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Como são os bastidores de “Mr. Robot”?

Batemos um papo com Kor Adana, consultor de tecnologia da serie, que nos falou um pouco sobre o clima por trás das câmeras, contato com os fãs e a precisão dos hacks

Por Felipe Germano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 11 mar 2024, 11h29 - Publicado em 22 set 2016, 13h30

 

Se você não tinha vontade de assistir Mr. Robot, é possível que nos últimos dias isso tenha ficado um pouco mais dificil. O programa fez com que o ator Rami Malek, protagonista do show, levasse o Emmy de melhor ator, no último domingo. E não é incomum esbarrar com alguém nas redes sociais comentando a segunda temporada, que é exibida no Brasil pelo canal de TV a cabo Space. Mas caso isso tudo ainda não tenha te convencido talvez algo mude sua ideia: os bastidores. Dirigida por Sam Esmail o por trás das câmeras da série conta com um clima sem hierarquia, diálogo constante com os fãs e muito, muito trabalho.

A trama busca retratar a atual comunidade hacker mundial, que na vida real é responsável por atacar grandes empresas e formar grupos como o Anonymous. Para conseguir, atrair esse público, a série utiliza um artifício: a precisão. O show conta com Kor Ardana, um consultor de tecnologia. Na prática, ele trabalha com uma equipe de hackers para garantir que o que está aparecendo na tela realmente faz sentido na vida real. “Eu sou um Nerd, e junto com time de roteiristas discuto os hacks e as tecnologias abordadas.”, conta Kor “A gente sempre está pensando em ideias de como mudar o mundo. E  sempre há uma noção de que, quando alguém aparece na sala com uma ideia, sou eu que tenho que dizer ‘olha, você não sabe exatamente como fazer isso, esses são os passos que seriam necessários para fazer algo assim, ou dizer que seria impossível fazer tal coisa’ “, afirma.

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Kor não só garante que as coisas sejam realistas, ele dá spoilers da série para os fãs – não nas redes sociais, ou qualquer outro meio comum, ele utiliza o programa em si para isso. Mas você tem que ralar para percebê-los. Uma cena de um segundo, uma tela aparece ao fundo, tudo pode dar dicas de como a temporada vai acabar. “Eu acabo escondendo algumas pistas. Um número de IP, uma URL; são dados que levam para sites escondidos e que contam um pouco sobre o que ainda vai acontecer na série. Alguns dos nossos fãs mais técnicos estão descobrindo isso. Acaba sendo muito empolgante para a equipe também”, conta.

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Nada mais natural que esperar que, talvez em nível ainda maior do que o comum, esse programa em si seja comentado no lugar onde esses grupos se sentem mais à vontade: na internet. Mr. Robot chega constantemente aos Trending Topics do Twitter, e a equipe do programa não só sabe disso como monitora, discretamente, toda essa discussão. “Enquanto o programa está rolando eu fico ligado no Twitter, para ver como as pessoas estão reagindo. Tem algum ideias que a gente discute na sala de escritores,e meses depois a coisa toda acaba sendo filmada e indo pro ar. É nessa hora que a gente tem que analisar se isso funcionou ou não. E, quando a resposta é sim, é uma experiência muito gratificante”.

Mesmo com as atuações der Remi e do realismo de Kor, o sucesso da serie tem nome e sobrenome: Sam Esmail. Nascido em 1977, ele é diretor e criador da série. Mas sua carreira não começou ali. Em 2014, Esmail já havia dirigido uma comédia romântica com tons de ficção ciêntífica, o Eu Estava Justamente Pensando Em Você, e ainda antes disse já havia trabalhado na produção de documentários. Pode parecer pouco, mas isso mudou toda a dinâmica da produção de Mr. Robot. “Sam é um cineasta indie, então quando ele chegou no set ele não levou alguns precedentes comuns na televisão. Ele não acreditava na forma como os canais trabalhavam”, conta Kor. A ideia é que o ambiente fosse o mais coletivo possível, assim, tirando a heirarquia comum nos bastidores de Hollywood.  “Ele queria que todo mundo contribuísse. Ele não ligava se você estava ali para servir café, se você era um assistente, se você é um escritor, ou um escritor pelos últimos 20 anos. Ele queria que todo mundo desse ideias, e a melhor ideia vencia“.

E todo esse cenário não deve mudar tão cedo, o cenário está em expansão. Em agosto, a série já lançou seu primeiro jogo de videogame, um aplicativo de celular, e ainda esse ano saltam o primeiro livro baseado na série. Tudo para ampliar as narrativas – que devem continuar, em entrevista à revista americana Variety, Sam disse que pretende fazer quatro ou cinco temporadas de Mr. Robot. O que não vai faltar é hacker, em todas as plataformas possíveis.

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