Cíntia C. da Silva
Não é muito fácil explicar o que é uma orgia. Imagine agora o esforço que não é descrever o significado desse tipo de festa em cada época da civilização ocidental. Foi o que conseguiu o autor inglês Burgo Partridge em Uma História das Orgias. Publicado pela primeira vez em 1958, o livro foi um sucesso e conta-se que salvou o editor da ruína financeira. É a obra mais importante de Partridge, filho de intelectuais ingleses, que sucumbiu a um enfarte aos 28 anos de idade. Meio século depois, ele é finalmente lançado no país e continua sendo um importante documento sobre o assunto, além de uma leitura fascinante.
Dos gregos até hoje, a obra faz um relato daquelas festas que, apesar de importantes, passaram em branco nos livros de história. O autor às vezes foge do tema para acompanhar o comportamento sexual de alguns dos personagens mais famosos de todos os tempos. Estão lá as surubas que líderes como o imperador romano Calígula e o místico russo Rasputin promoviam entre um feito histórico e outro. Detalhes curiosos, bizarros ou apenas engraçados recheiam o livro de cabo a rabo.
UMA HISTÓRIA DAS ORGIAS
Burgo Partridge
Editora Planeta, 232 páginas, R$ 39,90
Cronologia
Quando o sexo seengalfinha com a história
Gregos
Dividiam a humanidade entre os que aproveitavam o luxo e o sexo e os que não o faziam. Isso porque as orgias eram uma forma de comunhão com os deuses restrita à elite
Romanos
Perverteram ainda mais a sensualidade grega, acrescentando violência, crueldade e muito sangue. Tanto que, ao redor das arenas de gladiadores, os bordéis prosperavam
Idade Média
Havia ainda liberdade sexual, até para bispos e papas. Um exemplo é Arquibaldo, bispo de Sens, França, que no século 10 instalou um harém na abadia de São Pedro
Puritanos e devassos
No século 16, em oposição ao calvinismo, surgem seitas pagãs como a Família do Amor, que seduzia as fiéis dizendo que “tinham que gozar ou perecer”
Os Vitorianos
Em meio à repressão do século 19, os homens deliravam só por ver um tornozelo feminino. Alguns cobriam pés de pianos e mesas para evitar sugestões à sexualidade
O Século 20
Apesar da liberdade sexual, Partridge acha que o homem moderno não sabe direito o que quer para ganhar prazer e, por isso, continua tão reprimido quanto os vitorianos