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Mileva Maric

Esse brilhante trabalho é mérito de Einstein, isso ninguém discute. A questão é: qual Einstein? Albert Einstein ou Mileva Maric Einstein?

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h48 - Publicado em 30 nov 2001, 22h00

Fernanda Campanelli Massarotto Jornalista

O que seria de Dante Alighieri sem sua adorável Beatrice, a musa que inspirou boa parte da sua obra? E a genial escultora Camille Claudel? Será que ela foi somente mais uma forma escondida dentro de um bloco de mármore na vida do bem mais famoso escultor Auguste Rodin? A história das mais brilhantes idéias da humanidade está cheia de grandes mulheres que, para confirmar o empoeirado ditado, se esconderam atrás de grandes homens. Mas talvez o caso mais surpreendente – e desconhecido – seja o da cientista sérvia Mileva Maric. Nunca ouviu falar dela? Bom, você já deve ter ouvido falar da Teoria da Relatividade, provavelmente o mais genial insight científico do século que acabou outro dia. Esse brilhante trabalho é mérito de Einstein, isso ninguém discute. A questão é: qual Einstein? Albert Einstein ou Mileva Maric Einstein?

Mileva Maric nasceu de uma família rica da Sérvia em 1875. Desde cedo, ficou óbvio que tratava-se de uma menina com inteligência excepcional, bem diferente do garoto avoado e confuso que viria ao mundo quatro anos depois na Alemanha. Albert sofria de dislexia – uma anomalia psiquiátrica que lhe dificultava a compreensão de alguns problemas simples. Embora fosse extremamente inteligente, capaz de incríveis raciocínios, era tomado por alguns como um abobado. Ao contrário de Mileva, era um aluno medíocre.

Em 1895, Einstein tentou ingressar no Instituto Politécnico de Zurique, Suíça, mas foi rejeitado. Quis o destino que ele persistisse e tentasse de novo, no ano seguinte – e que, naquele mesmo ano, Mileva se tornasse a única mulher a ingressar no prestigioso curso de matemática da instituição. Os dois se tornaram colegas e logo se aproximaram. Ela cultivava a fama de boa aluna. Ele tinha reputação de preguiçoso. Ela o ajudava a resolver teoremas matemáticos. A admiração mútua virou amor rapidinho.

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Einstein nunca escondeu a paixão e a admiração pela triste e calada Mileva. O romance, que começou em 1896, rendeu 54 cartas de amor e uma criança. A filha, mantida em segredo pelas famílias, provavelmente foi dada em adoção – só sabemos dela pelas cartas deixadas por Einstein. Nesse período, o físico dizia para quem quisesse ouvir que o cérebro da sérvia o ajudava nos trabalhos. Os dois acabaram se casando em 1903, sob forte objeção dos pais do cientista.

Em 1905, Einstein publicou a primeira versão da Teoria da Relatividade Especial. O nome de Mileva constava como co-autora, mas não apareceu nas versões posteriores. Com base nisso e nas cartas trocadas pelo casal, nas quais Einstein falava da “nossa teoria”, surgiu uma polêmica que provavelmente nunca terminará. Há quem diga que a relatividade jamais teria tomado forma sem o gênio de Mileva, enquanto outros ridicularizam a sugestão e afirmam que Einstein merece todos os créditos.

O fato é que Einstein não era exatamente um prodígio do cálculo. Sua genialidade se manifestava na hora de conceber abstrações complexas de cabeça, sem sequer o auxílio de lápis e papel. Mas ele não se saía muito bem com assuntos práticos (como pentear o cabelo, por exemplo). Quando se tratava de fazer contas, ficava para trás de muita gente – inclusive de Mileva. Parece provável que ela tenha resolvido – ou pelo menos ajudado a resolver – a parte matemática da Teoria da Relatividade. Isso não é pouco. A teoria tem implicações matemáticas complicadíssimas.

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O nascimento do terceiro filho do casal afastou definitivamente Mileva das ciências e o apreço de Einstein pela mulher deu lugar a outras paixões. O divórcio veio em 1919 e o cientista casou-se de novo. A garota talentosa que abdicou da carreira pela família passou seus últimos anos cuidando dos dois filhos, um dos quais psicótico. O nome de Mileva foi esquecido pela história.

O acordo de divórcio incluía uma cláusula em que o cientista aceitava repassar todo o dinheiro ganho com um possível Prêmio Nobel. Em 1921, o prêmio veio e Mileva enriqueceu. Quem sabe, não se reparava ali uma injustiça histórica?

Frase

Será que esta moça tímida e triste criou a mais genial teoria do último século?

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