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Multitenimento

Sala de espera do dentista, aniversário de criança ranhenta, ponto de ônibus lento... Conheça as tendências que estão levando o entretenimento até para os lugares mais chatos do mundo

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h04 - Publicado em 26 fev 2011, 22h00

Texto Enrique Tordesilhas

Nunca foi tão fácil se divertir. Nos últimos anos, o entretenimento se tornou onipresente. Está escamoteado nos recantos mais sisudos do mundo, pronto para escapulir sempre que puder. O exemplo mais banal é o celular: permite que você jogue games, ouça música e paquere por SMS durante uma reunião ou na sala de espera do dentista. Mas a busca pela diversão onipresente vai muito além dos telefones móveis.

O Kindle, leitor de livro eletrônico lançado pela Amazon (e que ainda não funciona no Brasil), armazena livros, jornais e revistas. Mais que isso: uma conexão de banda larga móvel permite que ele receba conteúdo o tempo todo. Por exemplo: se você está lendo um livro de poemas antes de dormir, é só deixá-lo na mesa de cabeceira. Durante a noite, em alguns minutos, o aparelho vai receber o jornal do dia. Quando acordar, a edição digital estará lá. Para os donos do gadget, ir até a porta pra apanhar o jornal é coisa do passado.

Ver filmes no celular ou no mp3 player é moleza. Mas gravar suas próprias criações em HD também está cada vez mais simples. Forte candidata a gadget do ano, a Flip Ultra HD é uma camerazinha que custa no máximo US$ 199 (metade do preço de qualquer coisa parecida), grava em alta definição, se conecta ao computador por USB e joga tudo direto no YouTube. Tem o tamanho e o formato de um iPod. Além de tudo, é uma belezinha: seu design é matador. Virou um sucesso. Não só de vendas. Saiu em abril. Um mês depois, a fabricante, Pure Digital, foi comprada pelo gigantesco grupo Cisco por US$ 590 milhões – e isso em plena crise econômica. A Flip é tão, mas tão fácil de usar que qualquer um consegue fazer um filminho com ela. E aí haja YouTube pra armazenar tanto vídeo de pôr-do-sol e cachorro brincando com bola.

A cena de um escriturário preguiçoso jogando paciência no computador já virou até clichê. Mas a verdade é que os pcs ligados à internet quase imploram para que a gente não trabalhe. Atrás do Word em que escrevo este texto há um mundo de coisas para explorar – e em certas horas até os sites de fofoca parecem mais interessante que escrever este texto (será que meu editor vai ler isso?). Com a chegada dos netbooks, que facilitam a conexão com a web, podemos ler os sites de fofoca ou ouvir músicas na Blip.fm de qualquer lugar que tenha wi-fi, como o café da esquina. E, se não tiver internet, sem problema: no pen drive, ficam os últimos episódios de True Blood para uma emergência.

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Claro que toda essa malemolência de entretenimento onipresente pode acarretar também uma certa perda de qualidade. Claro que qualidade nem sempre é tudo. Foi no YouTube, com todas as limitações que o site tem, que Susan Boyle emocionou o mundo. Mas não dá pra negar que, tecnicamente, um filme em Blu-ray tem uma resolução superior à do YouTube – mesmo em sua versão HD. E essa é outra novidade destes tempos de entretenimento onipresente: o mesmo avanço tecnológico que permite que você se divirta em qualquer lugar permite que, em certos lugares, a diversão alcance níveis impensáveis até pouco tempo atrás.

As Flips tomam conta das ruas americanas e produzem milhões de vídeos. E isso não importa. O filme do ano deve mesmo ser Avatar – um petardo em 3D IMAX de US$ 200 milhões que tomou 14 anos da vida de seu diretor, James Cameron, que precisou inventar até a câmera que usou (leia mais sobre Avatar na página ao lado). Como em todos os grandes lançamentos de Hollywood, é provável que a versão pirata chegue aos camelôs ainda no dia da estreia. Mas, para assistir a Avatar pra valer, tem que ir até uma sala com todos os recursos para os quais o filme foi concebido.

Se há muita diversão de graça por aí, a palavra-chave para motivar alguém a ir até uma sala de cinema ou pagar por algo é, cada vez mais, experiência. Daí a explosão da venda de home theaters, TVs com resolução cada vez maior e consoles de videogames em Blu-ray. Afinal, uma coisa é você ouvir Beatles no iPod. Outra é fingir ser John, Paul, Ringo ou George no recém-lançado Rock Band: Beatles, que tem 45 músicas e rememora grandes momentos da banda inglesa.

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Podem falar o que quiserem: que o mundo está mais violento, mais complicado… Mas a verdade é que ele também está mais divertido do que nunca.

O site americano Hulu, em que as TVs exibem seus programas oficialmente e de graça para coibir a pirataria, teve 38 milhões de espectadores em julho. Isso deixa o site na frente da 2ª maior operadora de cabo do país, a Time Warner Cable, que registrou 34 milhões de clientes no período, segundo a comScore.

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