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Lenda dos videogames, Allejo era homenagem a Bebeto, diz Konami

Desenvolvedora japonesa revelou que jogador fictício, popular em jogos da década de 1990, foi inspirado no atacante – dando fim a um mistério de 20 anos.

Por Guilherme Eler
Atualizado em 17 jul 2020, 10h05 - Publicado em 28 fev 2019, 16h50
Allejo
(Divulgação/Reprodução)

No gol, Da Silva. Na defesa, Ferreira, Vincento, Paco e Cícero. Roca, Santos, Pardilla e Beranco no meio-campo e, no comando do ataque, Gomez e Allejo. Quem foi criança nos anos 1990 provavelmente cresceu com essa escalação de futebol na ponta da língua – ainda que nenhum desses nomes tenham de fato pisado juntos em um campo oficial. A culpa é do jogo International Superstar Soccer, um dos principais títulos do console Super Nintendo e que foi lançado em 1995.

Ao invés de jogar com nomes como Dunga, Taffarel ou Romário, que brilhavam à época, quem optava pela seleção brasileira no game tinha de se acostumar com a lista de craques fictícios acima. Isso acontecia por um motivo simples: por mais que quisesse representar fielmente as seleções oficiais dos países, a Konami, empresa japonesa que produzia o jogo, não tinha licença para usar o nome real dos jogadores.

Com uma boa dose de improviso, os desenvolvedores do International Superstar Soccer acabaram batizando os personagens de forma genérica – mas mantendo as características físicas e táticas dos atletas originais, é claro. Isso não valia apenas para a seleção canarinho, mas para qualquer uma das outras 27 equipes nacionais que constavam no jogo. Quem escolhia a Argentina, por exemplo, encontrava os desconhecidos Redonda e Capitale. Jogar com a Itália, implicava escalar nomes como Premoli e Fidrini, que jamais vestiram as cores da azzurra.

Não que isso atrapalhasse de alguma forma a diversão dos jogadores frente à TV. A falta de precisão, pelo contrário, fazia até parte do charme do jogo – e continuou presente no imaginário de jogadores da época mesmo décadas depois.

Para os brasileiros, o nome mais marcante foi o do atacante Allejo, que vestia a camisa 7 da seleção nacional. Mesmo sem jamais ter entrado em campo de verdade, o jogador vendeu camisas com seu nome estampado, ganhou verbete neste site de memória esportiva e, quem diria, virou tema de documentário.

Allejo fez sua primeira aparição na série de jogos em 1995, e voltou a dar as caras em edições seguintes. No jogo International Superstar Soccer 64, versão lançada para o console Nintendo 64, porém, o jogador aparecia de cabelo raspado e usando a camisa número 9. A mudança levou muitos fãs a acreditarem que o lendário craque fazia referência a Ronaldo Nazário, o “Fenômeno”. Mas por que raios, então, ele ostentava uma cabeleira e vestia o número 7 alguns anos antes?

O nome de Allejo acabou meio escanteado nas edições seguintes do jogo. Com a substituição da franquia International Superstar Soccer pela Pro Evolution Soccer (PES), se tornou cada vez mais comum a liberação do uso de nomes reais dos jogadores. Allejo, dessa forma, acabou restrito ao status de lenda do videogame – apesar de ter retornado como jogador “secreto” no PES 2014.

O mistério sobre quem estava por trás da camisa 7 mais lendária dos videogames, que durava mais de duas décadas, foi finalmente desvendado em fevereiro de 2019. Segundo a conta oficial da Pro Evolution Soccer no Brasil, o jogador de carne e osso que inspirou a criação de Allejo é, na verdade, o atacante brasileiro Bebeto.

A revelação bombástica foi feita para anunciar uma série de “lendas” do esporte que estariam disponíveis para os jogadores da versão 2019 do game. Companheiro de Bebeto no ataque Brasil, Romário é um dos homenageados. Nas épocas de International Superstar Soccer, o baixinho era chamado “Gomez”. Outros dois brasileiros, o meio-campo Raí e o zagueiro Ricardo Rocha, também estão na lista – como “Fontana e Paco”, respectivamente.

A dupla argentina Diego Maradona e Gabriel Batistuta eram os tais “Redonda” e “Capitale”. “Premoli” e “Fidrini” representavam os italianos Paolo Maldini e Alessandro Del Piero. Outras homenagens envolvem os fictícios “Paz”, equivalente ao ídolo português Luis Figo, e “Jenkins”, ou Ian Rush, um dos maiores nomes da história da seleção do País de Gales.

Fecham a lista “Kolle” (referência ao alemão Lothar Matthäus, melhor jogador do mundo em 1991, segundo a FIFA), “Dubois”, que era o francês Youri Djorkaeff e “Van Wijk” – genérico de Ruud Gullit, craque da Holanda nas décadas de 1980 e 1990.

Bebeto, camisa 7 da seleção brasileira tetracampeã do mundo em 1994, e com passagens por clubes como Flamengo e Vasco da Gama, celebrou a homenagem em sua conta oficial Twitter.

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“Muito bacana saber depois de tanto tempo que eu inspirei a Konami a criar Allejo, um dos personagens mais icônicos dos videogames. Agradeço demais pela homenagem. Obrigado!”, escreveu Bebeto, em outro post sobre o tema feito em sua rede social.

Nós é que agradecemos, Allejo. Ou melhor dizendo, Bebeto. Nenhum brasileiro que gostou de futebol nos anos 1990 se esquecerá tão cedo de você – seja balançando os braços para ninar um bebê na Copa de 1994 ou estufando redes virtuais nos gramados do Super Nintendo.

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