Erika Brandão
Nome de gringo ele tem. Agora são as produções do DJ Andy, top paulistano do drum’n’bass, que começam a circular pela gringolândia…
O DJ que mais tocou na Parada AME São Paulo (em seis dos 16 trios), que aconteceu no fim de outubro e reuniu mais de 170 mil pessoas, falou com a VOLUME01 durante o Ceará Music Festival, em Fortaleza. O papo rolou logo após a apresentação do DJ, no palco principal do evento, onde tocou diante de 30 mil pessoas, entre shows de Lulu Santos e Skank. Anderson Cepeda, como consta em seu RG, ou DJ Andy, é um dos quatro pilares do drum’n’bass de São Paulo, ao lado de Marky, Patife e Koloral. Começou a carreira tocando hardcore na zona leste e agora começa a colher os merecidos louros, não apenas como DJ, mas também como produtor. Com músicas circulando nos cases de top ingleses como Fabio e Bryan Gee, Andy aperta os cintos e se prepara para a decolagem… internacional.
Volume01 – Quando você começou a carreira de DJ?
Andy – Em 91, 92, na Overnight (clube histórico da zona leste de São Paulo). Fiquei lá durante 10 anos. Fui o responsável por introduzir o hardcore (espécie de tecno pesado, mais “quebrado”) no Brasil. Nessa época o Marquinho (DJ Marky) fazia isso na Toco. Em 93, 94, a gente conheceu o Patife e o Koloral, daí criamos uma corrente muito forte. Dominávamos a cena jungle (pré-drum’n’bass), tanto na parte legal quanto na parte de dar a cara pra bater. Já perdi o emprego por amor ao drum’n’bass…
V01 – Você acha que o d’n’b saturou?
Andy – Depende. Se falarmos da parte mais comercial do d’n’b, acho que ficou um pouco apelativo. Tem muita gente que não vive a cena e só quer ganhar dinheiro. Quando o d’n’b começa a ficar muito popular, é preciso voltar pro underground. Então a coisa não morre nunca.
V01 – É fácil transformar em fórmula, né? Ainda mais com música brasileira…
Andy – O pessoal percebeu que dava pra reformular a música brasileira com o drum’n’bass. E estão que-rendo levar uma grana de todo jeito, pegando qualquer música ruim e colocando bases horríveis.
V01 – Tenho a sensação de que os gringos vieram pro Brasil e descobriram um universo que nunca imaginavam existir, é isso mesmo?
Andy – Tive uma experiência no Skol Beats de 2001… Eu estava tocando, o pessoal bombando, e o (DJ inglês) Bryan Gee, que nunca faz MC pra ninguém, catou o microfone, perguntou: “Você é o Andy?” Eu confirmei, e ele começou a fazer MC durante o meu set… Depois o Patife me falou: “Pega mais leve porque o (top inglês do d’n’b) Andy C tá com medo de entrar depois de você”. Pensei: “Caramba! O cara tá com medo? Então, eu paro agora!” Só o fato de ele ter falado isso me fez ganhar a noite. Saí 20 minutos mais cedo do meu set por causa disso. Aí o Bryan pegou no meu braço e falou: “Vamos pra Londres, você vai tocar na (festa) Movement”.
V01 – A sua carreira internacional surgiu ali?
Andy – Foi. O Bryan nunca tinha me visto tocar. Ele viu meu potencial e falou que eu tinha que ir pra Londres, tocar numa noite brasileira.
V01 – Comparam o teu estilo ao do Marky…
Andy – Não acho que seja o mesmo estilo. Muita gente diz que a gente toca igual, mas não é porque um quer imitar o outro. A gente estava junto nas melhores festas que aconteceram nos anos 80 e 90… a escola foi a mesma.
V01 – Você está lançando um monte de músicas lá fora, pelo selo Phuturistic Bluez… Como estão rolando as coisas?
Andy – O Andy C tem dado uma força absurda, o Ed Rush tá tocando meus sons… tem muita gente tocando minhas músicas. Na primeira vez que eu vi no D’n’B Arena (dentro do site breakbeat.co.uk, um dos mais visitado pelos drumbeiros), em 2001, que o Ed Rush estava tocando a “Booh!”, pensei: “Impossível. Como ele tem a música?” Depois eu vi o set do Andy C, ele estava tocando a minha música. Chapei. O Bailey, o Fabio e o Grooverider tocam na BBC, tá no set list deles. A “Booh!” foi lançada pelo Chronic Records, selo do Bryan, mas muitos outros queriam lançar… dá pra ver que o pessoal tá de olho.
V01 – De olho no Brasil ou em você?
Andy – No Brasil, e em particular em mim hoje em dia, porque eles já conhecem o trabalho do Mar-quinho e do Patife.
Ouça
“BOOH” (CHRONIC RECORDS)
Mais voltada para as pistas, a faixa é um drum’n’bass do tipo “levanta defunto”, segundo o próprio Andy
“GET IT MAKE ME HIGHER” (PHUTURISTIC BLUEZ)
Suingue e melodia. Em parceria com os irmãos Drumagick, Andy fez a música para apagar a fama de “DJ pesadão”