Padarias secretas
Pasticeria Vinci & Bongini, Florença, Itália: no berço do renascimento, artistas anônimos trabalham até altas horas para deliciar os turistas.
Um aroma doce se espalha pelas ruas ao redor da badalada e baladeira Via de’ Benci revelando que há arte – gastronômica – florescendo na noite de Florença. Se o faro for aguçado, dá para rastrear o cheiro até uma das padarias que produzem pães, biscoitos, bombolinis de creme e croissants de chocolate para abastecer os charmosos cafés da cidade. O apelido de “secretas” pegou porque elas ficam em ruas estreitas, escuras e sem sinalização. Mas também poderia ser pela forma em que operam na calada da noite: as padocas industriais passam a madrugada fervendo, com portas fechadas, para dar conta da demanda por guloseimas nos bairos turísticos. O cheiro de chocolate é a melhor pista para encontrá-las, já que não há barulho para confirmar o endereço. A lei do silêncio é levada muito a sério na Itália e por isso uma das regras quando se espera para ser atendido é não fazer tumulto. Na porta da mais famosa padaria secreta, a Vinci & Bongini, um cartaz amarelo improvisado, escrito à mão e em inglês, impõe: “Por favor, fique quieto”.
Se você der sorte e chegar antes da fila, basta uma leve batida na porta para ser recebido por um dos padeiros. Não tem mesa, cadeiras, cardápio, nem lista de preços – as guloseimas têm preço máximo de 1,5 euro -, mas uma pedida certeira (capriche na pronúncia do italiano) é a cornetta con nutella , que chega crocante e com recheio derretendo, ao apetitoso custo de 1 euro. Na primeira mordida, o silêncio deixa de ser lei e se transforma em solenidade.
Leia mais:
Por que tudo ficou gourmet
Chefs e cientistas criam alternativas para pratos polêmicos da culinária