Edward Pimenta Jr.
Quem hoje persegue um trio elétrico pode nem desconfiar, mas está perpetuando um ritual de mais de 10 000 anos. Embora hoje o Carnaval faça parte do calendário cristão – marca a despedida dos prazeres mundanos antes do início dos rigores da Quaresma, período de purificação e penitência –, a festa existia muito antes de Cristo. No início, era um culto agrário com danças e cânticos em comemoração às colheitas. É possível que essas festas remontem a 10000 a.C., quando a humanidade começou a plantar. Só no século VII, na Grécia, o Carnaval foi oficializado como festejo à honra de Dionísio, deus do êxtase e do entusiasmo. A partir daí, os carnavais passaram a incluir orgias sexuais e etílicas – uma característica que chegou ilesa aos dias de hoje.
Essas festas eram tão populares que a Igreja desistiu de combatê-las e, em 590, oficializou a folia na vã tentativa de conter a libertinagem. A palavra “carnaval” está ligada à tradição cristã de não comer carne no período que precede a paixão de Cristo. “Carnaval” deriva do latim carnelevamen (tirar a carne) que, depois, modificou-se para carne, vale (adeus carne).