Dia da Marmota: a origem da estranha previsão do tempo americana
O animal determina o clima das próximas semanas: se ela olhar para a própria sombra, o inverno vai ser mais longo. Entenda de onde veio a tradição.
Feliz Dia da Marmota! Todo dia 2 de fevereiro, a cidade de Punxsutawney, no estado americano da Pensilvânia, se reúne para acompanhar uma previsão do tempo inusitada. Uma marmota chamada Punxsutawney Phil diz se o inverno vai ser longo, ou se a primavera começará mais cedo.
De acordo com a lenda, se a marmota sair de sua toca e ver a sua sombra, o inverno vai durar mais seis semanas – caso contrário, é um presságio primaveril.
A cidade leva a festividade bem a sério – ainda mais depois que o filme O Feitiço do Tempo (1993) popularizou a comemoração. É um momento em que Punxsutawney recebe vários turistas interessados na simpática marmota meteorologista. A cidade também realiza um festival com diversos eventos e atrações festivas.
Nesse dia, os membros do Punxsutawney Groundhog Club (Clube da Marmota) vão, vestidos de terno e cartola, até a toca de Phil em Gobbler’s Knob, um bairro na periferia da cidade. Lá, eles esperam o animal sair do buraco e olhar (ou não) para a sombra. Depois, comunicam o veredito de Phil.
Para 2024, Phil prevê um inverno mais curto. É a primeira vez dessa previsão desde 2020, depois de três anos de invernos longos.
Como tudo começou
O dia da marmota tem origem na antiga Europa Ocidental. Em uma época em que a agricultura era a atividade econômica mais importante de todas, ter atenção às estações do ano era vital. Com isso, vários misticismos surgiam para refletir comportamentos da natureza em consequências meteorológicas.
A data em si teve início com os celtas. Assim como nós temos dias para marcar as transições entre estações, eles tinham seus próprios “feriados” – um deles era o dia primeiro de fevereiro. Com a chegada do cristianimo, algumas dessas datas pagãs ganharam outros contextos: 1° de maio virou Dia do Trabalho, 1° de novembro, Dia de Todos os Santos e 1° de fevereiro foi jogado um dia para frente e se tornou o dia da marmota.
Só que no começo não tinham marmotas. O feriado era conhecido como “Candlemas”, um dia em que cristãos levavam velas para serem abençoadas em templos. Isso traria luz e calor para o frio do inverno.
O animal que começou as previsões foi, na verdade, um texugo – às vezes até ursos e raposas, dependendo da região.
Somente com a chegada de imigrantes holandeses à Pensilvânia, o animal da tradição foi adaptado para um membro da fauna local. As marmotas eram mais comuns e também compartilhavam do hábito de se entocarem timidamente embaixo da terra.
A primeira evidência de uma previsão marmótica na cidade de Punxsutawney é um registro em um diário de 1840. Era coletada por Dan Yoder, um folclorista do estado que se dedicou a pesquisar a tradição da data.
Em 1886, um jornal da cidade fez o que seria a notícia da primeira previsão de Phil: “Hoje é Dia da Marmota, e até o momento a fera não viu a sua sombra.” Não há registros de qual foi o veredito final.
Mas um Dia da Marmota “oficial” só aconteceria no ano seguinte. Em 1887, um grupo de moradores da cidade foi até o buraco em Gobbler’s Knot consultar a expertise climática da marmota. Desde então, anualmente, multidões se reúnem à espera de Phil.