Entre voos interestelares e espadas de laser
O sabre de luz é o objeto mais legal da saga Star Wars. Mas, pelas leis da física, poderemos um dia construí-lo? E o que dizer de naves interestelares?
Reconhecidamente, a área da ciência menos respeitada na saga de Star Wars é a física. O exemplo mais gritante – e ao mesmo tempo perdoável – é o barulho que todas as naves fazem ao viajar pelo espaço. Como sabemos, não há ondas sonoras se não houver um meio para propagá-las – exatamente o caso do vácuo espacial. Mas até mesmo o mais crica dos físicos é capaz de entender que se trata de uma licença criativa para tornar as cenas de batalha espacial mais emocionantes.
O que dizer, contudo, da possibilidade de atravessar as vastas distâncias interestelares através do “hiperespaço”? Faz algum sentido ou é só um truque?
Dimensões extra
Einstein é bem chato nessas horas. Ele diz que não há como viajar pelo espaço a uma velocidade superior à da luz. Conforme você vai acelerando, a relatividade diz que a sua massa vai crescendo. Ao atingir a velocidade da luz, a massa se torna infinita (!) e a energia necessária para acelerar mais, idem. Portanto, não tem como.
Claro, a ficção científica não seria a mesma sem viagens interestelares ultrarrápidas. E a solução proposta em Star Wars é a possibilidade de a nave pegar um atalho, atravessando milhares de anos-luz em pouco tempo avançando por uma outra dimensão, chamada genericamente de “hiperespaço”.
Por incrível que pareça, essa história de outras dimensões não é papo de maluco. Embora não percebamos mais que três delas, alguns físicos hoje em dia trabalham com a ideia de que talvez existam outras, imperceptíveis por estarem tão comprimidas que nem chegamos a notá-las (do mesmo jeito que, visto de longe, um canudo pode parecer ter apenas uma dimensão).
Até aí, beleza. Mas dimensões megacomprimidas não equivalem ao hiperespaço de Star Wars. É possível que exista alguma dimensão “esticada” que sirva de atalho para diferentes partes do Universo? Poder, até pode. Mas não temos nenhuma evidência de que isso exista. Até onde sabemos, o método de viagem interestelar usado na saga é simplesmente impossível.
O poder da luz
Espadas laser parecem ser igualmente complicadas. Sejam elas feitas de plasma (basicamente gás superaquecido) ou de partículas de luz, não é trivial produzir algo similar ao que se vê nos filmes.
Entretanto, talvez ainda exista uma luz no fim do túnel. Em 2013, pesquisadores da Universidade Harvard produziram uma coisa para lá de esquisita: moléculas feitas de fótons, as partículas de que a luz é composta.
“A maioria das propriedades da luz vem do fato de que os fótons não têm massa e não interagem uns com os outros”, diz Mikhail Lukin, um dos líderes do grupo. “O que fizemos foi criar um meio em que fótons se unem para formar moléculas.”
Pode ser o caminho para produzir espadas de laser? “Não é uma analogia absurda comparar isso a sabres de luz. Quando esses fótons interagem uns com os outros, estão empurrando e defletindo uns aos outros. A física do que está acontecendo nessas moléculas é similar ao que vemos nos filmes”, completa Lukin.
Esses experimentos, contudo, estão muito mais perto de gerar coisas como computadores quânticos, capazes de usar partículas para realizar processamento, do que produzir qualquer outra coisa. Por ora, os sabres de luz continuam existindo só no reino da fantasia.