Estátua no Reino Unido foi removida por ser “popular demais”
A obra do artista britânico Sean Henry atraiu mais gente do que o esperado, e a multidão começou a prejudicar a paisagem natural do lugar. Entenda.
Se você esteve na cidade de São Paulo no último final de semana (mais especificamente, na Avenida Paulista), provavelmente reparou no amontoado de pessoas que tomava o vão do Masp (Museu de Arte Moderna de São Paulo). E não, apesar da localização, não se tratava de uma manifestação ou coisa do tipo: todo mundo ali estava na fila para visitar uma exposição de Tarsila do Amaral.
Para quem não está por dentro, uma rápida contextualização: a capital paulista recebeu uma série de quadros da pintora brasileira – dentre eles, o famoso “Abaporu”. A exposição ficou em cartaz no Masp por quatro meses e encerrou no último domingo (28) com um total de 402 mil visitantes, tornando-se a mostra mais vista da história do museu. O público foi superior, inclusive, ao de uma exposição do francês Claude Monet, em 1997. Final feliz, certo? Mas não são todas as obras de arte que têm a mesma sorte.
Na última quarta-feira (24), uma estátua do escultor britânico Sean Henry precisou ser removida de um parque no Reino Unido. O motivo? A peça atraiu tanta gente que a multidão começou a prejudicar a paisagem local. Calma, vamos explicar essa história.
Observando a paisagem
Em 2017, uma estátua de três metros de altura, intitulada apenas de “Seated Figure” (“Figura Sentada”, em português), foi instalada no North York Moors, um parque nacional de North Yorkshire, região norte da Inglaterra. Feita de bronze, a estátua representa um homem anônimo: com barba, vestindo roupas normais e sentado em um banquinho, ele observa o horizonte no topo de uma colina.
Assim como outras obras de Henry (que tem trabalhos espalhados em diversos pontos públicos da Europa e dos Estados Unidos), a ideia da estátua é brincar com escalas – de longe, a “Seated Figure” parece apenas uma pessoa normal. Além disso, o artista costuma retratar personagens anônimos em cenas cotidianas, para que o público reflita sobre as histórias por trás deles.
No caso da figura sentada em North York Moors, Henry pensou com cuidado no local onde ela seria instalada. De acordo com o jornal The Guardian, o artista revelou na época que não queria que a estátua ficasse em um lugar de fácil acesso. Pelo contrário: a ideia foi que ela ficasse escondida, para que as pessoas a encontrassem. Deu certo – até demais.
Atração perigosa
Henry provavelmente não contava com uma coisa: a figura do homem da estátua é parecida com a de Jeremy Corbyn, político britânico que é um dos principais nomes da oposição no país atualmente. No fim das contas, a estátua virou uma grande atração turística, e milhares de pessoas a procuraram para tirar fotos.
Segundo autoridades locais, o excesso de pessoas à caça da obra começou a afetar o lugar onde ela estava exposta. Problemas como erosão do solo, destruição da vegetação e excesso de lixo apareceram em North York – até o estacionamento de lá foi afetado, já que o parque não conseguia comportar tanta gente.
Inicialmente, o plano era que a estátua ficasse por lá durante cinco anos, mas devido aos problemas, ela precisou sair bem antes do planejado. A solução, por sorte, foi simples: a “Seated Figure” encontrou um novo museu para chamar de lar. Em abril, foi decidido que ela iria para o Yorkshire Sculpture Park, parque com mais de 80 obras de arte expostas localizado a menos de 100 quilômetros de North York.
“Estou animado para ver a ‘Seated Figure’ em um dos pontos mais altos do parque”, disse Sean Henry ao site do museu. “A estátua foi pensada justamente para a paisagem da região”. O Yorkshire Sculpture Park recebe meio milhão de visitantes por ano – ou seja, estrutura mais que suficiente para acomodar uma “celebridade” do calibre do tal homem barbudo.