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José Reis , jornalista

Saiba mais sobre o jornalista que popularizou a ciência, considerado um dos mais destacados membros da comunidade científica brasileira.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h50 - Publicado em 30 jun 2002, 22h00

Crodowaldo Pavan e Glória Kreinz

José Reis, um dos mais destacados membros da comunidade científica brasileira, que se preocupava com a “qualidade de vida e a plena realização de todos os homens”, morreu em São Paulo, aos 94 anos, no dia 16 de maio de 2002. Ele próprio havia escrito: “Fiel aos seus ideais o cientista poderá, no crepúsculo da sua jornada e com o pensamento na humanidade, dizer como Pasteur: ‘É preciso que, ao aproximar-se o grande fim, cada de um nós possa dizer: fiz o que pude’ tanto na construção do edifício da Ciência, quanto no da sociedade – feliz, pacífica, justa, humana enfim”.

J. Reis, cientista, jornalista e divulgador científico, estudou no Instituto Manguinhos (hoje Oswaldo Cruz). Em 1929, entusiasmou-se pelo Instituto Biológico de São Paulo, dizendo que “era, sem dúvida, um dos grandes centros de pesquisa que brotaram da escola de Manguinhos”. No Biológico iniciou estudos de doenças de galinhas e aves e começou a pesquisa que originou o Tratado de Ornitopatologia, livro que publicou com sua esposa, Annita S. Reis, e com o colega Paulo Nóbrega. Era uma bela contribuição à ciência, mas J. Reis não se contentou em ficar apenas no laboratório. Começou a visitar os pequenos produtores para informá-los sobre os avanços científicos e sobre o tratamento de doenças de galinhas em aviários. Ou seja, tornou-se, antes de 1930, um pioneiro daquilo que hoje conhecemos por “divulgação da ciência” – e, portanto, uma espécie de padrinho de revistas como a Super que vos fala.

Nessa fase começou também a escrever textos de divulgação científica e informações aos pequenos produtores, através de artigos publicados na revista Chácaras e Quintais.

Reis começou então a promover, toda sexta-feira, no Biológico, reuniões para discutir assuntos científicos. Esses encontros marcaram a vida intelectual brasileira, pelo conteúdo do que se discutia. Uma das conseqüências das “reuniões sexta-ferinas”, como ele as chamava, foi a criação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em 1948, a mais representativa associação de cientistas do país, que existe até hoje.

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No dia 6 de abril de 1947, J. Reis iniciou o trabalho de divulgação na Folha da Manhã (grupo dos jornais Folha da Noite e Folha de S.Paulo). No começo, tratou de temas administrativos. Em 1948, começou a publicar, aos domingos, na Folha de S. Paulo, a coluna “No Mundo da Ciência”. E todo domingo, sem falta, era possível ler na Folha um artigo dele, até maio de 2002, quando morreu. Seu destaque como jornalista foi tanto que, em 1962, ele tornou-se diretor de redação da Folha.

Na mesma época, Reis começou o movimento de criação das Feiras de Ciência. Como se tanta atividade não fosse suficiente para satisfazer sua inquietação intelectual, ele passou a ser conhecido como o caixeiro-viajante da Ciência, porque incentivava a criação de feiras de ciências em várias cidades interioranas, viajando muito pelo país. Em 1968, publicou o livro Educação é Investimento, uma obra ainda útil e atual.

A longevidade do veterano cientista e jornalista fez com que ele conhecesse a posteridade ainda em vida. Em 1978, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) criou o Prêmio José Reis de Divulgação Científica (vencido em 1990 pela Super). E, em 1992, a Universidade de São Paulo fundou o Núcleo José Reis de Divulgação Científica. Tudo isso para garantir que o legado de J. Reis terá continuidade.

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* Hoje com 82 anos, Crodowaldo Pavan é pioneiro da genética no Brasil. Assim como a jornalista Glória Kreinz, é membro do Núcleo José Reis de Divulgação Científica

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