E se Paul McCartney tivesse morrido?
Segundo a maior lenda urbana da música, o verdadeiro Paul bateu as botas faz tempo. E foi substituído por um impostor.
Alexandre Carvalho dos Santos e toda a redação da SUPER
A data da tragédia: 9 de novembro de 1966. Paul teria morrido num acidente de carro, mas, como os Beatles eram uma máquina de dinheiro, seu empresário teria arrumado um sósia para substituí-lo.
Os boatos começaram 3 anos depois da suposta morte. Em outubro de 1969, o radialista Russ Gibb começou a espalhar que havia referências à morte de Paul nas gravações da banda. O jornalista Fred LaBour colocou lenha na fogueira ao resenhar o Abbey Road: os 4 Beatles atravessariam uma faixa de pedestres na saída de um enterro. John Lennon está de branco, como um pastor. Ringo Starr seria o coveiro. E Paul está sem sapatos. Ahá! Em certas culturas, o morto é enterrado descalço.
A capa de Sgt. Pepper’s, lançado em 1967, também teria pistas: na parte inferior, parece haver uma tumba adornada com flores que formam um contrabaixo – Paul é baixista. Nem as letras escaparam. Em A Day in the Life, Lennon canta algo como “Ele estourou a cabeça num carro”.
E se ele tivesse realmente morrido? A história da banda viraria de ponta-cabeça. Sem o conflito de egos entre os “donos da banda”, Lennon não teria saído; o som dos Beatles seria menos experimental, mas instrumentalmente mais sofisticado, e Sgt. Pepper’s, eleito pela revista Rolling Stone o disco mais influente da história, não existiria, deixando órfãs as bandas que se inspiraram nele. Mas o menor sucesso teria também poupado a vida de Lennon. Já George Harrison teria morrido de qualquer jeito em 2001, de câncer.
Outros hits
Sua loja de discos não seria a mesma
THE BEATLES NO BEIRA-RIO…
Em 1966, os Beatles decidiram encerrar suas turnês para se dedicar apenas à composição e aos estúdios. Mas não demorariam a mudar de ideia – sem hits que Paul criou a partir de 1967, como Let It Be, Hey Jude e Get Back, o sucesso da banda cairia, e, com menos discos vendidos, buscariam faturar com shows.
…E COM ERIC CLAPTON
O melhor guitarrista da Inglaterra seria o substituto natural de Paul. Eric era amigo de George e John, e gravou um clássico com a banda (While My Guitar Gently Weeps, do Álbum Branco). Mais: John cogitou chamá-lo para a banda, numa época em que George ameaçava sair. Quem assumiria o baixo? Bom. Os Stones não têm baixista oficial: usam um freelancer.
ALL YOU NEED IS SURF
Brian Wilson, dos Beach Boys, era o grande concorrente de Paul. Sua canção God Only Knows é a preferida do beatle. Mas a competição terminou quando Brian ouviu Sgt. Pepper’s pela primeira vez. O beach boy viu que não tinha como superar McCartney e não concluiu seu álbum Smile, superesperado na época. Sem Paul, o disco sairia, Brian viraria um deus, e teríamos o Oasis regravando Surfin’ in USA.
BEATLES UNPLUGGED
Há quem diga que a melhor coisa que aconteceu aos Beatles foi sua separação. Não deu tempo de perder o gás criativo. Sem Paul, o grupo deveria continuar forte nos anos 70. Mas só até aí, pois não estaria imune às breguices dos anos 80. A redenção só viria em 1992, quando um Acústico para a MTV reviveria as melhores baladas compostas por Lennon, Harrison e Clapton.
MUTANTES NA ATIVA
A maior referência artística dos Mutantes sempre foram os Beatles – inclusive na hora de se aproximarem do rock progressivo, em 1972. Mas foi exatamente essa mudança musical que levou Rita Lee a sair do grupo. Esse passo foi o primeiro para o fim dos Mutantes. Sem Paul, provavelmente não haveria essa guinada estilística, e os Mutantes permaneceriam juntos.
PARADO NO DARK SIDE
Sgt. Pepper’s e companhia abriram os ouvidos da indústria fonográfica para aquilo que viria a ser o rock progressivo nos anos 70 – Pink Floyd já existia nos 60, mas, sem Paul promovendo a música experimental, não teria virado o que virou. O que entraria no lugar do progressivo? Talvez a música eletrônica, que de fato começou em 1970, com o Kraftwerk.