Luzes sobre o teatro
É o que apresenta o importante livro Teoria do Drama Moderno (1880-1950), do crítico húngaro Peter Szondi.
Leandro Sarmatz
Sabe o absurdo e engraçadíssimo programa Hermes & Renato, da MTV? Diálogos malucos, situações sem sentido, um tom avacalhado. Porém, tais características não são exclusivas da jovem comédia televisiva. Alguns dos grandes nomes do teatro do século XX já mostravam um universo muito parecido.
É o que apresenta o importante livro Teoria do Drama Moderno (1880-1950), do crítico húngaro Peter Szondi. Editado pela Cosac & Naify, a obra destrincha alguns nomes fundamentais dos palcos europeus e americanos.
Trata-se de um livro de discussão de alto nível e não mero catálogo regido por cronologias. Observando que o teatro do século XX fincou suas raízes ainda no Renascimento e que o dado mais importante desse novo teatro é mesmo o diálogo como forma, Szondi captura o drama moderno a partir de cinco figuras essenciais: Ibsen, Tchékhov, Strindberg, Maeterlinck e Hauptman. Eles são os pais fundadores de uma literatura que depois contaria com nomes como Pirandello, Brecht, Wilder, Beckett e O’Neill, entre outros mestres da dramaturgia.
Inspirado nos trabalhos críticos de filósofos como Theodor Adorno e Georg Luckács, com quem dialoga ao longo da obra, o autor não afasta um só pé da sua busca pelo melhor do teatro. E isso significa optar quase sempre pelo mais difícil, recusando o banal e o extremamente fácil. Apesar disso, Szondi é um autor sintético, e sua clareza e concisão trabalham a favor do leitor características essenciais numa obra deste calibre.