Palavra “diversidade” faz James Gunn receber mensagens de ódio
Depois de entrevista à SUPER, o diretor de "Guardiões da Galáxia" e "Guardiões da Galáxia vol.2" sofreu com fãs conservadores
Não é só o Brasil que se divide por causa de política. Em 2016, os Estados Unidos entraram de cabeça nas brigas partidárias do dia a dia. A prova mais recente disso é uma entrevista que o diretor de Guardiões da Galáxia, James Gunn, deu à SUPER. O papo com o americano começou a rodar pelos EUA e acabou deixando os fãs mais conservadores bastante incomodados. Tudo por causa de uma palavrinha: diversidade.
Gunn falou com a SUPER durante a Comic Com Experience, que rolou em São Paulo entre os dias 1 e 4 de dezembro. No papo ele comentou sobre a trilha sonora da continuação. “A nova trilha é ótima. Eu acho que é mais diversa que a primeira. A anterior eram várias músicas que talvez você já tivesse escutado, mas não lembrava o nome da canção, o nome do cantor; nessa a gente tem umas músicas incrivelmente famosas e algumas que as pessoas nunca escutaram. É uma trilha muito mais diversa”, afirmou.
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O vídeo da entrevista repercutiu entre os gringos. Alguns sites começaram a citar a entrevista usando como gancho justamente a música, e dando títulos como “Trilha de Guardiões da Galáxia Vol.2 será mais diversa”. Mas, em tempos de Trump, “diversa” é uma palavra que, aparentemente, pode ser complicada. Muita gente ficou só nos títulos. Não leram o contexto, e acabaram achando que “diversidade”, na fala de Gunn, se referia a pluralidade étnica ou sexual. Pior ainda, leram isso como uma coisa ruim.
“Vários caras reacionários. Eu estou recebendo mensagens de ódio à respeito da frase onde digo que Vol. 2 têm uma trilha mais diversa. Por causa da palavra diversa”
“Trilha diversa nesse sentido – como foi explicado na matéria – se refere à algumas músicas muito clássicas e outras quase desconhecidas. E “diversa” soou ofensivo.”
“Diversidade” foi um tema crucial nas eleições americanas desse ano. Com Trump mantendo um discurso ameaçador em relação aos latinos que vivem nos EUA, e com um vice declaradamente contrário ao movimento LGBT, muito se debateu sobre como a eleição de Trump afetaria minorias – e quão diversa seria a sociedade americana. Foi com isso que os fãs ultraconservadores relacionaram a frase de Gunn– e se irritaram.
A conversa acabou chegando a outros pontos de Hollywood. Artistas começaram a se manifestar sobre a discussão, se colocando à favor de Gunn. Foi o caso do ator de The Walking Dead, Michael Cudlitz, e do diretor de cinema (e filho de David Bowie), Duncan Jones, que não gostaram do posicionamento dos fãs que não leram direito.
Por enquanto, a única música confirmada na trilha da continuação é Fox On The Run, da banda Sweet. O filme chega aos cinemas em 27 de abril de 2017, e até lá não se saberá qual a profundidade da diversidade na trilha. Em todos os sentidos.