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Conheça as lendas italianas que inspiraram Luca, novo filme da Pixar

O polvo que salvou uma cidade de piratas. O menino que, à la Atlas, sustenta a ilha da Sicília. Saiba quais referências ajudaram a criar o filme que estreia sexta (18) no Disney+.

Por Maria Clara Rossini
17 jun 2021, 21h04

Mar azul, cidades históricas, sol a pino, brisa litorânea. Um gelato de pistache depois de uma pratada de espaguete ao pesto. Com a pandemia (e a conversão euro-real de doer o bolso), fica difícil vivenciar experiências tipicamente italianas. O jeito, então, é dar play no novo filme da Pixar.

Luca, que estreia nesta sexta (18) no Disney+, acontece durante o verão de uma pequena cidade da Riviera italiana entre as décadas de 1950 e 1960. Ele conta a história de Luca e Alberto – dois monstros marinhos que assumem uma forma humana quando saem do submundo aquático onde vivem.

Luca é um garoto tímido e fascinado pela superfície, mas seus pais o proíbem de ir à cidade (alô, Pequena Sereia). Já Alberto é uma criatura extrovertida que adora sair da água e está sempre atrás de aventuras.

Montagem mostrando uma foto da Cinqueterre, na Itália, e um frame do filme

“Luca é sobre amizades que te empurram de penhascos – no bom sentido”, disse à Super Enrico Casarosa, diretor do longa. Por mais que a animação tenha sido feita nos estúdios do Mickey, a equipe por trás é especialista no assunto: Casarosa é italiano; Daniela Strijleva, produtora do filme, também morou por lá, e toda a inspiração para o cenário vem de Cinqueterre, um conjunto de cinco minúsculas vilas históricas no litoral noroeste do país.

Casarosa cresceu na cidade portuária de Gênova, e passou os verões de sua juventude na região litorânea. E foi daí que saíram as inspirações mais curiosas do filme: as lendas e criaturas mitológicas do país.

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Dos mitos ao filme

A ideia de juntar Itália e criaturas mitológicas não foi à toa: toda a região litorânea do país possui dezenas de lendas sobre monstros marinhos. “Em Cinqueterre, por exemplo, sempre existiram lendas do tipo ‘não vá para aquele canto, tem um monstro ali'”, disse Enrico.

Nem todas as lendas que ele ouvia, claro, eram feitas para afastar crianças. O cineasta lembrou também do conto de Polvo de Tellaro, outra vila litorânea próxima a Cinqueterre. Reza a lenda que Tellaro era encarregada de proteger a região de piratas. Toda vez que um navio pirata era avistado no horizonte, o sino da igreja tocava – e os moradores se preparavam para defender a cidade.

Contudo, em uma madrugada de tempestade, quando menos se esperaria um navio, toda a vila acordou com o barulho do sino. Ao olhar para a igreja, os moradores teriam visto um polvo tocando o sino. Era um alerta para a chegada dos piratas.

É por isso que o polvo é considerado o protetor de Tellaro. A cidade é cheia de referências ao animal: azulejos, maçanetas, placas e, claro, lembrancinhas. 

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Imagem mostrando o polvo presente na arquitetura da cidade.
Imagens do polvo de Tellaro no piso e em uma maçaneta da cidade. (Creative Commons/Montagem sobre reprodução)

Outra história que inspirou Casarosa a lenda de Colapesce, uma das mais populares da Itália – tão famosa e disseminada pelo país que cada região tem uma versão ligeiramente diferente. A mais interessante que encontrei foi a da Sicília, a ilha que fica bem no bico da bota.

A história é sobre um menino chamado Nicola (apelidado “Cola”), que vinha de uma família de pescadores de Messina, uma cidade litorânea da ilha. Ele gostava tanto do mar que passava o dia inteiro na água e, por isso, aprendeu a segurar a respiração por muito tempo e a nadar como um peixe – daí o nome Colapesce.

Os rumores sobre as habilidades do menino chegaram até o imperador Frederico II, que governou o Sacro Império Romano Germânico entre 1220 e 1245 (essa parte da história é verdadeira). Frederico também foi rei da Sicília, e ficou tão interessado em Nicola que resolveu testar o garoto.

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Segundo a lenda, o imperador fez Nicola buscar objetos preciosos jogados na água. Primeiro, uma taça; depois, sua coroa. Por último, um anel. Nicola voltou com a taça e a coroa, mas nunca voltou para a superfície depois de ter mergulhado para pegar o anel.

A história diz que o menino encontrou os três pilares que sustentam Sicília, e viu que um deles estava quase desmoronando. Para salvar a ilha, ele substituiu o pilar com o próprio corpo, e dizem que até hoje está segurando o pedaço de terra. Ou seja: Nicola está para Sicília assim como o titã Atlas, da mitologia grega, está para a Terra.

Foto de uma escultura.
Escultura representando a lenda de Colapesce, feita por Leonardo Lucchi. (Leonardo Lucchi/Reprodução)

 

Outras inspirações

O diretor de Luca não foi o único inspirado pelas lendas marítimas italianas. Hans Christian Andersen, autor de diversos contos infantis, estava pertinho de Gênova e Cinqueterre quando escreveu A Pequena Sereia. A cidade de Sestri Levante possui um festival anual dedicado ao autor, devido à paixão que ele tinha pela cidade. Segundo Enrico, o clássico infantil também inspirou a história do novo filme. 

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Outra referência usada para a criação dos seres marinhos foi a Carta Marina, um dos mapas mais antigos e precisos da península escandinava. Ele foi feito em 1539 por Olaus Magnus, um geógrafo e historiador sueco. Colocar criaturas coloridas e engraçadas no mapa talvez não fosse a melhor maneira de guiar os navegadores da época, mas pelo menos ajudou os animadores da Pixar a bolar o visual dos personagens.

A Carta Marina, desenhada por Olavo Magno.
(Olavo Magno/Domínio Público)

Assim como a arquitetura da Itália está cheia de referências a suas lendas e tradições, Luca não economiza nos easter eggs. Além das lendas e criaturas marinhas, vale caçar também as outras fontes de inspiração do diretor. Procure por pôsteres de filmes italianos dos anos 1950 e por nomes de grandes diretores de lá, como Federico Fellini e Vittorio De Sica.

Luca cumpre bem a missão de transportar o público para o Mediterrâneo – fruto de muito estudo dos animadores americanos, que fizeram um “workshop” por videoconferência com a equipe da Disney da Itália. No intensivão, eles aprenderam até quais gesticulações das mãos deveriam incluir nos personagens. Estamos falando de italianos, afinal. Capisci?

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