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Os desafios do diretor de “O Poderoso Chefão” para lançar o seu novo filme

Francis Ford Coppola gastou US$ 120 milhões do próprio bolso para gravar "Megalópolis", projeto que ele concebeu 40 anos atrás. Nenhum estúdio, porém, quer bancar o grana para promovê-lo.

Por Rafael Battaglia
Atualizado em 12 abr 2024, 14h38 - Publicado em 11 abr 2024, 18h16

Francis Ford Coppola dirigiu O Poderoso Chefão (1972) e O Poderoso Chefão: Parte 2 (1974), clássicos absolutos do cinema. Ainda em 1974, lançou A Conversação, que venceu a Palma de Ouro no Festival de Cannes. E, em 1979, saiu Apocalypse Now, talvez o maior filme de guerra de todos os tempos.

Coppola entregou quatro obras-primas em menos de dez anos. E você aí enrolando para terminar o TCC.

O último filme de Coppola a sair nos cinemas foi Virgínia (2011). Depois, ele tirou um sabático da sétima arte: passou a se dedicar ao mundo dos vinhos, sua paixão desde os anos 1970, época em que ele e sua família compraram uma vinícola. Em 2010, o cineasta abriu no norte da Califórnia a The Francis Ford Coppola Winery, uma espécie de resort com degustações de vinho, restaurante e um museu com itens da carreira do diretor.

Em 2019, Coppola anunciou a produção de um novo filme, Megalópolis. Não era um projeto qualquer.

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O diretor concebeu a ideia para o filme enquanto ainda gravava Apocalypse Now. Nos anos 1980, ele esboçou o roteiro: um calhamaço de 400 páginas de anotações e fragmentos dos diálogos. Na época, quem teve acesso ao material disse que o projeto era tão ambicioso que seria impossível realizá-lo.

Em 1991, a American Zoetrope, a produtora de Coppola, anunciou que Megalópolis estava em desenvolvimento. O filme, porém, foi adiado para 1996. Coppola precisou se dedicar a outros filmes, como a sua versão de Drácula (que saiu em 1992). O objetivo era recuperar a grana perdida de lançamentos anteriores que fracassaram e, ao mesmo tempo, gerar caixa para o novo projeto.

Em 2001, Coppola gravou algumas horas de material e até organizou leituras de roteiro com nomes como Robert De Niro e Leonardo DiCaprio. Mas não rolou: o diretor engavetou o projeto e disse que iria reescrever a história. Coppola nunca foi conhecido pela organização, diga-se – e, justamente por isso, Megalópolis sempre enfrentou problemas de financiamento. Os grandes estúdios não botavam fé.

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Coppola, então, resolveu bancar o filme com o próprio bolso. Vendeu a maior parte de sua vinícola e, com isso, levantou US$ 120 milhões para gravar o longa.

As filmagens terminaram em 2023. A história é um misto de drama com sci-fi distópico. Após a destruição de uma cidade, um arquiteto (Adam Driver) apresenta um ousado plano para restruturá-la, mas que enfrenta resistência do prefeito local (Giancarlo Esposito).

Imagem de divulgação do filme Megalopolis
(Instagram/Divulgação)

Com um elenco que conta com nomes como Aubrey Plaza e Jon Voight, Megalópolis está prontinho. Só tem um problema: ainda não há nenhum distribuidor.

O mercado cinematográfico tem três pilares: produção, distribuição e exibição. Produtoras vão lá e gravam o filme. Montam o set, contratam elenco, adicionam os efeitos especiais. Mas, antes de chegar à sala de cinema, as distribuidoras fazem o meio de campo: organizam o lançamento e são responsáveis pela campanha de marketing do filme (que, no geral, costuma custar tanto quanto o orçamento do longa em si).

Em Hollywood, o mercado é tão aquecido que não tem problema começar um filme sem um distribuidor. É algo que dá para descolar ao longo da produção ou durante a exibição em festivais.

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No final de março, chefões de vários estúdios de Hollywood se reuniram em Los Angeles para uma sessão de Megalópolis. Mas o resultado não foi o que Coppola esperou. Até agora, ninguém se mostrou interessado em bancar o marketing estimado em US$ 100 milhões, considerando anúncios na internet, cartazes físicos e viagens para promover o filme.

Fontes ouvidas por publicações como Variety e The Hollywood Reporter disseram que as reações ao filme foram mistas e que o longa é “pouco comercial”. Elementos como cenas de sexo constrangedoras e personagens ambíguos poderiam dificultar a aceitação da maior parte do público. Além disso, os atores Shia LaBeouf e Dustin Hoffman, que integram o elenco, enfrentam acusações de má conduta sexual e podem ser um entrave para promover o filme.

Esse não é o fim para Megalópolis, claro. O filme vai estrear no circuito competitivo do Festival de Cannes, que começa em 17 de maio, e a reação do público e da crítica pode ajudar o longa a encontrar quem o distribua. Coppola deseja que o filme seja exibido em IMAX, o que também pode chamar a atenção dos exibidores (ingressos IMAX, afinal, são mais caros).

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Aos 84 anos, Coppola enfim gravou o filme que ele esperou 40 anos para fazer. Resta saber, porém, se Hollywood vai permitir que ele chegue às telonas.

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