tudo bem um dinossauro usar a maçaneta para abrir uma porta ou derrubar a parede de um banheiro com um salto. Isso é coisa de filme. O difícil é existir um dinossauro nas condições propostas em Jurassic Park. No longa, os animais são recriados a partir de sangue de dinossauro encontrado em mosquitos preservados no âmbar. Até aí, ok: alguns mosquitos de 230 milhões de anos realmente foram encontrados no âmbar, como mostra um estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences. Por isso, desde a década de 1990, havia um boato de que seria possível recriar dinos dessa forma. O biólogo Michael Bunce, da Universidade de Murdoch, na Austrália, resolveu testar essa possibilidade. Ele estudou o sangue de aves gigantes já extintas e constatou que DNA não é eterno. No caso, as moléculas de DNA não durariam mais de 6,8 milhões de anos, mesmo conservadas em âmbar. “O DNA se deteriora com o passar do tempo, muito antes de ser possível recriar um dinossauro hoje em dia”, diz Bruce Whitelaw, professor de biotecnologia do Instituto Roslin, no Reino Unido. Aliás, o próprio nome do Jurassic Park está todo errado. A era Mesozoica, a que viu o surgimento e o desaparecimento dos dinossauros, é dividida em três grandes períodos de tempo: o Triássico, o Jurássico e o Cretáceo. De fato, os dinos apareceram no período Jurássico, mas as espécies que fazem as vezes de atores principais no filme, como o Tiranossauro, o Velociraptor e o Triceratops, surgiram apenas no Cretáceo. Cretaceous Park talvez não tivesse sido tão sonoro. Mas seria mais correto.

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1. O DNA não dura mais do que 6,8 milhões de anos.
2. Os dinos não são do período jurássico, mas do cretáceo.

ALIEN – A RESSURREIÇÃO (1997) – DNA desmemoriado

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Imagine morrer e ressuscitar em um corpo igualzinho ao seu, carregando toda a memória da vida que passou. Foi o que aconteceu em Alien – A Ressurreição. (Pare de ler se não quiser spoilers.) No final do terceiro filme da franquia, a tenente Ripley se lançou ao fogo quando descobriu que era hospedeira da raça alienígena. Já no quarto filme, ela acorda 200 anos depois, clonada e com a mesma memória. O problema é que o DNA não guarda lembranças. A ovelha Dolly não se lembrava dos pastos por onde andou Belinda, sua matriz. “Um clone é apenas uma cópia do material genético. O ambiente e as experiências de vida é que formam a memória “, diz Bruce Whitelaw, do Instituto Roslin, responsável pela clonagem de Dolly. Logo, se dependesse da ciência, Alien jamais teria uma quarta sequência.

GUERRA NAS ESTRELAS (1977) – O som do silêncio

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Apesar da aura cult que ganhou, Guerra nas Estrelas conseguiu cair em quase todos os erros de filmes de espaço. O primeiro é o barulho de explosões e naves. “Apesar de haver ondas de choque que se propagam no espaço após uma detonação, nós não conseguiríamos ouvir nada”, garante o físico Cláudio Furukawa, do Instituto de Física da USP. Como ele explica, depois de uma explosão, plasma e ondas eletromagnéticas geradas até se propagariam no espaço, mas elas não emitiram sons, já que o barulho precisa de matéria para se espalhar. E o espaço, é claro, é formado quase todo de vácuo. Aliás, esse é o motivo pelo qual sequer haveria explosões por lá. Sem oxigênio, não há fogo – e assim não teria como a Estrela da Morte, por exemplo, entrar em combustão. Só haveria a chance de alguma coisa explodir se os detonadores fossem nucleares. “Uma bomba nuclear não precisa de oxigênio”, explica o físico. A detonação seria um clarão como um flash e haveria grande emissão de partículas radioativas. Mas não haveria nem fogo, nem barulho algum. O terceiro erro está nos tão amados sabres de luz. De acordo com a ciência, essas armas são impossíveis de existir. “Seria difícil fazer a luz se comportar como um sabre, a não ser que houvesse um espelho na extremidade oposta ao emissor para refleti-la de volta”, diz Furukawa. Sem nada para rebater, a luz se propagaria ao infinito e além, acabando assim com a graça daquelas lutinhas coreografadas.

1. Explosões precisam de oxigênio. Para haver uma no espaço, somente com armas atômicas.
2. O som também não se propaga no vácuo. Ou seja, é impossível ouvir o barulho das naves.
3. Os sabres de luz não poderiam existir. A luz se espalha em feixes infinitos, e não limitados.

WATERWORLD – O SEGREDO DAS ÁGUAS (1995) – O sertão não é mar

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“No futuro, as calotas polares derreteram e cobriram a Terra de água. Aqueles que sobreviveram tiveram que se adaptar ao novo mundo.” É o que afirma a cena de abertura de Waterworld. Segundo o filme, o culpado por esse apocalipse molhado foi o aquecimento global. Mas isso não passa de ficção. “Este cenário é completamente irrealista nos próximos 500 anos”, tranquiliza o especialista em meio ambiente Paulo Artaxo, do Instituto de Física da USP. Ele garante que, se uma catástrofe como essa acontecesse, seria muito difícil a água inundar lugares com mais de 200 metros de altitude. São Paulo, Belo Horizonte e Brasília estariam a salvo. E boa parte do resto do planeta também: a média de altitude da terra firme é de 840 metros. Poderíamos ter o passado como base, quando o gelo da Groenlândia e do oeste da Antártida derreteu completamente, há 400 mil anos. Segundo um estudo publicado na revista Nature, a elevação do nível do mar naquela época ficou entre 6 e 13 metros. Ou seja, seria uma catástrofe, mas não o suficiente para botar o mundo embaixo da água e criar mutantes com guelras.

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