Haroldo Ceravolo Sereza
Já se disse que na pintura de Paul Cézanne (1839-1906) nada é invenção, tudo é pesquisa. O que parece uma contradição quando se conhecem alguns de seus quadros – como seu auto-retrato, parcialmente reproduzido na capa do livro O Paraíso de Cézanne, do agitador intelectual francês Philippe Sollers –, mas que se revela uma verdade profunda quando se tem a chance de deter-se na análise de sua obra. Cézanne é um dos pintores que redefiniram a pintura no final do século 19, na França, e pode ser classificado como um dos maiores pintores impressionistas, acima do popular Monet – ou, no mínimo, ombreado a ele.
Sollers promove um pesado jogo de provocação com o leitor neste perfil apaixonado do pintor provençal. “Não é proibido olhar de vez em quando o Baptême du Christ de Piero della Francesca e o Grand Baigner de Cézanne. Se você não percebe o que pretendo dizer, não posso fazer muita coisa para ajudá-lo.” Não é preciso se assustar com Sollers, que está longe de ser genial como Cézanne, mas cujo estilo permite perdoar a arrogância.
O livro integra uma interessante coleção, que inclui Van Gogh por Antonin Artaud e Rembrandt por Jean Genet, todos traduzidos pelo poeta Ferreira Gullar.