Relâmpago: Revista em casa a partir de 9,90

Grigori Yefimovich Novykh , rasputin

No início, Nicolau II chegou a desconfiar de Rasputin. O czar temia que a notícia sobre a hemofilia do herdeiro da coroa chegasse aos ouvidos da população e prejudicasse a aceitação do jovem Aleksei.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h46 - Publicado em 31 jan 2002, 22h00

Leandro Sarmatz

O monge louco”. Foi com esse apelido funesto que o monge russo Grigori Yefimovich Novykh, nascido em 1872 e morto em 1916, entrou para a história universal da infâmia. Analfabeto, longas barbas, ar sombrio (alguém aí notou como o hippie doidão Charles Manson, assassino da atriz Sharon Tate em 1969, é a cara dele?), Novykh, ou “Rasputin” – “o depravado”, em russo – gozou de raríssimos privilégios junto à corte do czar Nicolau II, o último a reinar sobre a Rússia. Mandava e desmandava. Dava conselhos. Impunha sua vontade. Nada mal para quem amargara uma infância paupérrima e obscura na enregelante Sibéria.

Pouco se sabe, aliás, sobre a trajetória de Rasputin durante seus primeiros 40 anos de vida: uma viagem ao Oriente Médio, um casamento, algumas pe-regrinações. Sabe-se que era membro da seita Khlisti, banida pela Igreja Ortodoxa por pregar que todos os desejos dos homens deveriam ser satisfeitos. O certo é que ele começou a palmilhar o caminho para a duvidosa fama em 1908. Foi nesse ano que o czar, desesperado com as constantes crises hemorrágicas do filho hemofílico Aleksei – que médico algum conseguia curar –, resolveu apelar para aquele curandeiro que freqüentava os salões do seu palácio.

No início, Nicolau II chegou a desconfiar de Rasputin. O czar temia que a notícia sobre a hemofilia do herdeiro da coroa chegasse aos ouvidos da população e prejudicasse a aceitação do jovem Aleksei. (Que, na verdade, nunca chegou a subir ao trono, porque em 1917 seu pai foi deposto pela Revolução Russa.) O fato é que Rasputin conseguiu debelar o mal do herdeiro – provavelmente obra do acaso, mas que foi encarada como um milagre. Era a consagração. A partir desse episódio, os Romanov definitivamente estavam no bolso do “monge louco”.

Eufórica com os bons resultados operados sobre a saúde do filho, a imperatriz Alexandra passou a confiar cegamente em Rasputin. Descobertas recentes, divulgadas no livro Rasputin: A Última Palavra, do escritor russo Edvard Radzinsky, sugerem inclusive um tórrido romance entre o monge e a imperatriz. Só para se ter uma idéia do alcance da sua influência, ele tinha poderes suficientes dentro da corte para nomear cargos do primeiro escalão do governo e indicava quase sempre uma gente inepta que não conseguia exercer corretamente suas funções.

Continua após a publicidade

Rasputin circulava livremente pelas altas-rodas da corte russa. E seus ares de homem santo não conseguiam esconder de ninguém as noites passadas em orgias regadas a hectolitros de vodca, o assunto predileto de todo mundo naquela Rússia sem revistas de fofocas. Tudo isso começou a irritar a nobreza russa. Ninguém conseguia tolerar os poderes delegados àquele monge analfabeto e dissoluto. Inclusive porque, cochichavam alguns membros do governo, o predileto da imperatriz Alexandra conspirava com a Alemanha.

A gota d’água veio com o início da Primeira Guerra Mundial. Com o czar Nicolau II na frente de combate, Rasputin virou uma espécie de primeiro-ministro. Todas as decisões passavam pelo seu crivo delirante e místico. Um grupo de nobres resolveu planejar seu assassinato. Em 28 de dezembro de 1916, o príncipe Iussupov e mais um punhado de membros da nobreza atraíram Rasputin para um jantar. Foi-lhe servido chocolate “batizado” com veneno. (Daí o nome do drinque que até hoje é servido em alguns bares: “Vingança de Rasputin”, com vodca e creme de cacau…) Aparentemente a dose era pequena. Rasputin resistiu. Seus algozes, então, passaram a disparar com revólver e a atacá-lo com punhais. Mas o danado não morria. Inconformados, seus assassinos o enfiaram num saco e o arremessaram às águas frias do Neva, o rio que banha São Petersburgo. Era o fim do “monge louco”.

Publicidade


Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.