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Quem é Damon Lindelof, o produtor por trás da nova adaptação de “Watchmen”

Ele criou "Lost", "The Leftovers" e os filmes de "Star Trek". Seu novo trabalho, que estreou no último domingo, é uma continuação da HQ de Alan Moore.

Por Rafael Battaglia
Atualizado em 21 out 2019, 20h41 - Publicado em 21 out 2019, 20h35

No último domingo (20), a HBO exibiu o primeiro episódio de Watchmen, série inspirada no universo da HQ de mesmo nome lançada em 1986 (e que foi adaptada para o cinema em 2009 pelo diretor Zack Snyder).

A obra, escrita por Alan Moore e ilustrada por Dave Gibbons, é considerada um marco nas histórias em quadrinhos. Foi uma das primeiras a trazer debates mais profundos para o gênero de super-heróis e influenciou a geração seguinte de artistas.

Um deles foi o roteirista e produtor Damon Lindelof. Fã confesso da graphic novel original, ele é o cara por trás da nova adaptação – uma espécie de continuação da HQ, já que a história se passa 34 anos após os eventos do do quadrinho. Você pode não ter reconhecido o nome, mas é bem provável que você já tenha visto algo produzido por ele.

Lindelof é o criador de Lost, um dos maiores fenômenos da televisão da década passada. Ele também é o autor da série The Leftovers e dos roteiros de filmes como Guerra Mundial Z, Prometheus e dos novos longas de Star Trek.

Apesar do currículo, o trabalho não foi fácil – Watchmen, a HQ, é uma obra densa, complexa e aclamada. A revista Time, por exemplo, classificou-a como uma das melhores publicações do século 20. Além disso, ele não contou com o aval de um dos autores originais: Alan Moore desaprova qualquer adaptação ou história do universo de Watchmen que não aconteça dentro de uma página de quadrinhos – Lindelof já até brincou que Moore o teria amaldiçoado pela nova série.

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This amazing woman standing next to me bears an uncanny resemblance to that DEVASTATINGLY COOL-LOOKING BADASS on the poster behind us, don’t you think? #WhoWatchesTheWatchmen #ReginaKing4Ever #nyccomiccon

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A atriz Regina King e Damon Lindelof em frente a um cartaz de divulgação de “Watchmen”

Os bastidores da série

Para a revista Rolling Stone, Lindelof contou que o modo como os personagens são apresentados na HQ de Watchman e a ideia de poder contar histórias não-lineares foram elementos importantes para a escrita de Lost. “Basicamente, não haveria Desmond Hume sem o Dr. Manhattan”, disse ele, em referência a personagens de Lost Watchmen, respectivamente.

O primeiro convite para a nova série apareceu entre 2011 e 2012, mas Damon só atendeu ao chamado da HBO após o terceiro pedido. Motivo: ele queria criar uma história que, ao mesmo tempo, homenageasse e se diferenciasse do material original. Apesar de gostar do filme de 2009, o produtor reconhece que a difícil tarefa de adaptar as doze edições de Watchmen para um produto audiovisual. “O que faz Watchmen ser dessa maneira é a sua densidade, o modo como a narrativa ‘queima lentamente'”.

Uma possível solução seria simplesmente adaptar a história no ritmo que ele considerasse ideal. Mas é aí que entra o lado showrunner (nome dado aos criadores de série) de Damon. Para ele, bons programas de televisão são aqueles que instigam o público sobre o que virá a seguir. Sabe quando você não consegue parar de maratonar Stranger Things, ou ficava especulando sobre o próximo episódio de Game of Thrones? É por aí.

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Desse pensamento é que nasceu o enredo para a nova história. Sai o medo em torno de uma iminente guerra nuclear, entra o crescente conflito racial que, segundo Damon, ressurgiu nos Estados Unidos. A série se passa em Tulsa, no interior do estado de Oklahoma, numa realidade onde as discussões sobre racismo, segregacionismo e violência policial se tornaram tão fortes que deram origem a dois movimentos: um grupo de supremacistas brancos, que usam a máscara de Rorschach, e o dos policiais, que também usam máscaras para evitar represálias.

Os vigilantes estão no meio disso tudo, e novos personagens (como a protagonista Sister Night, vivida por Regina King) alternam as cenas com veteranos da história original, como Ozymandias (Jeremy Irons) e Silk Spectre (Jean Smart).

Damon revelou que, na época em que a série estava sendo produzida, chegou a organizar um “clube do livro” entre os roteiristas: eles liam uma edição da HQ e, dias depois, reuniam-se para discutir, quadro a quadro, todas as nuances da obra. Em resumo: história nova, mas sem deixar de aprender com (e referenciar) uma “obra-prima”, nas palavras dele.

À revista Esquire, ele disse que é bem provável que muitos fãs não gostem da sua visão do universo de Watchmen, mas que não está receoso quanto a isso – afinal, para quem já encarou a resposta divergente do público quanto ao seu final de Lost, isso não parece ser um grande problema. “Nós fizemos a série com cuidado e com uma irresponsável descontração – tudo ao mesmo tempo. Não se pode ter medo de fazer uma bagunça.

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A primeira temporada de Watchmen terá nove episódios, que serão exibidos aos domingos, às 22h, na HBO e no HBO Go.

 

 

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